Eu na verdade não me esqueço do dia que te conheci, foi no dia dois de maio, estava voltando da aula e no apartamento acima do meu morava recentes amigas, você estava lá com elas e alguns amigos seus. Eu sempre gostei muito de música, de violão, de tocar, então isso me atraiu assim que fui convidada e esse também foi o primeiro motivo pelo qual eu me atraí por você. Nesse tempo, tempo de fera( caloura), eu era carne nova no pedaço e assim como você, seus amigos em especial Bruno, se interessou por mim. Naquele dia não posso negar que a aparência dele era agradável, mas apesar de suas investidas até mesmo quando fui na varanda da cozinha e ele foi atrás, Bruno já tinha perdido a chance quando foi citado por alto que ele namorava. Eu nunca ficaria com alguém que namora.
O que me chamou atenção apesar de tudo, de está no seu olhar que você me queria é que você continuou na sua, sorrindo pra mim quando cantava e conversando com todos como uma pessoa comunicativa e legal que você sempre foi. Esse foi o seu segundo ponto comigo, você não deu em cima de mim, mostrou interesse, viu os sinais, mas não deu em cima de mim.
Agora, quando fecho os olhos posso ver e sentir nitidamente aquele momento. Você começou a tocar uma música que sempre gostei " linda, cuida de mim, só me faz rir.." e eu logo comecei a cantar com vergonha, você logo me ouviu cantar e se encantou, seu elogio foi sincero, era raro eu cantar em algum lugar que não fosse no banheiro de casa ou na igreja do outro lado da cidade, você foi a primeira pessoa que me estimulou a cantar, a mostrar que eu sabia cantar e que gostava de cantar, eu devo isso a você.
Me arrisco em dizer que foi nesse momento que você marcou não só um ponto, mas sim o primeiro de muitos, nesse dia você foi meu primeiro, o primeiro a se encantar por minha voz e a me fazer se encantar e perder a vergonha em cantar de verdade, antes eu cantava por diversão para mascarar o medo da rejeição, a partir daquele momento eu comecei a cantar porque não existia mais medo, mas sim o sentimento de capacidade.
Depois daquele dia, eu falei de você pra meus amigos, mas não tivemos nada, lembro que no domingo após aquela terça, eu e meu amigo perdemos o restaurante universitário pensando que o seu horário era o mesmo que se tinha durante a semana, você me orientou e disse " vai lá e explica, eles vão dá uma refeição pra vocês", eu achei aquilo legal, você podia ter dito só um "oi" , mas não, você mostrou que era legal e então eu achei isso fofo, me senti agradavelmente bem.
Uma semana depois, você estava no mesmo lugar que na primeira vez que te conheci, com os mesmos amigos fazendo outro lual. Era uma terça feira e apesar de naquela noite eu ter que ir arrumar a minha mala para viajar para o Rio de Janeiro na quarta, eu preferi subir pra encontrar todos vocês, cantar um pouco e aproveitar o começo da minha "independência", não tinha pai e mãe pra me mandar dormir, então não custava nada aproveitar um pouquinho. Naquela noite eu já estava decidida que iria te paquerar, você era lindo, legal, tocava violão e não era invasivo, isso já era um bom começo, só bastava passar por uma prova pra saber se valia a pena ou não. Então ali estava eu após a aula, com meu short rosa todos desbotado e manchado de água sanitária, cabelo preso e descabelado, meu primeiro e único casaco azul de dois anos de uso e minha sempre companheira havaiana.
Você não imagina minha tamanha surpresa ao ver que você não estava nem aí pra minha aparência louca, seu sorriso ainda estava o mesmo e, no final da noite, após sua seção de tocador e a minha de cantora, você foi conversar comigo, saber de onde era e tentar me fazer lembrar do seu nome tão estranho que você explicou que era uma mistura do nome da sua mãe, do seu pai e do seu avô. Não lembrei, nós rimos e você meio que me abraçou e fez um carinho em mim, eu deixei e naquele momento você soube que eu queria algo a mais, foi assim que nós nos beijamos pela primeira vez, numa madrugada do dia seis de maio por volta das duas da manhã.
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Nosso fim
RomanceHoje, oito dias depois de ter acabado com o nosso relacionamento, em menos de vinte quatro horas que eu tive uma recaída e não resisti a minha vontade de dormir em seus braços, eu começo a escrever sobre os nossos três anos e sobre o porquê de tudo...