One last time

23 0 0
                                    

Já era noite e tudo o que eu queria era voltar para casa. Deitar em minha cama. Eu não queria ter saído nunca de lá. Mas mamãe havia insistido. Dizia que seria bom conhecer pessoas novas. Mas eu poderia muito bem conhecer pessoas novas sem precisar me mudar de cidade. Isso era completamente desnecessário. Me encostei no banco do carro coloquei meus fones de ouvido e liguei o aleatório. Não estava com saco nem para escolher música. Minha irmã estava adormecida ao meu lado em sua cadeirinha de conforto enquanto meus pais conversavam sobre planos na nova casa. E minha mãe estava animadíssima por encontrar uma antiga amiga. Eu inclinei minha cabeça e fechei meus olhos.Adormeci. Tudo aconteceu tão subitamente. Eu ouvi um barulho ensurdecedor. Depois um clarão. Então mais nada.Eu não sabia onde estava nem o que havia acontecido. Apenas que minha cabeça não parava de doer. Incessantemente. Pareciam várias agulhas fincadas em meu cérebro.- Mãe ele acordou - ouvi alguém dizer. Tentei me levantar, mas senti alguém me puxando. - Tá tudo bem Tae. A gente tá aqui. Não precisa levantar.Eu abri meus olhos lentamente tentando me acostumar com a luz. Percebi que estava em um hospital. Em uma cama. Haviam vários aparelhos ao meu lado. Uma agulha em meu braço ligada a uma sonda. Quando olhei para frente vi um garoto. Mediano. Tinha um cabelo completamente laranja. Ele sorria pra mim. Um sorriso ao mesmo tempo tristonho e feliz. De repente uma senhora apareceu ao lado dele. Com lágrimas em seus olhos. Lágrimas que já haviam sido colocadas há muito pra fora. Ela sorriu. E segurou uma de minhas mãos.- Taehyung. Como você cresceu. Você era apenas um bebê quando seus pais foram embora.- Onde eles estão? - perguntei. Não aguentava mais essa situação. Queria saber o que tinha acontecido. - Meus pais. Onde eles estão?A senhora deu um pequeno e triste olhar ao menino ao seu lado. Ela se aproximou mais de mim.- Tae. Aconteceu um acidente. Seus pais. Nem sua irmã sobreviveram - ela soltou. Assim como se não fosse nada. Como se fossem meras palavras. Simplesmente jogou tudo em cima de mim. Eu não conseguia acreditar. Entrei em estado de choque. Puxei minha mão da dela com força. E comecei a gritar. Eu gritava com tanta força. Eu não sabia que restava essa força em mim. Eu simplesmente não sabia o que fazer. Eugritava foi quando senti algo escorrendo dos meus olhos e vi que estava chorando. Apenas deixei fluir. Soltei tudo. Quando eu ia me deitar e me afogar em minhas lágrimas. Alguém me segurou. Eu não queria ninguém ao meu lado. Eu não queria a pena de ninguém eu o empurrei. Mas ele me puxou com força e me abraçou. Então eu acabei permitindo que ele me consolasse. Enterrando meu rosto em sua camisa. Deixei minhas lágrimas escorrerem. Uma semana depois Depois de uma semana no hospital. Eu vim parar na casa da amiga de minha mãe. Que disse que me receberia. Eu dividiria o quarto com seu filho. Park Jimin. Ela até havia me matriculado na mesma escola que ele. Dizendo que eu deveria começar a ir. Para não perder muita coisa. Que eu não precisava me preocupar. Que ela resolveria os assuntos sobre a minha guarda e sobre minha herança. Já que eu era menor. E também não tinha nenhum parente. Foi aí que eu conheci Jimin. Um garoto que sempre sorria. Que tentava fazer de tudo pra me animar. Eu gostaria de Jimin se não fosse por tais acontecimentos. Ele entendia. Então apenas me deixava em meu canto quando não conseguia minha atenção.Mas o pior estava