30 • Um bom começo

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Guardei o telemóvel no bolso e comecei a caminhar num passo decidido. Toda a culpa que sentia por ter aceitado este encontro desvaneceu-se instantaneamente. O Diogo quer andar com outra rapariga? Tudo bem. Não quer que eu saiba disso? Tudo bem. Não quer falar comigo? Tudo bem. Se ele pode fazer tudo isso, então eu também posso sair as vezes que eu bem entender com o Gabriel, sem lhe dizer absolutamente nada.

Gabriel - Olá! Pronta para provar o fantástico gelado da dona Celeste?

Eu - Olá! Estou cheia de fome, vamos a isso!

O Gabriel entrou no café e eu segui-o, não sem antes parar e respirar fundo. Já que aqui estou, com boa companhia e comida, só me resta tentar desfrutar ao máximo do momento e abstrair-me do resto.

Ficámos cerca de uma hora a comer e a conversar sobre variados temas. O Gabriel tinha razão, aquele gelado é mesmo delicioso.

Eu - Onde vamos agora?

Gabriel - Vamos a um sítio que penso que vais gostar.

Fiquei bastante curiosa, mas decidi confiar nele e não lhe fazer mais perguntas sobre o assunto. Durante os últimos tempos, ele tem mostrado que é bastante diferente daquilo que eu estava à espera. Para além de ser super charmoso, ele é bastante simpático e brincalhão, características que fazem dele uma ótima companhia.

Eu - Porque é que quiseste arranjar um emprego de verão? Não preferias estar com os teus amigos?

Gabriel - Bem, não tenho muitos amigos e as propinas da faculdade não se pagam sozinhas.

Eu - E porque é que quiseste trabalhar com crianças? Não tinhas outros empregos mais apelativos à disposição?

Gabriel - Tinha, mas não eram assim tão bons como estás a pensar. Se não estivesse aqui, ou estava a trabalhar num café situado numa praia literalmente deserta, ou a fazer limpeza numa loja chinesa, ou então a fazer bolos numa pastelaria. Ainda poderia considerar esta última hipótese, mas com o talento que eu tenho para a cozinha, nem uma semana lá ficava!

Eu (rindo) - Uma semana? Eu acho que te mandavam embora logo no primeiro dia! Já te esqueceste daquele dia em que querias cozer arroz numa frigideira?

Gabriel (sorrindo) - Ora, isso é um erro que qualquer pessoa pode cometer... Como era pouca quantidade, achei que servia...

Eu - E daquela vez que meteste carradas de piri piri líquido na carne a pensar que era ketchup??

Ao lembrar-me da cara que ele fez quando provou a carne, não consegui evitar e comecei a rir descontroladamente.

Gabriel - Nem me fales nisso! Fiquei o dia inteiro com os lábios e a boca a arder!

Ao ouvir isto, ainda fiquei com mais vontade de rir e tive de me sentar num banco para me tentar acalmar. Não resultou, pois o Gabriel juntou-se a mim na risota e só passados alguns minutos é que conseguimos respirar normalmente.

Gabriel - Escolhi este emprego porque iria ter oportunidade de conhecer pessoas novas. Não estou nada arrependido da escolha que fiz, (ele sentou-se ao meu lado e pousou a mão na minha perna, massajando-a suavemente) ... até porque finalmente tive uma oportunidade de te conhecer melhor.

Borboleta Lutadora (✔)Onde histórias criam vida. Descubra agora