Simplesmente Aconteceu - SwanQueen

A culpa é minha

"Simplesmente amanheceu
Tudo volta a ser só eu"

X

Emma

Os anos passaram violentamente rápidos dentro daquelas paredes do convento. Confesso que a cada ano era mais angustiante, e conforme os anos iam passando, eu ia perdendo a vontade de lutar para sair dali, e afinal também sair para que?

Minha mãe era um caso perdido, todas as vezes que eu supliquei aos prantos para que aceitasse me tirar dali, sempre me respondia da mesma forma, " Você vai se habituar. Você vai gostar daqui. Você vai me dar razão", eu não tinha muito o que fazer, tão cansada já de lutar, apenas assentia com a cabeça. Minha voz nunca era ouvida, e quando meu pai estava começando a mudar e querer convencer ela de que eu deveria sair dali e seguir minha vida, ele faleceu em um acidente, e alguns anos depois ela casou com um dos meus terapeutas da transição sexual o doutor Rumple, o responsável pela inclusão desta transição  ou cura gay no parlamento.

Mas como tudo na vida, vamos nos acostumando, com vidas medíocres, empregos medianos, casamentos falidos, fui me acostumando a ser infeliz com a vida que minha mãe planejou para que eu vivesse, e de fato já havia cansado de tentar entender Beatrice Swan, talvez ela fosse mais complexa que tudo isso, e eu raramente me sentia sua filha de fato. 

Eu não podia reclamar, pois diferente das muitas que estavam ali dentro forçadas também, eu ainda tinha algumas lembranças de meu ultimo verão para me alegrar, eu me lembrava dela todos os dias, e sonhava com ela todas as noites, seus olhos, seus sorrisos me acompanhavam, e eu constantemente os desenhava, o triste é que eu nunca mais a veria, e também se a visse hoje o que eu faria ? Nada.

Eu ainda era uma noviça, eu podia desistir e viver uma vida normal, eu ainda não havia feito meus votos definitivos, mas logo os faria. As vezes desejava sair daqui e outra nem tanto afinal o que eu faria fora daqui? Eu sabia que se eu desistisse da vida religiosa minha mãe não me deixaria voltar para casa, e eu estaria na rua, e outra o único motivo maior que meu desgosto por essa vida que me faria abandonar o habito, seria ela, minha Rainha má, que provavelmente há essa altura da vida já devia estar casada e com filhos.

Algumas vezes eu chegava a sonhar com ela, nunca conseguia ver seu rosto, talvez pela falta de lembranças afinal eramos crianças quando nos conhecemos, mas sempre sonhava com o momento em que nos encontraríamos novamente, no sonho ela havia me esperado, me dizia que  há anos me amava a distancia,  e que só esperava o momento em que nossas mãos se encaixariam   e provariam que tinham um encaixe perfeito.

Eu nem sabia seu nome verdadeiro, nem quantas letras ele tinha, porém seu nome estava marcado em meu peito desde criança, eu desejava nosso encontro e pedia para Deus clarear os caminhos de minha mãe e que ela me permitisse largar o habito e assim eu procuraria por ela, eu desejava encontra la e entregar todas as cartas que eu havia escrito durante todos aqueles anos. Eu tinha tantas cartas guardadas, mas agora não eram mais do que dez, pois após a ultima revista em meu quarto, acabei perdendo alguns desenhos e cartas que foram queimadas pela nova madre superiora, a antiga Madre Bella era um doce de pessoa, talvez porque tínhamos muito em comum, nossas historias eram bem parecidas, afinal ela também entrou ali obrigada, e para esquecer quem ela amava.  Duas batidas na porta e eu me levantei a fim de ver quem era.

- Está achando que está de ferias irmã Swan. -  Úrsula estava parada em minha porta como um general, acompanhada de dois homens.

- Madre eu já está me retirando para minhas orações.

- As orações estão sendo suspensas por hoje, vamos começar alguns procedimentos novos.

- Procedimentos novos? - Perguntei intrigada, e ela apenas olhou para os homens que a acompanhavam e eles entraram, em minha cela, e começaram a revirar tudo e quando eu fui tentar impedir, ela me empurrou na parede em um golpe duro me fazendo bater a cabeça e cair um pouco zonza no chão.