por vir.O início das aulas. A cidade era pequena. Todos já sabiam sobre o acidente envolvendo dois carros. Há um mês atrás. Com três mortes. Um desaparecimento e um sobrevivente. Eu. Justamente eu. Hoje seria meu primeiro dia. Eu não queria ir. Eu não queria olhar pras pessoas. Eu não gostaria do olhar de pena deles. Eu não queria o consolo deles eu só gostaria de voltar no tempo e nunca ter vindo pra essa cidade de merda. Mas eu seria obrigado a socializar. Eu teria que fazer isso. Eu teria que olha-las nos olhos todas as vezes que elas me perguntassem se estava tudo bem. E eu teria que responder sim. Mas não estava. Nada estava bem. Meus pais estavam mortos, minha pequena irmã que nem teve a chance de viver estava morta. Por que o mundo era tão injusto e havia apenas me deixado sozinho sem ninguém. Por que eles não me levaram? Eu deveria estar morto. Não eles.Eu me aprontei e fui junto com Jimin para escola. Ele não parava de falar no caminho. Ele dizia como a escola era legal, e todos seus amigos que iam me receber muito bem. Às vezes eu achava que Jimin não conseguia entender o que eu estava passando, até que um dia eu entendi, ele não queria me deixar só, em silêncio, porque se o silêncio chegasse a mim, eu não conseguiria me conter, ele só queria fazer com que eu pensasse em algo que não fosse minha família.Ee eu o admirava por isso. E por isso não queria mais ninguém. Pra mim, Jimin já bastava.Quando chegamos eu descobri que ficaria em um turma diferente da de Jimin, ele disse que poderia dar um jeito de mudar. Eu disse que não teria problema, vendo que todos seus amigos estaria com ele.- Tá tudo bem mesmo Tae - ele perguntou preocupado.- Tá sim Jimin. Eu vou ficar bem, de verdade. - eu disse mostrando uma tentativa de sorriso. Ele sorriu, me abraçou e foi para sua sala.Então eu fui em busca de minha turma. Chegando em minha sala me sentei na ultima carteira da ultima fileira, próximo a janela, precisava de ar. Então de repente, eu senti uma mão fria em meu ombro, me virei, e me deparei com um garoto sorridente, de uma aparência pálida.- Olá. Eu sou o Jungkook, mas pode me chamar de Kook, eu sou novo aqui, vou sentar ao seu lado, ok? - foi sentando, sem parar de falar, e eu percebi que havia encontrado outro Jimin.- Sabe eu nem deveria estar aqui, sou um ano mais novo pra essa turma, mas disseram que eu deveria estar aqui, eu não sei o porquê. Mas então você é calado né. Qual seu nome mesmo?- Eu não disse meu nome - falei sem olhar pra ele, encarando minha carteira. Eu desviei o olhar por um instante e percebi seu olhar fixo sobre mim, sem ao menos piscar, eu fiquei por um bom tempo assim, e ele não parava de me olhar.- Você tem algum problema? - disse secamente.- Eu? Eu só estou esperando você me dizer seu nome para que nós possamos nos tornar ótimos amigos.Eu ri, coisa que eu não conseguia fazer há algum tempo. Olhei pra ele e disse.- Eu sou o Taehyung, mas você pode me chamar de Tae - ele me olhou radiante, abriu um sorriso enorme, e isso me fez bem, fez eu sentir algo diferente, algo que eu já não sentia há tempos, bem antes do acidente, algo como uma calmaria. A aula havia terminado. Eu e Kook estávamos na saída quando eu vejo Jimin vindo ao meu encontro. Ele acenava pra mim.- Tae, eu vim te chamar pra nós irmos juntos pra casa - disse sorrindo.- Ok. Eu só vou me despedir do Kook, e vou com você - me virei para Kook. Ele me deu um abraço apertado. Foi tão inesperado que eu senti meu corpo se esquentar, meu coração se acelerou de repente, então ele me soltou olhou em meus olhos segurou minhas mãos e disse.