Lembranças

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Carol.
Ainda tenho pesadelos com a noite em que meu pior medo se tornou realidade. Para ser mais especifica, eu não sabia o que era a verdadeira dor até aquela noite.

Saíamos para fazer compras, lembro-me como se fosse ontem. Eu, meu marido, e meu filho de apenas 3 anos. Eu era jovem, uma mãe em pleno os meus 22 anos. Havia acabado de me formar na faculdade de jornalismo, e meu marido conseguido uma promoção no trabalho. Em relação à nossa vida profissional não havia do que se queixar, e sempre tivemos uma relação muito boa.

— Mamãe, aonde vamos? — Meu filho Leo me perguntou ao meu lado, caminhando de mãos dadas às minhas.

— Fazer compras, meu amor. — Abri um leve sorriso. — Seu pai ganhou uma promoção no trabalho, então temos mais dinheiro. — Falei, mexendo em seus cabelos.

— EBA! — Ouvi ele gritar feliz, sempre se empolgava quando íamos fazer compras, principalmente quando tínhamos condições de levar pra casa algo que ele tivesse gostado.
Eu estava decidida que esse seria o melhor dia de nossas vidas. Eu faria de tudo por isso, e estava fazendo. Mas me enganei, apenas me prendi a um desejo quando a realidade foi outra...

Entrávamos na loja quando um homem nos abordou. Seus olhos eram vermelhos, haviam luxuria e ódio. Muito ódio.

Ele começou a matar pessoas da loja, aleatoriamente. Eu estava desesperada, mas não se igualava ao que meu filho sentia, eu bem que gostaria de protegê-lo, e COMO eu gostaria de o ter feito. Ele chorava no colo do pai, que tentava acalma-lo até a policia chegar.

O homem continuou a agir, e com a chegada das autoridades teve uma atitude ainda mais esdrúxula: nos levou como reféns.
Ele não se livrou de nós tão facilmente, não houve troca com a polícia ou algo do tipo, ele soube planejar muito bem, para minha infelicidade. Foram MESES de tortura e medo que pareciam nunca acabar. Cada dia era um pesadelo novo, algo a mais que corrompia meu corpo e minha alma. Ele espancava meu marido, o homem que eu amava, feria-o psicologicamente assim como fazia com meu filho. E...me molestava, sexualmente. Eu não poderia descrever o que sentia, tão pouco consigo sentir algo parecido com o que senti naqueles momentos agora. Ele nos deixava passar fome, frio, e muitas vezes ficávamos doentes com feridas abertas e outras coisas que nem quero me lembrar.

Um dia, ele nos levou há uma sala. Não entendi muito bem quais suas intenções, e depois de tanto tempo, nada parecia me surpreender vindo dele...mas novamente, eu me enganei.
Ele amarrou meu marido à uma cadeira, meu sangue ferveu quando aqueles olhos cor de sangue pousaram em mim e em meu filho, percebendo o medo que sentíamos. E em um único golpe, ele cortou a cabeça de meu marido. Eu gritei.
Gritei alto, mas não tanto quanto gritei por dentro. Meu filho chorou, vendo a cabeça de meu marido ir ao chão, sangrando com seus olhos abertos. Uma cena que jamais poderia me esquecer. Eu abraçava meu menino, tentava impedir que visse mais do que já viu, mas ele o tirou de mim. Arrancou a criança de meus braços, me desesperando ainda mais. Assisti ele berrar ainda mais alto, chorar como nunca havia chorado antes, e seus olhos já deixavam óbvio o medo que estava sentindo, mas para o assassino isso o incentivou a ir mais longe, colocou-o na cadeira tal como fez com seu pai, e a mesma cena se repetiu á minha frente...

Aquilo...aquilo foi horrível. Mais do que isso, eu não conseguiria encontrar uma palavra que definisse, por mais que me esforçasse pra isso. Eu seria a próxima, sei que seria. Mas minha dor era tanta, que eu preferia que acabasse de uma vez, isso já não importava mais, eu não suportava meu próprio corpo, algo que nunca achei que fosse capaz de acontecer.
Ele pegou em meu braço, me olhando fixamente, com tanto ódio como fez ao matar minha família, se não mais. Mas algo inusitado ocorreu: o surgimento da polícia. Eu sinceramente não sabia se isso ajudava muito agora, já era tarde, minha vida já teria mudado mesmo depois de ser "salva" por eles.

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⏰ Última atualização: May 03, 2017 ⏰

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