Capítulo 6 - It Takes Two

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I point my finger but it does me no good

I look in the mirror and it tells me the truth

Why all these lessons always learned the hard way?

Is it too late to change?

-       Katy Perry

Nessa segunda-feira, houve a troca de uniformes. Aqui no Colégio Versalhes usamos um sistema muito semelhante às escolas japonesas: na primavera-verão usamos o uniforme de verão, e no outono-inverno usamos o uniforme de inverno. Embora a mudança seja bem sutil - como cor, tecido e textura - os coordenadores e o pessoal do Grêmio Estudantil fazem o maior escândalo com os alunos que não seguem corretamente o calendário.

E foi aí que eu me toquei sobre a semana de trocas de uniforme. Essa semana é também conhecida como “Semana de Estudos”, onde todos os professores fazem revisão geral das matérias do primeiro trimestre de aulas. Enfim, é a semana que antecede as avaliações trimestrais. Eu, que estava tão concentrada com os treinamentos para a missão de resgate da Área 239, “surtei” ao me dar conta que não estudei absolutamente nada.

Assim como eu, muitos alunos sofrem da tal “Tensão Pré-Prova”. É algo que eu tenho desde os onze anos de idade. Posso ir para um curso, tomar café o dia inteiro, abolir todos os computadores ou TV’s e celulares de casa e virar a noite estudando. A frase: “Para quem estudou está fácil.” nunca surtirá efeito em mim.

Em questão de notas e provas, eu sempre me dediquei muito. Não que eu seja um daqueles alunos que passa os fins de semanas e as férias estudando. A dedicação vale a pena no final, quando você olha a sua nota e percebe que irá passar de ano mais cedo que os outros. Por isso é sempre bom você começar com o pé direito no primeiro trimestre.

Carol decidiu, então, criar um grupo de estudos. Chamou-me, além de Juliana, Alice e o Thiago Cavalli. Ele é o garoto que tira as melhores notas da nossa classe, e porventura, Carol pediu-lhe que entrasse.

Hoje é o primeiro dia de estudos no nosso grupo. Seguindo o calendário de avaliações, estamos nos focando em matérias de exatas: matemática e química. Juliana está tentando me ajudar a resolver um problema de geometria. Percebo muitas vezes que ela se irrita comigo durante suas explicações. Tenho a leve sensação que me considera uma burra da matemática. Isso é uma das coisinhas que me irrita na Juliana. Ela pode ser santa e tal, mas não seguir suas mesmas opiniões ou pensamentos deixa-a irada.

— Não é assim que se faz.  – ela vocifera, irritada. – Você prestou atenção nessa aula?

— Deixa que eu explico para ela, Juliana. – diz Carol, pedindo que a ruiva sente-se em outra carteira. – Eu e a Alice também estamos tentando achar o “x” desta questão aqui.

Subitamente, ouço o barulho de alguém batendo na porta:

— Pode entrar! – exclama Alice, sem tirar os olhos de sua folha de exercícios.

O ser continua batendo na porta, de forma insistente. Estou começando a ficar irritada. Noto que ele está fazendo uma sequência de notas musicais na madeira. Há algumas risadinhas no fundo, que reconheço de algum lugar. Perco a paciência e dirijo-me até a porta. Quando eu vou colocar a mão na maçaneta, os engraçadinhos começam a puxar a porta para trás. Travamos uma briga entre eu e dois idiotas da pré-escola.

Finalmente crio impulso e puxo agressivamente. Sou jogada para trás da parede, enquanto um deles se segura na maçaneta. Saio de trás e olho para Guilherme:

— O que é que vocês querem?

— Viemos estudar! – diz Guilherme, recompondo-se e entrando na sala. Coloco o meu braço direito na frente dele, impedindo que ele avance. – Tá! Viemos falar com o Thiago.

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