- Vai ficar tudo bem. Eu vou cuidar de você - então sorriu e se foi.- Quem era aquele? - me perguntou Jimin. - Tae? Tae? - Senti Jimin me balançar pels ombros.- Oi. Ahh. Vamos.- Tae, quem era aquele garoto - ele me perguntou quando estávamos a caminho de casa.- Era o Kook. Eu o conheci na aula hoje. Ele é legal.- Você gosta dele? - me perguntou com um voz tristonha. Eu virei pra ele, e o vi de cabeça baixa.- Eu nem o conheço Jimin - eu disse abafando um leve sorriso.- Não foi o que pareceu - ele baixou a cabeça e se silenciou, ficamos assim até chegarmos em casa.No dia seguinte, na aula Kook estava me esperando em frente a sala, quando cheguei ele me abraçou e me puxou para dentro, nos sentamos, ele ficou me olhando e rindo.- O que foi? Por que você está me olhando assim Kook?- Eu gosto de você TaeTae. De verdade - Eu não sabia o que falar nesse momento. Meu corpo todo se arrepiou, eu senti algo estranho em meu estômago, senti meu rosto corar.- O que você disse? - eu perguntei ruborizado.Ele se aproximou de mim, olhando em meus olhos.- Eu gosto de você Tae. Você é um ótimo amigo - sorriu e voltou para o seu lugar.Eu me senti ao mesmo tempo envergonhado e também triste por ele ter falado apenas amigo. Mas por que eu estava incomodado com isso?Não era como se eu sentisse algo por ele. Decidi tirar isso da cabeça e me focar na aula. Inútil, eu só pensava em Kook e no modo como ele tinha falado aquilo pra mim. Ele era a primeira pessoa que havia feito eu me sentir melhor depois de tudo o que tinha acontecido, então decidi apenas deixar isso tudo pra lá, era só coisa da minha cabeça.Com o passar do tempo Kook e eu nos tornamos cada vez mais próximos, fazíamos quase tudo juntos, ele sempre ia pra casa comigo e ficávamos assistindo anime. Jimin não gostava dele, não sei se era porque Jungkook não calava a boca um segundo ou por ele tomar toda a minha atenção, e eu não dar nenhuma para ele, eu não tinha culpa, eu esquecia completamente de tudo quando estava ao seu lado, Kook parecia ter sido mandando pra mim, só pra eu poder sorrir novamente....- Tae, eu já disse, esse garoto, ele é um idiota - Jimin não parava de repetir isso pra mim. Eu já estava cansado com sua implicância com Kook. Qual era o problema dele? Por que ele não me deixava em paz ao menos uma vez.- Jimin já chega. O Kook é meu amigo e não falamos mais disso por favor.- Mas.- Mas nada. Você gosta de mim e sente ciúmes dele ou o que? - eu o cortei gritando.Jimin ficou ruborizado, ele simplesmente abaixou a cabeça e disse.- Desculpe Tae, eu não vou falar mais sobre isso - então subiu para o quarto de cabeça baixa com as mãos em seu rosto.Mais tarde no quarto quando fui me deitar ouvi Jimin soluçar, eu não queria perguntar o que havia acontecido, sabia que o motivo tinha sido eu, mas ele não precisava chorar por isso, então engoli meu orgulho e fui até ele, me aproximei coloquei a mão em seu ombro.- Jiminie, me desculpe, eu não queria te magoar - disse com uma voz tristonha.- Tudo bem Tae. Agora vai dormir - ele disse sem ao menos olhar pra mim.- Por favor Jiminie, me perdoa - falei enquanto balançava seu ombro.Ele se virou e então olhou pra mim, seus olhos cheios de lágrimas e inchados. Eu coloquei um dedo abaixo de seu olho para limpar uma lágrima que caía.- Não Tae, não faz isso, eu não consigo aguentar mais.- O que houve? - eu disse surpreso.- Eu gosto de você Tae, gosto de verdade, não como amigo sabe, talvez esteja até apaixonado por você.