Ele respirou fundo.
T: Você não devia, eu me perdi de mim.
L: Tu acha?
Ele riu sem emoção, sentou do meu lado e deitou a cabeça no meu ombro. Ficou brincando com as minhas mãos enquanto falava.
Ele olhava os meus olhos, e eu olhava as estrelas.
T: Eu não quero virar um velhinho mendigo. Não posso viver essa vida pra sempre, eu vou acabar morrendo com uma bala ou...
Seus dedos contornavam minhas tatuagens.
T: Deve ter vivido muitas emoções.
Ri.
L: Toda vez que acontece algo muito marcante, eu decido marcar em mim, como uma tatuagem, entendeu?
T: Hum... –Deitou a cabeça no meu colo.
Eu perdi os dedos nos seus cabelos.
T: Sabe que... Nada marcante me aconteceu há muito tempo? É tanta aventura, que se tornou monótono.
L: Isso não é aventura, tu tá roubando pra sobreviver, e também se matar ao mesmo tempo.
Ele deu uma risada fraca.
T: Os shoppings estão fechados.
Ele me olhou e sorriu bobo.
Sorri.
L: O que quer dizer com isso?
Ele soltou uma risada besta, levantou, colocou a camisa e abriu a porta do carro.
T: Vamos?
Sorri e mordi os lábios.
Segui com os olhos até o topo do shopping e o frio na barriga me doeu.
T: Não acredito que estou aqui, de novo, com você.
Respirei fundo quando ele soltou minha mão.
Ele colocou um grampo entre os dentes e sorriu pra mim. Sorri.
Esperei seus truques destrancarem a porta e nós entramos.
Estava escuro, o corredor era assustador, mas ele tinha lanternas no carro e conseguiu ligar a luz do shopping e conforme invadia também acendia as luzes das lojas.
Passei pelo correndo devagar, apreciando cada loja, parei pra olhar a Saraiva.
T3ddy passou por mim de bicicleta depressa e falou:
T: Eu vou pegar algumas coisas no carro, me espera aqui. Ok?
L: Ok.
Escolhi um livro de terror, para ler em um shopping vazio, durante uma invasão. Ri de mim mesmo.
T3ddy apareceu na porta e agitou o spray.
L: Cadê a bicicleta?
T: Devolvi aonde estava, perdida na rua.
L: Que gentileza vindo de ti.
Ele sorriu.
Eu escolhia roupas para ir ao falso caixa, mas meus óculos extras roubados confundiam as cores da peça, eu nunca saberia se elas combinavam ou não. Joguei as roupas em T3ddy, que aguardava atrás do caixa.
L: Eu quero levar só isso aqui.
Ele riu e logo disfarçou, entrando na brincadeira.
T: Senhora, essas não são roupas para elefantes albinos.
Sorri.
L: Me desculpe, pensei que fossem servir. Acho que engordei. –Levantei a camisa.
Ele subiu em cima do caixa e sentou, se aproximou, e nós nos beijamos.
Pegou minha mão e nós fomos para cima do prédio.
Havíamos levado comidas e bebidas. As horas passavam, e estávamos bêbados. T3ddy pichava as paredes com a frase "Eu sou a Lei" e eu continuava o livro.
Ele parecia feliz e ao mesmo tempo com raiva enquanto pichava. Quando o spray parou de pegar ele resmungou e atacou longe.
L: Ei. –Segurei sua mão. –Podia ter acertado alguém.
Ele abriu a boca para dizer algo mas desistiu.
T: Desculpa.
Sentamos na beirada no prédio. Foi como da última vez, mas dessa, eu não faria promessas das quais não tivesse certeza de que iria cumprir.
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Eu tenho um plano - L3ddy
FanfictionSentados na beira daquele prédio, de frente ao pôr do Sol, eu perguntei se ele queria voltar. Ele quis ficar e aceitou viver o risco de que sua vida poderia ser destruída à qualquer momento, ele gostava de estar comigo, e prometeu não desistir de mi...