Visita inesperada

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— Você não tem que querer. Sou sua mãe e você tem apenas que me obedecer. Entendeu Allison? — Repreendeu-me.

— Com licença. — Levantei-me. — Perdi a fome. - Subi para o meu quarto, correndo.

— Você não pode obrigá-la. — Assim que saí, ainda pude ouvir meu pai dizer. Entrei no quarto e joguei-me, em cima da cama. Como minha mãe pode ser assim, tão ambiciosa? Mas numa coisa ela tem razão, se eu chegasse a me casar com o príncipe, nossos problemas seriam resolvidos. Ela já mandou alguns empregados irem embora, já cortou algumas despesas, e fora que as vezes vem uma ou outra pessoa do reino, reclamar que está faltando algo. Mesmo assim, eu não quero me casar agora, e ainda que eu me casasse, teria que ser por amor, não seria justo comigo, casar apenas por dinheiro. Alguém joga algumas pedrinhas pela janela, e fui até ela, e no mesmo instante um sorriso bobo, nasceu em meus lábios. Lá estava ele, Austin, meu amor. Ele foi meu primeiro namorado, e faz um ano que estamos juntos. Ele trabalha na guarda real, do Castelo Watson, e namoramos escondido, já que se meus pais soubessem, não aceitariam. Minha mãe sempre diz que devo me casar com um príncipe, não com seu empregado. Ela sempre foi assim, ambiciosa, e meu pai sempre fez suas vontades. Austin e eu, temos uma relação com muito respeito, e ele nunca tentou ir mais além comigo, e eu o amo por isso, e simplesmente porque o amo. Fico o observando da sacada, enquanto ele sobe em uma árvore próxima a minha janela, e em questão de minutos, ele já está em minha frente. Esse sorriso, como explicá- lo? Simplesmente me deixa, mais apaixonada.

— Oi amor. — Sorri e ele beijou meus lábios.

— Oi. Que saudade. — Confessou e abraçou-me apertado.

Não nos vemos, há uma semana. Sei que não faz muito tempo, mas também não é tão pouco assim. Pude perceber que ele estava tenso, parecia preocupado com algo.

— O que aconteceu? — O observo, enquanto ele se senta no pequeno sofá, ao lado de minha cama. Aproximo dele e espero sua resposta.

— Sente-se aqui. — Sento-me ao seu lado e o encaro.

— Soube que o príncipe, que em breve será coroado rei, fará um baile. — Começou, e eu apenas assinto com a cabeça o esperando prosseguir. — E... - Engole em seco. — Você vai?

— Eu... — Penso em mentir, mas lembro que ele me conhece muito bem. — Eu não sei.

— Você quer ir? — Ergue a sombrancelha.

— Não. — Respiro fundo.

— Mas? — Ele realmente me conhece muito bem.

— Mas meus pais querem que eu vá. — Admito.

— Então você vai, para agradar seus pais? — Bufa de raiva.

— Austin eles são meus pais. — Explico. — E mesmo que eu não queira ir, eles irão me obrigar. Sempre acham um jeito de fazerem isso.

— E se... — Franze a boca. — Ele te escolher? — Desvia o olhar.

— Tenho certeza que haverá, muitas mulheres mais bonitas que eu...

— Mas você, é a mais bonita de todas. — Interrompe-me.

— Mas com certeza, terá mulheres mais belas do que eu. E certamente ele escolherá uma delas. — Dou de ombros, indiferente.

— Mas e se ele te escolher? — Repete a pergunta, e eu estremeço.

— Não irei me casar com ele, Austin. É você que amo. — Lhe dei um selinho.

— Eu te amo, Allison. E Não quero que outro a toque, quero que seja só minha. — Confessa...

— Eu sou sua, somente sua. — Ele se aproxima mais, beija o topo de minha cabeça e abraça-me de lado. Um abraço apertado e aconchegante, que me transmite uma paz. Ele se afasta e encara-me.

— Mesmo que você vá a este baile e o príncipe te escolha, nós daremos um jeito. Está bem? — Assinto com a cabeça e ele beija meus lábios calmamente, acariciando meu rosto. Eu o amo e não o deixarei. Escuto batidas na porta, e nos afastamos no impulso.

— Vá para a sacada, depressa! — Peço.

— Está bem. — Me dar um selinho. — Eu te amo. — Fala antes de se retirar. Observo ele descer a árvore, e vou até a porta abri-la.

— Ora, mas quanta demora para abrir a porta, Allison. — Reclama.

— Desculpa mãe, só estava distraída e não ouvi as batidas na porta de imediato. — Argumento, tentando parecer convincente.

— Distraída com o quê? — Vai até a sacada, e torço para que Austin já tenha descido da árvore e ido embora.

— Observando, o jardim daqui. — Tento parecer indiferente.

— Pois trate de se apressar, pois a senhora Campbell lhe aguarda, para sua aula. — Avisa e se retira.

Que maravilha, esqueci de minha aula de música! Desço as escadas, vou até a sala de visitas e vejo a senhora Campbell conversando com minha mãe. Ao me ver, as duas se calam.

— Bom, vamos começar? — Sorrir.

— Vou lhes deixar a vontade. Espero que aprenda bastante minha filha. — Suas palavras soam como uma ordem.

— Não se preocupe, em breve sua filha estará tocando, para a senhora e até para todos desse reino. — Brinca.

Minha mãe apenas assente com um sorriso gentil e se retira.

— Acho melhor, irmos para a sala dos instrumentos musicais, assim teremos mais privacidade. — Explico e vamos para a sala, onde minha mãe guarda alguns instrumentos musicais, nos quais ela tocava, mas hoje em dia, mal os olha.

Passamos a tarde toda tocando piano, violino e fazendo alguns exercícios para melhorar a voz.

— Parabéns, sua voz e sua maneira de tocar está cada vez melhor. — Me elogia.

— Obrigada, senhora Campbell. — Ela se retira, e uma empregada lhe acompanha.

Vejo um papel em cima da mesa da sala de visitas, o pego e leio com atenção. Há umas notícias sobre criminosos que foram presos pela guarda real. E lá está meu Austin, com sua pose séria de guarda, para a foto e dou um sorriso bobo. Ele é tão lindo! Leio mais algumas notícias e uma chama minha atenção. Hoje á noite haverá alguns músicos tocando, na praça do vale Wolture, próximo ao reino Watson e é óbvio que vou. Não sei se meus pais deixarão, mas pretendo ir. Já está quase escurecendo, então tenho que me apressar. Vou até a sala principal, onde meus pais estão parados conversando.

— Mãe, pai... — Engulo em seco. — Posso ir a praça do vale Wolture?

— Não. — Respondem em uníssono.

— Mas por que não? — Cruzei os braços.

— Você até pode ir... — Ela começou. — Mas... — Sabia que teria esse "mas". — Só se Algustus for com você. — Condicionou. Ah não! Isso não!

Acho que o clima ficará, ainda mais tenso. Quem vai ganhar nessa discussão? Não percam os próximos capítulos.

Até que A Vingança Nos SepareOnde histórias criam vida. Descubra agora