Antes de começar, desculpe, era para eu ter postado no domingo a noite, mas coisas aconteceram... @migafla esse capítulo é para você!
***
Uma jovem estava na sala de espera de um hospital, esperando impaciente. Estava sozinha. Todos os amigos já haviam ido embora, enquanto ela se recusava veementemente a ir. Ele não tinha mais ninguém. Apenas ela. E ela iria ficar ali para ser a primeira a receber notícias.
Caminhando de um lado para o outro, ela rezou em voz baixa. Pensava que tinha perdido a capacidade de rezar há muito tempo, mas naquele momento, se apegava à fé como única maneira de salvação.
− Deus, por favor, não leve ele... eu te imploro, não o leve...
Murmurava as palavras baixinho, enquanto andava pela sala de espera. Quando achou que a agonia a mataria, observou a médica que se aproximava, hesitante.
− Sra. Domingues?
Renata Domingues.. Esposa de Camilo Domingues já fazia um ano. Sim, aquela ela era.− Sou eu. Como está o meu marido?
− Sra. Domingues, acho melhor a senhora se sentar.Péssimo começo, foi o que Renata pensou, se sentando na cadeira. A médica se sentou ao lado dela.
− Sra. Domingues, finalmente terminamos a operação do seu marido. Como a senhora sabe, no acidente que ele sofreu... bem, foi um acidente grave e...
Renata dispensou as explicações com um aceno. Não queria saber detalhes do horrível acidente de carro. Queria apenas saber como estava Camilo, como ele ficaria assim que terminasse a operação, se ficariam sequelas...
− Como está meu marido? −repetiu ansiosa.
A médica suspirou. Não adiantava minimizar o choque. Assumindo um ar professoral, ela falou:
−Sabíamos que tínhamos poucas chances desde que o trouxeram para o hospital. Fizemos tudo o que podíamos, mas... sinto muito Sra. Domingues, seu marido já não está entre nós.
A cena depois daquele triste momento fica nebulosa em minha cabeça. Me lembro de ter visto Renata desmaiando, enquanto a médica chamava por ajuda, tentava amparar a mulher que caíra desconsolada em seus braços. Mas não é aqui que nossa história começa. Este foi apenas um prólogo. Necessário, porém dispensável.
Ressalto que sou apenas a observadora de tudo. Coisas que acontecerão aqui eu não vivenciei, apenas vi. Eu simplesmente sei. Por essa razão, parecerá estranho me ver narrando cenas nas quais não me encontro...
Sou personagem, sou a narradora, e sou parte desta história. E cabe a mim contá-la.
Talvez porque eu tenha sido implacável em um passado não muito distante, e posso contar esta história sem muita emoção.
Talvez...***
O enterro foi tradicional. Pessoas chorando, amigos lamentando, palavras de como Camilo era uma boa pessoa e que não merecia ter morrido. Eu estava alheia ao momento, abraçando Renata, minha amiga de longa data. Observei Danilo Santiago, o melhor amigo de Camilo dar o último adeus, depois Renata se libertar do meu abraço e jogar as últimas flores em cima do caixão, antes de Camilo repousar eternamente no infinito. Renata chorava, inconsolável, sendo amparada por Danilo , que ainda se encontrava próximo ao caixão. Atirando as flores, ela murmurou, em voz não muito alta:
− Descanse em paz, meu amor... descanse em paz...
Por fim, as camadas de terra começaram a serem jogadas em cima do caixão de marfim e por fim, Camilo descansava em paz.
Era isso o que pensávamos.
No mesmo jardim que nós, no cemitério, caminhando sem serem vistos, sem serem notados nem mesmo sentidos, dois vultos vestidos de negros assistiam ao enterro. Ao contrário de todos os demais e assim como eu, eles não choravam. Observavam tudo com extrema curiosidade.
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Transcendente
ParanormalEles foram casados. Mas agora tudo mudou. Ele está morto. Ela esta viva. Ele não pode ressuscitar. Ela não pode morrer. Ele não deveria ter se lembrado. Ela deveria tê-lo superado. Agora, restará a eles a maneira de resolver o dilema e encontrar um...