"Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite." - Clarice Lispector
Se me perguntassem o que eu via no céu escuro, eu responderia que não via nada.
Não via estrelas, nem nuvens, nem a lua. Tudo o que eu enxergava era a mais plena escuridão.
Se me perguntassem o que eu via no céu claro, eu responderia que também não via nada.
Não via pássaros, nem nuvens branquinhas, muito menos o sol. Tudo o que eu enxergava era o mais pleno azul, de uma imensidão vasta, sem um fim aparente.
Sempre me faziam as mesmas perguntas. Sobre como era o céu para mim, de como era sentir, tocar, ou andar despercebido pelas ruas. Já me perguntaram se eu sabia como era meu reflexo no espelho.
Se eu já o tinha visto, o apreciado.
Nunca me perguntaram como eu me sentia. O que eu achava o que eu pensava. Nunca se importaram com isso, por que querendo ou não estava além dos pensamentos de todas as minhas prováveis respostas. Meus prováveis insultos.
Mas um dia me fizeram uma pergunta que eu não gostaria de ter que responder, de ter que me explicar. Eles sabiam como aquela pergunta me machucava e também sabiam, sempre souberam a resposta, mas apenas voltavam a fazê-la para me machucar:
"Você se arrepende?"
Não era preciso muitas outras palavras para que a frase fizesse sentido, nem eram necessários nomes citados nem situações descritas. Pois eles sabiam que eu havia entendido, que eu tinha compreendido todas as palavras daquela curta pergunta. E sempre, da mesma forma, do mesmo jeito, da mesma maneira eu respondia fitando o imenso nada que me cercava:
"Nunca irei me arrepender."
Nunca iria me arrepender, nem que tivesse que fazer o mesmo. De novo, de novo e de novo. Não pensaria duas vezes antes de me sacrificar por ele, não hesitaria segundo sequer e não desistiria em qualquer que fosse as circunstancias.
Por que no fundo, lá no mais profundo de minha alma, de meu coração, eu sabia que ele estaria lá, me esperando, com seus braços abertos e seu curto sorriso arrogante. Ele me esperaria, mesmo que eu me perdesse no caminho, mesmo que eu não o encontrasse de primeira, ele estaria ali, parado, no meio de toda a minha escuridão, sussurrando com sua bela voz:
"Eu estou aqui Lu Han."
VOCÊ ESTÁ LENDO
There Is A Brighter Side Of The Moon
Fanfiction"Diziam que minha casa era feita de papel. Que as colunas eram feitas de lápis. E meus moveis de desenhos rabiscados. Diziam que eu era feito de tristeza. De finais infelizes. E de uma indesejada cegueira. Falaram que eu não queria enxergar. ...