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- Rapaziada! – Paulo falou mais alto do que o que eu já o tinha ouvido falar, de modo a captar a atenção dos colegas de equipa.

Senti-me alvo dos olhares deles. Não era uma sensação agradável, no entanto, não pude fazer mais nada para além de formar um pequeno sorriso. Não era de todo tímida, mas ao conhecer pessoas novas por vezes isto acontecia. Deixava transparecer uma face que raramente aparecia.

- Esta é a Leonor, a nossa nova fisioterapeuta e massagista. Trouxe-a aqui porque ela acabou de se mudar para Portugal e não tem ninguém com quem se divertir. Tratem-na bem.

Não sabia o que dizer, portanto apenas deixei escapar uns murmúrios desejando boa tarde a todos. Paulo encaminhou-me para uns dos sofás da zona de convívio onde nos encontrávamos. Fiquei entre o central e William Carvalho. Tentei descontrair o máximo possível. Eles pareciam boa companhia e queria entrar na onde deles.

- Então, Leonor! Estás a gostar de Portugal? – Desviei o meu olhar para onde me parecia vir a voz. Sorri ao ver o capitão leonino no sofá à minha frente.

- Sim, estou. É um pouco diferente de França, mas a mudança está a saber bem.

Vi a sua expressão alternar assim que nomeei França como o meu país. Parecia feliz. Sabia que ele também tinha as suas raízes francesas e era bom ter alguém com um pouco de história minimamente parecida à minha. Nem que fosse para matar as saudades da língua e falar um pouco com ele em francês de vez em quando.

O tempo passou. Fomos trocando algumas histórias engraçadas e passadas de cada um. Muitos deles aproveitavam para 'humilhar' os amigos com as suas histórias embaraçosas. Eventualmente eu acabei também por mostrar o meu verdadeiro eu. A Leonor animada, engraçada e muito gozona. Os jogadores e eu, trocámos follows no instagram e tudo parecia estar a correr demasiado bem. No entanto, após esta hora e meia de convívio entre o novo grupo de amigos, estava na hora de abandonarmos a academia e irmos cada um para sua casa. Amanhã era o último dia de trabalho da semana e, felizmente, só trabalhava de manhã visto que a equipa principal também só faria um treino simples devido ao jogo que tinham no dia a seguir.

Já só pensava em chegar a casa, na fome que tinha e no banho que iria tomar para que conseguisse relaxar. Tinha sido um dia cansativo, na verdade. Abri a porta do carro do lado do pendura para colocar a minha mala e afins, pronta para abandonar o meu posto de trabalho, e quando me preparava para entrar no carro fui impedida por dois rapazes que me foram logo familiares.

- Leonor!

- Sim? Esqueci-me de alguma coisa?

- Não. – Um dos jovens gargalhou. – Só queria dizer que para o que quer que seja que precises podes contar comigo. Connosco aliás. Sei que não deve estar a ser fácil para ti estar sozinha num país que não conheces, mas pelo que percebi os rapazes estão a adorar conhecer-te e querem mesmo ser teus amigos.

- Não é fácil, não. – Encostei-me à porta do carro, ainda fechada e olhei para os olhares dos dois rapazes que me encaravam. Esforcei-me para não me focar no aspeto físico dos meus 'novos amigos', mesmo sabendo que ainda seria mais difícil quando estivesse no consultório. E ninguém me podia julgar. Era uma rapariga de 22 anos, solteira e acabadinha de chegar a Portugal sem quaisquer amigos ou família. No entanto, ia tentar deter os meus pensamentos quando visse que seria necessário. – Mas eu vou tentar divertir-me este fim de semana. Caso não consiga eu digo-vos alguma coisa, prometo.

Vi o sorriso de William aumentar gradualmente após a minha resposta. Já Matheus, preferiu manter-se em silêncio, apenas se mostrando interessado na conversa que as duas pessoas ao seu lado estavam a ter.

- Até te convidava para vires ver o nosso jogo, mas é em Braga. Talvez na próxima semana possas ir ver já que é em Alvalade?

- Sim, quero muito ir ver um dos vossos jogos. Preciso de entrar na onde verde, também! – Brinquei com a famosa onda sportinguista que já tinha visto na internet e os dois riram em resposta. - Vá eu tenho de ir, sim? Qualquer coisa peçam o meu número ao Paulo porque foi o único a quem dei, até agora. – Informei os dois e o brasileiro fez-me rir com a sua despedida na sua típica animação brasileira.

Após isso, só me lembro de acabar por chegar a casa, tomar um banho longo e quente para relaxar a mente e de jantar logo após. O sono tinha sido tanto que nem me recordava de adormecer no sofá enquanto assistia a algo na televisão que me pudesse dar ainda mais sono.

Tinha sido um dia ótimo e cheio de trabalho, mas o que mais me tinha agradado foram os contactos criados com os jogadores da equipa principal do Sporting. Grandes amizades esperavam por mim. Tinha a sensação que não eram só mais uns rapazes a cruzarem-se na minha vida. Ia ser diferente desta vez. 

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