- Apaixonado? - eu não sabia o que pensar nesse momento. Jimin era um irmão pra mim.- Sim Tae, eu estou apaixonado por você, pronto falei. Eu não aguentava mais guardar isso pra mim, é uma tortura pra mim, todos os dias ver o seu sorriso, mas não são direcionados a mim, ver você com aquele garoto, ver o quanto você gosta dele, sim Tae não olha pra mim desse jeito, eu sei que você gosta dele, isso é torturante pra mim, eu me odeio, odeio por não ter falado isso antes pra você, eu me odeio por não ter mudado de turma no momento que descobri que você não seria da minha. Então você nunca teria conhecido ele, eu fui um idiota, por deixar você se apaixonar por ele e não fazer nada a respeito.Quando ele terminou estava em prantos, ajoelhado aos meus pés. Eu não sabia o que dizer, Jimin era uma pessoa importante pra mim, mas eu nuca havia sentindo algo assim por ele. Eu me ajoelhei e coloquei minhas mãos em seus ombros.- Jimin, eu não sei o que dizer, me desculpe por tudo.- Só me deixa sozinho Tae, eu só quero um pouco de espaço, por favor.Eu me levantei, peguei meu lençol e meu travesseiro em minha cama. Abrindo a porta eu disse.- Eu vou dormir na sala. Boa noite Jiminie.A noite seria longa. Eu sabia disso. Não conseguiria dormir, fiquei a noite toda pensando no que Jimin havia falado, "eu sei que você gosta dele", eu gostava mesmo de Jeon Jungkook? Eu sempre senti algo diferente com ele, mas eu não estava apaixonado, isso não era possível, eram três da manhã, então de repente eu adormeci.Sonhei. Sonhei que haviam quatro luzes que pareciam grandes farois, e eu estava entre elas, estava descalço, meus pés conseguiam sentir o gelado do asfalto, então em um piscar de olhos a cena mudou, eu estava em um rio, a água cobrindo meus pés, havia algo na água, algo que eu não conseguia deixar de olhar, e isso me puxava, então eu caminhei em busca disso, me encaminhando para dentro do rio, quando estou com minha cintura coberta de água sinto algo me puxar. Me puxou pra dentro do rio fazendo eu sentir todo meu corpo gelado. Eu comecei a empurrar a coisa pra baixo, mas não conseguia, empurrava cada vez mais, então quando eu não aguentava mais, eu puxei o ar.Acordei completamente suado no chão da sala, o sonho havia sido tão perturbador que eu caí no chão.- Tae, vem tomar café, o Jimin disse que você estava vendo um filme e dormiu aí. Ele já foi, tinha um trabalho pra fazer - despertei de meu devaneio quando a mãe de Jimin me chamou. Já não lembrava mais do meu sonho.Já na escola eu avistei Kook de longe. Ele foi ao meu encontro e me abraçou. Eu não parava de pensar sobre a noite passada. Quando Jimin disse que eu gostava de Kook. E se isso fosse verdade? O que eu faria a respeito? Eu não sabia o que fazer. Apenas que queria Kook ao meu lado pra sempre. Seu sorriso fazia meu dia cada vez melhor. Sua voz sempre formava um sorriso em meu rosto. E seu toque. Seu toque fazia meu coração bater mais forte e todo meu corpo se arrepiar. É talvez estivesse apaixonado por Jeon Jungkook. Mas ele nunca saberia disso. Eu jamais iria afastar ele de mim.Na volta de casa eu quis fazer algo diferente. Muita gente falava que havia um rio próximo a rodovia principal. E como o tempo estava quente eu gostaria de dar uma passada lá.- Onde nós vamos TaeTae? - perguntou o mais novo curioso.- Surpresa Kook. Surpresa - eu disse rindo vendo sua cara de chateado. E como isso era fofo. Tudo nele era fofo. Eu finalmente havia admitido minha paixão secreta por Kook. Mas apenas pra mim mesmo. Não queria magoar ninguém. Já bastava Jimin. Jamais iria magoar Kook.Chegando na rodovia eu senti um arrepio. Não sabia exatamente o que era. Mas segui em frente. Ouvi um barulho de água e percebi que estava chegando. Senti Kook segurando minha mão e senti um arrepio.