- Acabou a era da madre Bella, eu não vou tolerar pecadoras, eu não vou tolerar  seres humanos falhos aqui dentro, você iram se entregar a fé divina de uma vez por bem ou por mal.

- A senhora não pode fazer isso, essas coisas são minhas. - falei tentando me colocar de pé, e quando eu consegui, ela me pegou pelo pescoço, e me apoiou na parede.

- Eu posso tudo dentro dessas paredes e fora delas, seus pais como o de muitas, pagou um valor muito alto para garantir a santidade de vocês, e graças a Belle e toda sua mundanidade, vocês continuam em pecado, você vai esquecer essa maldita mulher por bem ou por mal Swan, aqui dentro eu sou a mão de Deus, e ela irá pesar sobre você até que aprenda. - Ela falava com tamanha raiva, e me segurava com força me sufocando.

-Acha que isso que transparece são sentimentos santos ? - falei como pouco de ar que eu tinha, e ela me soltou e me acertou um tapa, quando tornei a olhar para ela, a madre cuspiu em meu rosto.

- Você vai aprender irmã, sua penitencia  será um jejum extremo até domingo de manhã, vá se trocar e rezar, para ver se purifica um pouco essa sua podridão irmã. - ameacei falar e ela veio pra perto. - é isso ou você não irá ao maldito orfanato ver aquele fedelho, você escolhe.

- Sim, senhora madre.

- Antes de rezar vá a capela, vou informar as novas regras dentro da casa de Deus. - ela foi até a porta com suas mãos para trás e se virou para um dos homens que já haviam me tirado tudo. - Tirem o colchão, ela não merece privilégios.

- Sim senhora. - a porta se fechou e minha vontade era gritar, chorar. Eu odiava aquela mulher, mas nada eu podia fazer, as outras irmãs comentavam das atrocidades que estavam por vir. Sabíamos que a madre era uma fiel seguidora dos tratamentos de Rumple, e muitas ali haviam sido inscritas na ordem por suas opções sexuais, então seriamos facilmente alvos dos tratamentos. Me troquei, e escondi como pude os roxos em meu corpo e em meu rosto, cobri meu cabelos com o habito, e fui para capela mancando. Assim que cheguei me sentei afastada de todas, preferia não conversar hoje, não demorou muito para que a madre aparecesse no altar e pegasse um microfone.

- Bom dia irmãs, hoje veio vos dizer que temos novidades, novidades essas que nos deixaram mais próximas de Deus. Como sabemos a irmã Belle levava o convento a rédeas frouxas, e muitas de vocês continuavam pecando dia apos dias em suas celas, dentro de suas cabeças, e a falta da autopurificação se fez bem presente, transformando esse local impuro. Hoje da cela de vocês foi retirado montanhas e mais montanhas de coisas mundanas, que não agregavam em nada para religião e que só as deixava mais distante de Deus. Todas as coisas foram queimadas, e para garantir que não voltem  a acontecer, todas as aulas foram suspensas, e todos os mimos como cartas também serão suspensos. - As freiras começaram a cochichar ali dentro e a madre se irritou. - Quem for contra ao meu jeito de levar essa comunidade para perto de Deus, será colocada em reclusão e terá suas penitencias prescritas de maneira sem piedade alguma. - ela respirou fundo e começou andar pelo altar. - A partir de hoje, o Doutor Rumpelstiltskin, irá me ajudar a comandar esse lugar com mão de ferro, e todas as irmãs que estiverem com demônios obsessores sobre seus corpos a induzindo a ter desejo pelo mesmo sexo ou qualquer sexo, sera submetida aos tratamentos do doutor e as penitencias diante de cristo. Algumas irmãs jã estão em seção com o doutor hoje e amanha mais algumas estarão, por tanto sigam as ordens sem reclamar, vão tomar seus cafés para que possamos ir ao orfanato fazer nossa boa ação para o nosso senhor Deus. - Meu peito está em pranto, e meu corpo estava gelado, eu só podia prever uma enorme desgraça a caminho.