Prólogo

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- Não, mãe! Você não entende. Meus amigos, minha vidinha, tudo isso apesar de não ser "uau, que maravilha de vida", eu gosto! E não quero mesmo mudar!

Eu já estava cansada do mesmo diálogo, monótono e entediante. Ela nunca teve amigos? Não poderia se colocar em meu lugar uma única vez? Me joguei no sofá, assumindo minha postura emburrada: cruzando os braços e juntando as sobrancelhas numa expressão de raiva.

- Isso será melhor para seu futuro! Você não pode colher o que não plantou, Luísa! Se você realmente se importa com sua vida, se quer conseguir uma vida boa...

- Chega, mãe! Chega das suas metáforas ridículas, chega dessa casa, chega dessas conversas. Eu já sou dona da minha vida, tenho 18 anos e legalmente falando posso cuidar de mim mesma, ser independente! Você não pode só respeitar isso?

Pude sentir meu sangue subindo à cabeça, sabia que mais um pouco e eu começaria a chorar e a tremer. Me esforcei para manter a postura, se eu quisesse algum respeito precisaria conseguir por conta própria.

- Filha, maturidade vem com experiência, e não com idade! Quando eu era da sua idade eu também queria ser dona do meu próprio umbigo. Também me achava o centro do universo.

Aquilo me irritava. "Me achava o centro do universo". Minha mãe dizia com tanta calma, naturalidade, e eu já estava apertando com tanta força a almofada que a qualquer momento eu poderia arremessá-la contra algum móvel da sala.

Provavelmente isso teria de fato acontecido se meu pai não entrasse por aquela porta e se deparasse com uma filha parecendo um pimentão e uma esposa com "cara de poucos amigos".

- Estavam discutindo de novo por causa desta viagem? Lu, não fique assim. Eu e sua mãe só queremos o seu bem.

Ele era meu porto seguro. Meu guarda-costas, meu melhor amigo, me conhecia como a palma de sua mão. Por isso não aguentei, eu não precisava colocá-lo naquela situação. Só me levantei e subi as escadas sem dizer uma palavra. Podia imaginar o rosto de meu pai se franzindo em uma expressão preocupada.

Por que eles não conseguem só desistir dessa ideia ridícula? Seria tão mais fácil, viveríamos sem estas discussões e seríamos uma família normal e feliz. Encostei minha cabeça no travesseiro e fechei os olhos. As lágrimas vieram, inevitavelmente. Eu só estava as adiando, há dias, quando soube que iria passar a morar com meus tios. As memórias vieram como um tsunami em minha mente, e tudo o que eu conseguia fazer naquele momento era derramar lágrimas ridículas.

Escutei a porta rangendo, mas eu nem me importava mais. Soube na hora que era meu pai quem tinha acabado de entrar, quando a cama afundou e sua voz ecoou no meio daquele mar de sentimentos.

- Olha, Lu... Sei que está sendo muito difícil para você... Mas estou aqui, tá bom? Você vai nos visitar anualmente, podemos conversar por Skype e lá você poderá fazer novos amigos.

- Eu não quero novos amigos.

Naquele momento eu desabei. Mas não me fiz de durona, meu pai me conhecia tão bem que eu nem me dei o trabalho. Ele me envolveu em um abraço "de urso" e eu só conseguia transbordar. Não sabia como conseguiria viver sem esse abraço.

- Tenho mesmo que ir?

A resposta foi um triste sorriso de canto no rosto do meu guarda-costas. Em um momento eu estava sentindo o perfume inconfundível das camisetas do meu pai, e no outro eu estava sentada em um banco de estofado preto, deslocada no meio de uma multidão de pessoas ocupadas e apressadas, procurando embarcar em seus destinos.

É engraçado como nossa vida pode mudar tão de repente. A gente nunca sabe quando aqueles comentários inofensivos durante o jantar vão fazer efeito. Eu sabia que algo estava acontecendo, que a viagem não era somente para férias de verão. Mas tudo estava tão confuso, e todos tão sobrecarregados que eu evitava tocar na ferida. Acho que nem conseguiria fazer isso. Sentei em uma das últimas poltronas do trem. A paisagem externa começava a virar um borrão, e eu só conseguia enxergar vultos esverdeados através das janelas.

Little things, all the stereotypes
They're gonna help you get
through this one night
And there will be a day when you
can say you're okay and mean it

Senti a batida da música, e tentei dormir. Quis fechar os olhos e acreditar que eu ainda estava em casa, e que se eu os abrisse veria meu pai sentado à mesa, seu rosto cansado se esforçando para pôr um sorriso mesmo depois de um dia de trabalho exaustivo. Podia ver nitidamente minha mãe, reclamando das panelas que eu esqueci de tampar depois de me servir.
As lágrimas quiseram novamente percorrer meu rosto, mas eu não podia deixar. Eu tinha que ser forte, eu tinha que superar tudo isso. Por mais que eu desejasse com todas as minhas forças dar meia volta e pegar outro trem, por mais que eu odiasse tudo o que estava acontecendo naquele momento, era necessário. Me forcei a não pensar mais na minha casa, em meus pais, meus amigos, minha cidade. Entendi que aquilo não me faria voltar.

Então se todos insistiam tanto em uma nova vida para mim, uma nova oportunidade, uma nova perspectiva, era exatamente isso o que eu iria me obrigar a ter: eu precisava me tornar uma nova Ana Luísa, viver essa outra vida, "agarrar" essa oportunidade. A partir de hoje eu escolheria quem seria Ana Luísa Hazel, e por enquanto ela seria "A dona do próprio nariz".

[ end:/ prólogo ]
notas da autora:

Hey hey pessoal! Atualizei esse capítulo e acho que ficou interessante. Espero que não tenha ficado muito pequenininho hahah
Não sou escritora mexmo, nem tenho experiência com isso (é meu primeiro livro registrado publicamente)
Faço essas histórias por diversão, por isso peço desculpas antecipadas caso o enredo seja meio bosta ou caso apareçam alguns erros de português infiltrados na minha historinha.

Deixem comentários aí pleaaase
Gosto muito de quando vocês participam.
Não esqueçam das estrelinhas, para eu não desanimar hahah

Tentei deixar algumas coisinhas em aberto, como a aparência dos personagens para que a história tenha o jeitinho de cada leitor hahah
É issae, beijinho de jujuba no coração de vocês!!

Nalu por um verão • [INCOMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora