De Repente Cinderella

Capítulo 1 - O Homem

Um dia comum, como todos os outros. Exceto pelo trabalho excessivo.
Um príncipe de outro país viria para o nosso reino, a fim de encontrar uma noiva, então eu teria que limpar o salão de festas e a sala de jantar sozinha, já que todas as outras empregadas me odeiam e não me ajudam em nada. O rei até tenta me ajudar as vezes, mas é só ele virar as costas que elas vão embora me deixando o trabalho sujo.

Diziam que aquele príncipe era perfeito. Corpo escultural, olhos azuis, cabelos negros e rosto muito bem desenhado. Mas eu nem ligava.
Não adiantava prestar atenção em uma pessoa que nunca vai nem notar sua existência. Elas não se ligam que ele é um príncipe. Príncipes não se casam com empregadas. Isso é fato.
No máximo eles se casam com plebéias, e os que fazem isso já são massacrados demais. Mesmo que um príncipe se apaixonasse por alguma empregada não teria coragem de dizer para ninguém, nem mesmo para ela.

Enquanto limpava o salão de festas, eu ouvi algumas risadas vindo atrás dá porta, seguidos de comentários como: "ele é muito lindo!" Ou "Será que já tem uma noiva?"
Certamente o príncipe havia chego. Eu tinha que limpar isso cada vez mais rápido.
Ouvi a porta se abrir e não tive coragem de olhar muito, apenas olhei de relance para ver se era realmente ele. E de fato era.

— Bem vindo, Príncipe Jeff. — Me curvei e continuei a limpar o chão. Ouvi os passos dele se aproximando e pensei que ele iria passar reto por mim, mas se abaixou na minha frente e ergueu meu queixo. Atrevido! — Senhor?

— É a primeira mulher que não tenta dar em cima de mim... Essa é novidade. Gosto disso.
Percebi um sorriso bobo se formar nos lábios avermelhados dele. Não era só atrevido, era folgado e convencido. Mas não falaria isso pra ele, não quero​ ser morta.

— Senhor, se puder me dar licença... Eu preciso limpar o salão para sua festa está noite.
O príncipe me olhou de um jeito estranho. Não entendia aquela mudança de humor tão rápida.
Ele olhou em volta e percebeu que tinha apenas eu ali lavando o chão e arrumando os preparativos básicos.

— Ninguém vai te ajudar? — Perguntou ele se levantando e olhando em volta para ver como o salão estava.
Mais dá metade do salão já estava brilhando, ele percebeu isso e em seguida me olhou desconfiado. — Você fez tudo isso sozinha? — Eu automaticamente indiquei que sim com a cabeça. Eu não queria mais responde-lo, precisava terminar de limpar a porcaria do salão. — Mas que ultraje...

— Ahn? — Me surpreendi com sua resposta. Era possível que ele fosse como meu rei? Sempre tentando me ajudar? Não... Ele deve fazer algum comentário maldoso. Dizer que algo está feio ou que não está do jeito que ele queria.
Já estava acostumada a ouvir isso dá Madame. A empregada que "cuidava" de mim. — Perdão, príncipe. Algo está errado?

— Tudo. — Não me surpreendi com isso. Ele provavelmente diria para mim começar de novo a limpeza do salão e que arrumasse tal coisa do seu jeito.
Ou não. — Por que você está aqui sozinha? Existem milhares de empregadas nesse castelo, e pelo o que eu percebi a maioria delas está apenas fingindo estar trabalhando. Como você aceita isso tão bem? Vou falar com o seu rei. Isso é realmente um ultraje.

Ele me defendeu... Realmente me defendeu...
Nunca ninguém havia feito isso por mim. O rei só podia fazer o que estava ao seu alcance. Ele apenas mandava as empregadas me ajudarem. Mas ele realmente me defendeu...
Acho que tive a primeira impressão errada.
Eu não iria esconder dele o que passava... Não que eu tivesse querendo ser a coitadinha, mas precisava mostrar a alguém o que eu sofria. E nada melhor que um príncipe.

— Bom... Sempre foi assim, alteza. O senhor é o primeiro a me defender, além do meu querido rei. Eu devo agradecer ao senhor...— me curvei novamente e vi ele ficar um pouco irritado com tal ato.
Era estranho ter um príncipe tão rebelde na minha frente.

— Primeiro: não me chame de senhor. Assim vocês adiciona 30 anos meus. Segundo: Não precisa se curvar toda hora. E terceiro: ...— eu fiquei surpreendida por suas falas. Realmente um príncipe rebelde. — Eu não deixaria de defender uma garota tão bonita quanto você.

Atrevido! Essa é a palavra que define ele! Atrevido!
Acabei por corar depois das suas últimas palavras.
Eu tentava falar, mas eu havia travado. Era a primeira vez que recebia um elogio.

— A.alteza... Se me da licença, eu... Preciso pegar mais sabão! Isso! Mais sabão! — me levantei rapidamente, deixando o pano molhado dento do balde. Precisava sair dali o mais rápido possível. — Eu lhe agradeço muito, alteza. Mas... Preciso realmente​ ir lá pegar, o senhor deve estar muito ocupado. Melhor ir logo. Não deveria perder seu tempo com uma simples empregada.

Me virei para ir embora e senti ele me segurar. Sua mão era quente e agradável. Mas o que estou pensando?! Ele é um príncipe! Eu não posso pensar nessas coisas!

— Eu já irei me encontrar com o rei. Mas quero lhe pedir um favor. — O que ele queria agora?! E poderia soltar a minha mão?
Eu parecia um tomate de tão vermelha. Não estava nem um pouco acostumada com esse toque. — Me encontre na fonte do jardim hoje a noite. Durante o baile. Estarei te esperando. — eu ia abrir a boca para interrompe-lo, mas ele me cortou. — não retruque. E por favor não falte. Se não for eu vou atrás de você.
Ele falou calmamente e com um sorriso no rosto. Era estranho a sensação que eu estava sentindo. Pareciam borboletas no meu estômago.

— S.sim, senhor. — esperei ele me soltar e saí correndo para pegar o sabão. Realmente estava precisando de mais sabão, mas ia esperar acabar tudo para depois pegar mais.

Enquanto corria eu acabei encontrando uma amiga minha. Minha melhor amiga. A princesa Kit.
Ela podia ser a princesa, mas éramos melhores amigas. Contávamos tudo uma pra outra. Quer dizer, eu não falava pra ela sobre o que acontecia comigo. Eu teria certeza de que ela faria um escândalo. É o jeito dela com suas amigas.

— Princesa! — me aproximei ela com um sorriso enorme no rosto. Ela retribuiu o sorriso e meu abraçou.
Eu sempre quis que ela parece de me abraçar, já que nossas posições eram muito diferentes, mas ela insistia em fazer isso.

— Olá, Crystal. — ela falou de forma elegante enquanto me abraçava. Quando ela falava ninguém se quer imaginava como ela falava de verdade. Ela não poderia fazer isso agora por que seria arriscado alguém nos ver. — Aonde estava indo?

— Pegar mais sabão. Estamos terminando de limpar o salão. — Eu falei com um sorriso no rosto. Como sabia que ela não iria lá por medo de sujar, eu me arriscava em mentir pra ela. Odiava fazer isso, mas era para o bem de nós duas.

— Ah, entendi. Vou deixar vocês trabalharem em paz, então. Não quero atrapalhar.
Seu sorriso era marcante. Era perfeito. Dentes bem brancos e alinhados. Nem dava pra imaginar que vivíamos na mesma época.
Meus dentes eram de certa forma bem alinhados, mas eram um pouco amarelos. Então eu tinha vergonha de mostra-los.
Ela se despediu de mim e continuou andando. Talvez foi até o estábulo pegar o seu Pégaso para sair voando por aí. Ela adorava fazer isso.

Andei até a dispensa do castelo e peguei o sabão, em seguida voltando para o salão.
O príncipe não estava mais lá, para minha sorte.
Continuei a limpar o salão até deixar ele brilhando por completo. Quando terminei eu sabia que precisava me preocupar com outra coisa: meu encontro com o príncipe.