Evan Armstrong gostava muito de festas.
Era bom estar em um lugar onde suas músicas preferidas eram tocadas em caixas de som explosivas e ver as pessoas reagindo da mesma forma que ele às batidas que ele era advertido por ouvir em volume preocupante nos fones de ouvido diariamente.
E era melhor ainda estar em um lugar onde pudesse transitar livremente entre pessoas que sabiam quem ele era, mas não tinham a intenção de transformar a presença dele em um evento maior do que deveria ser.
Era como festejar com amigos.
Em larga escala.
Mesmo que não houvesse um único rosto familiar no meio de toda aquela multidão.
Já estava ali há algumas horas e, na ausência de uma área de fumantes, suas idas ao lado de fora eram frequentes. Esperou que uma música de Drake terminasse, porque era imprescindível que curtisse cada uma delas, e tateou o bolso em busca de seu maço de Marlboro vermelho para seguir se desvencilhando das pessoas até a porta de saída.
Havia um espaço cercado na porta da boate que ia até a metade da rua que era cenário de uma fileira de casas noturnas como aquela, e pela primeira vez na noite ele percebeu que não estava sozinho.
Olhou a garota de jaqueta de couro e maquiagem pesada que mantinha um Gudang recém-aceso entre o indicador e dedo médio e acenou sutilmente com a cabeça enquanto colocava o próprio cigarro entre os dentes e tateava mais uma vez os bolsos atrás do isqueiro que ele jurava que estava ali menos de meia hora antes.
Viu pela visão periférica algo lhe ser estendido e direcionou sua atenção para a garota que lhe oferecia o seu próprio, vendo a pequena batalha que o homem travava com a quantidade de bolsos da própria calça jeans.
– Valeu – murmurou com o cigarro brincando entre os lábios. Usou a mão para evitar que o fogo se apagasse antes de cumprir seu papel e deu a primeira tragada antes de devolver o objeto preto a ela, que apenas assentiu.
Ficaram em silêncio.
Armstrong fechou os olhos deixando que a cabeça se movimentasse no ritmo da música que vinha de dentro do clube, mexendo os ombros e ouvindo uma risada sutil que o fez abrir os olhos e sorrir vendo que a garota a encarava.
– Cigarro de junkie. – Ela indicou com um sorriso debochado.
– Cigarro de ansioso – devolveu, vendo-a dar de ombros. – Como você consegue fumar um desses inteiro sem desmaiar?
– É esse o segredo... – Indicou o cigarro apenas meio consumido e o jogou no chão, apagando-o com o pé.
– E você prefere fumar meio cigarro a um cigarro de junkie? – perguntou de forma irônica, oferecendo o seu a ela, que aceitou com uma risada que não teve som, apenas sacudiu-lhe os ombros.
– Eu preferiria não fumar – a garota corrigiu, devolvendo o cigarro a ele depois de uma única tragada. Juntou o cabelo e o prendeu em um nó, sorrindo para ele. – Nos vemos lá dentro, eu acho. Se precisar de um isqueiro emprestado... – deixou no ar, antes de entrar novamente na boate.
Ele a observou ir, aproveitando que estava de costas para encará-la de cima abaixo. Balançou a cabeça negativamente, cantarolando a música conhecida e girando num pequeno passo de dança que o deixou tonto devido à pressão recém-abaixada por conta da nicotina.
Viu aquilo como uma deixa para jogar o restante do cigarro por ali e ainda tomou ar até o final da música antes de entrar, sentindo o vapor quente do ambiente o acolher receptivo.
Não estava bebendo, mas não pôde dizer não quando a staff da festa o parou oferecendo martini direto da garrafa. Rindo, jogou a cabeça para trás deixando que despejassem o líquido em sua boca até que transbordasse e ele tivesse que empurrar a mão da moça vestida de coelhinha. Engoliu rindo, ouvindo as pessoas em volta gritarem em incentivo enquanto esperavam suas vezes de passar pelo mesmo processo.