Imerso em seu caos particular, Dionísio preparava o café da manhã. Acordara com o tilintar do celular precisamente às 8:00 da manhã. Estava radiante, apesar de quieto e calado. Não demonstrava qualquer lapso de cansaço. Pelo contrário, trilhava na mente os desafios e objetivos a realizar durante a segunda-feira de folia. O único sentimento que vez ou outra ofuscava sua consciência, dizia respeito à proximidade do seu trigésimo ano de vida. Quando aturdido, aplacava tal torrente com o rosto de Luna e toda a intensidade que ela despertara em seu íntimo. Aquele mundo recém-descoberto o reconfortava.
— Dion? O que estais fazendo assim...? Indagou Luna com cara de sono, parada na entrada da cozinha, espreguiçando-se.
—Café da manhã! Estais com fome? — rebateu a "fera", olhando-a por sobre os ombros.
— Eu não me refiro a isso...risos. Você está só de cueca!
— Preferiria estar nu. Adoro cozinhar assim. Eis mais um segredo meu. Mas tenho visitas! Você não gosta? — indagou com um cinismo descarado, latente numa boca levemente arqueada, com olhos cinzentos e semicerrados, fulminando-a.
— Eu adoro, seu filho da puta! Amo! Gostoso assim, eu não tenho escolhas...Mas não estamos sós. Essas tatuagens então, formam o conjunto da obra. São bem interessantes, ou melhor excitantes. Quero tudo apenas pra mim! Pensou altivamente enquanto o afrontava com uma manha desmedida no rosto.
—Gosto sim Dion! — respondeu finalmente, tentando dissipar uma dose de possessividade embutida, ao lembrar das outras meninas que ainda não haviam acordado.
— Já terminei de aprontar o café. Vou trocar de roupa. Vem aqui.— falou enquanto esticava uma das mãos na direção dela.
Luna vestia uma camisa verde que encontrara na sua aventura deveras arriscada de invadir o guarda-roupas de Dion. Cabia-lhe como um vestido. Havia deixado no quarto a carta e as flores que estavam repousados sobre o lençol que a velou durante o sono.
— Adorei a flor! Não li a poesia ainda. Acordei embaralhada com sua ausência. Você sempre me pregando peças "perdição". — Falou enquanto o abraçava.
— Eu tenho ciúmes dessa camisa (risos)! Deixa falar aos teus ouvidos: "és linda ao acordar"!
Se beijaram impiedosamente. O lobo a colocou sobre a quina da mesa e a apertou. Em seguida envolveu aquele rosto angelical com as duas mãos. Sentiu Luna vibrar. A liberou da "tortura" e se dirigiu ao quarto rapidamente. Luna sentou-se numa das cadeira da bela mesa que compunha a cozinha, de maneira pensativa. Não demorou muito e antes que Dionísio voltasse, as meninas apareceram na sala e rapidamente se dirigiram à cozinha, fazendo-lhe companhia. Dionísio colocou uma bermuda cinza e uma camiseta de algodão, enfrentou o espelho e se deparou com um "eu" que não encontrava ha tempos. Alguém que sorria de volta. Um indivíduo sensato, tranquilo e feliz.
—Bem vindo "desconhecido", prazer! — ironizou a si mesmo enquanto assimilava as mudanças repentinas e consideráveis pelas quais estava passando.
A sensação de estar próximo à Luna causava uma felicidade sem fronteiras em seu peito. Ao pensar na madrugada, entrou rapidamente em êxtase. Respirou fundo, deixou o espelho e saiu do quarto, captando os sons alegres oriundos da cozinha em contraponto à euforia dos tambores e acordes que atravessava sua toca, trazidos pelo embalo de uma Olinda Inflamada de carnaval e loucura.
—Todas servidas?
— Só faltava você! — brincou Isabela.
— Como estão? O vinho fez alguma vítima fatal?
VOCÊ ESTÁ LENDO
"DIONÍSIO" - Manipulador (Livro I)(COMPLETO)
Чиклит- Eu sou a sua loucura, a sua insanidade. Faça parte do meu mundo e te darei o que você sempre procurou durante a vida. Porém, uma vez diante da verdade, jamais serás a mesma. - essas foram as primeiras palavras dele, Dionísio, quando pela primeira...