- TaeTae. Que lugar é esse? Eu não quero ir - ele falou meio assustado.- Não se preocupe. Eu tô com você - disse dando um sorriso. Segurei sua mão e o conduzi pela estrada. Descemos por um barranco onde havia um rio. Kook apertava minha mão com força.- TaeTae. Não. Por favor. Eu não quero ir - ele disse muito assustado. Me puxando de volta. Eu o puxei pra mim como um impulso. Mas sem querer ele soltou minha mão. Eu caí no rio. Foi como um reflexo. Quando a água gelada bateu em meu corpo eu senti algo voltando pra mim. Algo que eu deveria lembrar. Mas minha mente fazia questão de esquecer.Eu estava novamente no carro dos meus pais. Coloquei minha cabeça na janela automaticamente e adormeci. Então uma luz forte. E uma batida. Me levantei sentindo uma leve dor de cabeça. Passei a mão em meu rosto e senti algo. Era sangue. Olhei em volta. Eu ainda estava no carro.Ouvia gritos de pessoas. Então vi alguém na janela do carro. Ele olhou pra mim e disse. "Você precisa tirar seu cinto. Você pode fazer isso pra mim?" Eu confuso fiz o que ele pediu. Abri a porta do carro e saí. Haviam milhares de pessoas me olhando e eu não entendia o que estava acontecendo. Então vi alguns bombeiros eles conversavam com alguém. Eu ouvi apenas partes, "carro...corpo não encontrado...Jeon Jungkook." A cena mudou estava adormecido. Ouvi um barulho de porta. Alguém entrou onde eu estava. Uma mulher eu ouvi pela voz. Ela começou a falar com o menino. Que aparentemente já estava no quarto. "Acharam Jeon Jungkook." Ela disse. "Ele matou três pessoas ele mereceu." O Menino disse. "Não diga isso meu filho, ele era só um garoto."Senti mãos me puxando da água. Eu estava completamente molhado. Quando olhei. Era Jungkook. O homem que eu amava. Mas também quem matou meus pais. Eu o olhei e apenas o empurrei.- Não me toca.- TaeTae. O que houve?- Não me chama assim. Os únicos que me chamavam assim eram minha família. E você os matou. Seu cretino. Eu te odeio - cuspi tudo. Eu era idiota me apaixonei pela pessoa que havia matado meus pais. - Eu não quero nunca mais ver você. Nunca.Saí correndo. Sem ao menos saber o que ele iria falar pra mim. Não importava. Nunca mais queria ver Jeon Jungkook. Nunca mais. Me odiava por completo. Se apaixonar pelo assassino da sua família. Como eu fui idiota. Jimin sabia. Mas por que Jimin não havia contado a verdade. Eu só queria sumir. Não queria ninguém ao meu lado. Nem Jeon Jungkook. Nem Park Jimin. Eu só queria minha família de volta.Saí correndo em direção a lugar nenhum. De repente vi Jimin. Ele veio ao meu encontro. Eu não queria falar com ele. Eu não queria olha-lo. Eu não queria sentir sua pena. Eu parei e ele simplesmente veio e me abraçou. Não disse nada. Apenas me abraçou e ficou lá. Eu comecei a chorar. Chorar tanto que não conseguia mais parar. Jimin me abraçou com força.- Ele me enganou, Jiminie. Eu o amei. Eu o amo. Ele me enganou - a cada palavra era um soluço. Jimin me olhou, enxugou minhas lagrimas e beijou minha testa.- Vai atrás dele Tae. Está na hora. Você precisa deixa-lo ir. Você precisa compreender. O Kook precisa ser perdoado. Se você o ama. Vai atrás dele - ele disse olhando em meus olhos.- Mas.