Dia 9?
Não sei, talvez, ou quem sabe dia dez, eu nunca sei muito bem em que data estou durante as férias, muito menos com a ausência do meu celular, e antes que me julguem por eu ter sido presenteada -o que eu achei uma fofura- com um calendário, gostaria de esclarecer que ele não fica sempre ao meu alcance e qualquer tipo de atividade que envolva movimento e gasto de energia eu dispenso. Ok, muito dramática eu sei, mas a realidade é que se eu pudesse reencarnar gostaria de vir na forma de uma cama, ou de um travesseiro quem sabe, sempre fui do tipo pessoa compacta mesmo com todas as minhas gordurinhas.
Minha salva vidas de sempre, Valentina, não estava no quarto, na verdade ela nunca estava aqui, de acordo com sua doutrina de viver todo dia intensamente ficar presa em um quarto/cela é perda de tempo quando se tem um enorme casarão da época da carochinha para desbravar, em outras palavras ela ficava por aí batendo perna, coisa que eu não faço nem obrigada. Em resumo, um bem lamentável gostaria de destacar, ou eu me levantava até o calendário ou ficava sem a data já que não poderia desfrutar da solicitude da minha colega de quarto. Que droga! Me arrastei o quanto pude e olhei o calendário onde descobri ser dia dez, cheguei perto, muito mesmo afinal, nove foi ontem.
Dia 10 - a sobrevivente
É, acho que um subtítulo vai bem, ainda mais um interessante como esse. Respirei fundo e voltei a caneta para o papel.
Gostaria de destacar o milagre que foi sobreviver até o dia de hoje, sinceramente não achei que fosse permanecer aqui até essa data, mas meus planos de fuga não tem dado muito certo, ainda mais quando grande parte deles não sai da ideia, e acredite, são péssimas ideias. De qualquer forma não tem sido tão ruim quanto eu esperava, era pra ser pior certo? Ficar internada com um bando de loucos? Se bem que no meu grupo de confinamento só estão pessoas com problemas menos graves, é claro se comparados a outros pacientes que estão aqui a um tempo indeterminado. Gosto de pensar que pela primeira vez faço parte do grupo dos normais, o que me surpreende de uma forma muito boa. Ah meu grupo, gostaria de apresentar cada um deles, e por apresentação quero dizer elaborar um motivo pela qual ainda não fugi daquelas pessoas.
Vamos começar por Valentina, ela é uma pessoa maravilhosa, é, essa palavra dispensa qualquer outra característica mas vou dar mesmo assim, Valentina tem a minha idade, um corpo melhor, um cabelo mais bonito, um sorriso humilhante, ou resumindo a única coisa que temos em comum é a idade e o fato de sermos mulheres. Mas não vou caracterizar minha colega de quarto apenas pela sua aparência física, -que é maravilhosa- porque ela é muito mais, Valentina tem se mostrado a melhor amiga que alguém poderia querer, ela é carinhosa, companheira, alegre e geniosa, é do tipo de pessoa que faz o possível para te ver sorrindo e só eu sei como essas pessoas são difíceis de achar, ela não te abandona e te apoia em quase tudo, menos na sua fuga, nesse caso ela não só não te apoia como também estraga seus planos, mas vamos relevar, segundo o olhar dela o melhor pra mim é o tratamento, fazer o que se temos uma opinião diferente não é mesmo. Resumindo, Valentina é essa garota espetacular que eu tive a honra de conhecer e agradeço a Deus por isso.
A segunda pessoa da qual vou falar é Benjamin, bem, Benjamin é Benjamin e é isso já bastaria para resumi-lo, ele provavelmente é o garoto mais fofo que verei em toda minha vida, desde que nos conhecemos tem se mostrado um grande amigo -por mais que uma parte da minha mente quisesse mais (porque eu escrevi isso aqui mesmo?) - e mesmo em meio a alguns desentendimentos ele provou o quanto valoriza as amizades e se esforça para manter as pessoas ao seu redor felizes, costumo considerá-lo o garoto de ouro. Recentemente porém conheci um outro lado dele, um lado mais misterioso devo dizer, um lado mais humano e também mais vulnerável, e isso só me deixou ainda mais encantada. A forma como ele vê o mundo e lida com os problemas é algo que eu admiro muito, e quem sabe um dia eu não o diga isso não é mesmo. Ah e um outro detalhe que considero importante, Benjamin é lindo, provavelmente Deus estava inspirado quando colocou uma criatura daquelas na terra, a mãe dele não estava errada ao considerá-lo um anjo porque além de o coração do tamanho do mundo ele possui a aparência mais sublime da minha existência, ok, palavras difíceis para parecer dramática, bem Alexia mesmo, de qualquer forma não posso negar os fatos, ou o cabelo um pouco longo castanho, ou os olhos doces como o mel, ou o sorriso que ilumina tudo ao redor, ou....
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Minha geração problema
Ficção AdolescenteAlexia era uma garota normal, ou pelo menos queria ser. Ela não se lembrava exatamente quando começou a se sentir diferente, mas se lembrava de quando teve certeza que não era como as outras pessoas. Agora ela precisa provar que não tem um problema...