epilogue

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O céu estava completamente escuro, não era possível ver nenhuma estrela por trás das nuvens pesadas e negras. A chuva caía cada vez mais forte, o barulho quase ensurdecedor da água contra o asfalto. Eu estava sentando no capô do meu carro, completamente encharcado. Ficar na chuva para esconder o choro não funciona comigo porque o meu rosto fica vermelho e inchado quando eu choro. Mas nem a tristeza ou a raiva haviam batido em mim por enquanto. A única coisa que eu sentia era a dor. A do meu coração e a dor atrás do meu olho que me impedia de pensar. Porra, ele não tinha feito nada demais. E eu não pude fazer nada para impedir isso de acontecer, eu demorei muito. Nunca havia imaginado que alguma coisa poderia doer tanto, mas doía, caralho, como doía. Será que era tão errado assim nós ficarmos juntos? Eu fumava quando estava feliz e eu fumava quando estava triste, e eu sabia que nada de nenhum dos dois cigarros iria permanecer, mas hoje, eu aprendi que tentar acender cigarros na chuva era totalmente inútil, então provavelmente, essa dor iria permanecer por um tempo. Eu gostava dele, eu gostava muito. Eu gostava tanto que eu sentia trovões e relâmpagos estourando dentro de mim. Como eu iria desafiar essa tragédia?

No meio do barulho da chuva, passos de salto alto ecoavam pela calçada. Debaixo daquele guarda-chuva amarelo maldito.

-Eu acho que o seu cigarro já está molhado demais, Jimin, não adianta mais tentar acender.

-É eu sei, o que você quer, Fong?

-Nada, te encontrei por acidente.

-Que péssimo acidente, a sua cara era a última que eu queria ver agora. Qual era o nome dele?

-Nome de quem?

-O nome do cara que matou o Taehyung, porra. Qual era?

-Essa é uma informação que eu não posso te dar, Jimin. E você não tem necessidade de saber, não se preocupe, eu sei que você vai achar outro ombro bonito para apagar suas bitucas de cigarro.

-Vai à merda.

-Eu já estava indo, espero que você fique bem, Jimin.

A voz dela me dava vontade de vomitar, mas não iria ser legal fazer uma cena no meio da rua, espero que vela vá para o inferno. Sabe, é difícil falar sobre a noite. Não é como se fosse ausência do dia, mas não há flores para se esconder atrás, há somente a escuridão e esse vazio familiar do meu corpo. Eu deito no escuro e fico pensando se essa quietude dentro de mim agora é um começo ou um fim. Quando Taehyung estava aqui não havia noite. Bem, não haviam noites metafóricas, porque ele era a personificação do dia, mesmo que negasse isso. Ele tinha cílios longos, quando ele chorava, eu não duvidaria que nasciam flores debaixo deles. Mas agora não há mais flores, nem sol, nem dia e eu falo novamente com a sombra que eu costumava ser.

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