- Apenas vá Tae. Por favor. Ele precisa de você. Ele está sozinho. Ele não teve culpa. Você sabe. Lembre-se Tae. Lembre-se.Jimin me empurrou na direção contrária dele. Quando me virei. Vi Jungkook. Parado me encarando. Eu não sabia o que fazer. Nem o que dizer. Me aproximei dele. Ele sorriu e me disse.- TaeTae. Está na hora.- Eu. Eu não sei o que está acontecendo - eu estava completamente perdido.- Lembre-se Taehyung. Lembre-se - ele tocou minhas mãos e de repente tudo apagou. Eu estava novamente no rio. Mas dessa vez havia algo diferente. Estava escuro. Então eu vi um carro cair. Mas nesse carro não havia ninguém. Então eu vi alguém ser levado pela correnteza. Tentei ajudar. Mas eu não conseguia me mexer. Quando voltei por mim estava novamente na frente de Kook.- Você não é real - eu disse naturalmente.Ele sorriu afirmando o que eu não queria.- Mas por quê? - eu perguntei- Eu precisava do seu perdão. Eu não poderia ir embora sem o teu perdão.Eu não consegui acreditar. Não conseguia. O homem que eu amava. Que matou acidentalmente meus pais. Estava morto. Isso era demais pra mim. Eu apenas desabei e comecei a chorar. Ele se abaixou. Segurou minhas mãos. E me olhou.- Eu tenho que te perdoar. Eu tenho que te perdoar para você poder ir. Eu não te perdoo. Eu não te perdoo Jeon Jungkook - eu gritava aos prantos.- Mas você me perdoou. No momento em que você se apaixonou por mim. No momento em que Kim Taehyung se apaixonou por Jeon Jungkook ele poderia ter ido. Mas eu quis continuar. Quis vê-lo cada dia mais feliz. E por isso eu recebi meu castigo. Eu poderia ter te deixado feliz. Mas eu fui egoísta e agora aconteceu isso, e eu preciso te deixar - ele me disse. Mas eu não conseguia acreditar. Eu não podia.- Mas.- Adeus Kim Taehyung. Eu te amo, e vou sempre te amar - dizendo isso ele me beijou. Um beijo simples. Mas profundo. Lágrimas escorriam de meus olhos sem parar. Então Kook cessou o beijo, sorriu pra mim e se virou. Foi caminhando. Até que eu não podia mais vê-lo. Eu desabei no chão. Lágrimas não paravam de escorrer de meus olhos.Tudo o que eu queria era sentir seu toque uma última vez. Queria sentir o calor de seu corpo junto ao meu. O arrepiar de sua pele ao pequeno toque meu. Mas tudo que eu posso fazer é chorar. Nada mais que isso.Senti alguém me abraçar por trás e apenas aceitei. Não conseguia parar de chorar. Foi então que percebi que gritava. Gritava como um louco no meio da rua.- Por que isso aconteceu? O que eu fiz de errado? - eu gritava de dor.- Você não fez nada Tae - ouvi Jimin responder. - Algumas pessoas morrem antes de cumprirem alguns propósitos com outras pessoas. Essas pessoas não podem ir embora até serem perdoadas. Ou. Esquecidas.- Mas você não tinha nada pra perdoar ou esquecer do Kook. Tinha? - eu perguntei confuso.- Não Tae. Eu não tinha. Eu espero ser esquecido por alguém á dez anos - ele disse com um sorriso fraco.Então eu percebi. O porquê de Jimin também ver um fantasma. Ele também era um fantasma. Havia uma criança que eu sempre brincava. Mas que depois de um tempo havia sumido e eu nunca mais a tinha visto.- Sua mãe. Ela não te deixa ir - eu falei o encarando.Ele confirmou com a cabeça.- Mas depois que você apareceu. São mais dois motivos pra eu não deixar a Terra. Eu tenho dois amores para cuidar - ele disse sorrindo.Eu não sabia o que dizer. Eu tinha acabado de perder o amor da minha vida. Que descobrira ser um fantasma todo esse tempo. E outro fantasma acabara de se declarar para mim. Eu apenas coloquei meu rosto em seu peito sentindo seu corpo frio e chorei.Chorei por Kook. Chorei por Jimin e chorei pela minha família.

Always and foreverOnde histórias criam vida. Descubra agora