Nem preciso dizer que não dormi durante toda a noite e dessa vez nem foi por conta dos roncos de James. Eu simplesmente não conseguia pregar os olhos e correr o risco disso tudo ser um sonho.
Quando os raios de sol entraram pela cortina fina e improvisada do barco, a ansiedade dentro de mim se potencializou ao máximo e só então eu percebi que não havíamos combinado um horário específico. Péssima notícia.
Eu já havia preparado o café quando James acordou, o que o surpreendeu e o fez fazer piada com eu ter caído da cama por ter sonhado com peixes. O que não deixava de ser verdade, tirando o fato de que não era exatamente um peixe que habitava meus pensamentos.
– James... – Disse sem jeito. – Será que você poderia me emprestar aquele bote para que eu pudesse usar em um trabalho particular?
– Aquela velharia? O motor está bem velho, nem sei se funciona ainda. – Ele disse fazendo pouco caso, mas logo fez uma pausa, me olhando desconfiado. – Você quer voltar lá, não é? Louis! – Ele me repreendeu.
– Não. Não. – Eu me apressei em dizer, erguendo as mãos em rendição. – Eu não quero voltar lá. – Mentira, era exatamente isso que iria fazer.
– Então aonde você vai? – Ele cerrou os olhos me olhando desconfiado.
– Eu ia dar uma pesquisada, sabe? Andar por aí e ver os locais em que eles costumam fazer os mergulhos, conversar com algumas pessoas. Se o nosso primeiro plano não deu certo, temos que partir para o plano B o mais rápido possível, não é? – Tentei soar o mais convincente possível.
– Tudo bem, eu vou pescar hoje o dia todo, ver se consigo vender algo para as feiras locais. Você pode ir.
– Isso! – Comemorei.
– Mas o aparelho de mergulho fica. – Meu sorriso sumiu.
– Mas James, eu preciso conhecer os lugares e...
– Nada de conhecer nenhum lugar que fica debaixo d'água. Ainda mais sozinho. – Ele disse firme. – Quer ir buscar informações? Eu apoio. Quer se matar? Não enquanto estiver sob minha responsabilidade.
– Você sabe que eu sou maior de idade e tudo, né? – Perguntei brincalhão.
– Ainda é uma criança muito levada que gosta de brincar com coisas perigosas. Portanto, está sob minha responsabilidade. – Ele disse em um falso tom autoritário e eu gargalhei, fazendo-o rir também. – E se vai ficar fora por bastante tempo, leve algo para comer.
– Sim, mamãe. – Debochei e bati continência o que o fez rir.
Preparei alguns sanduíches e água para levar. Coloquei o bote na água e coloquei a cesta com as comidas e a mochila que preparei com roupas de banho. Depois veio a parte mais difícil: fazer o motor pegar.
Foram bons dez minutos gastos para que aquilo funcionasse e, embora isso fosse prova o suficiente de que era bem perigoso ele simplesmente parar de funcionar e me deixar perdido em meio ao oceano, eu sequer cogitei a hipótese de desistir.
Cheguei à ilha mais tarde do que gostaria e para ajudar, não sabia muito bem como procurar. Então tirei minha camiseta, sentindo o suor escorrer e o sol quente sobre minha pele. Puxei o bote para cima da areia para que não partisse e esperei que isso fosse indicação suficiente de que eu estava ali.
Depois comecei a caminhar pela ilha, esperando encontrar quem eu tanto queria, mas não obtive sucesso. Então comecei a procurar um lugar no qual o acesso fosse mais fácil e quando encontrei um pequeno penhasco coberto de rochas e com a água profunda o suficiente, achei que era um bom lugar para esperar.
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Mermaid - Larry Stylinson
FantasyPara Louis não bastava contrariar toda a ciência mundial e ser taxado como um cientista louco. Não bastava ter deixado toda a família e uma carreira para trás para viver no litoral da Grécia visitando pequenas e perigosas ilhas desabitadas. O destin...