Capítulo único

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Um atacante podia errar um gol, mas um goleiro... Ah, esse nunca podia deixar um gol passar pelo meio de suas pernas. Deveria existir algum mandamento, ditado, piada onde estava escrito "se você é goleiro e leva um frango, deverás ser zoado a sua vida inteira".

Era isso que Loris pensava enquanto tirava a sua blusa e jogava longe, que diazinho de merda. Já no vestiário evitou todo mundo, qualquer olhar ou palavra vindo de alguém além de Klopp - o treinador-, que não o julgou, mas sentia o julgamento vindo por indiretas ditas pelas suas costas.

Odiava essa sensação, no entanto.

Não era como se a culpa do time tivesse caído toda em cima do goleiro, tinha sido um empate, não deveria ser tão ruim assim.

Mas em sua cabeça parecia o fim do mundo.

Na ida para casa conseguiu furar o pneu do carro, o atrasando para o jantar que teria com a namorada e xingar mais uma vez em todas as línguas que sabia.

Scheiße – chutou o pneu, completamente puto. Já mandando uma mensagem para Agatha, pedindo para ela cancelar a reserva do restaurante e avisando que chegaria tarde em casa.

E de novo o mesmo pensamento o ocorreu: que diazinho de merda.

...

Assim que irrompeu pela casa as luzes estavam apagadas, colocou as suas coisas na mesinha próxima a porta e seguiu até o quarto. O ambiente tinha cheiro de incenso de canela e na sombra da luz que vinha do banheiro havia uma silhueta muito conhecida por ele, levantou os olhos e encontrou a namorada encostada no batente da porta.

Ela vestia uma lingerie preta e usava um roupão aberto, e como sempre Loris se perdia facilmente no corpo dela.

– Você é tão linda – elogiou e ela balançou a cabeça, sorrindo envergonhada e se aproximando dele, que ainda estava plantado no meio do quarto.

Hallo, babe – ela disse baixinho, o abraçando pela cintura enquanto ele deixava um selinho nos lábios dela.

– Não me pergunte como foi meu dia, porque já te digo logo que foi uma bosta – Karius resmungou e ela o ajudou a se tirar seu casaco.

– Eu sei – Agatha murmurou –, é por isso que hoje eu preparei várias surpresinhas pra te relaxar.

Assim que se livraram do casaco, foi a vez de sua blusa, onde Loris fez questão de tirar e jogar longe, enquanto sua namorada tateava lentamente as tatuagens espalhadas pelo seu peito. Talvez pela milésima vez.

Ele levantou o queixo dela, se aproximando para unir seu lábios novamente. Dessa vez em um beijo que começou devagar, o tipo de beijo que trazia paz para o pobre coração do rapaz, mas assim que línguas foram somadas trouxe uma dose de lume, que o fez retirar o roupão do corpo da namorada. Se separaram apenas para tomar ar, ao passo que o goleiro arrancava a calça com certa agilidade, fazendo a namorada rir.

Easy, boy – ela segurou as suas mãos. – Meu objetivo é te relaxar primeiro.

– E isso não relaxa? – Sorriu de lado, puxando o corpo dela e arrastando a barba por fazer pela pele macia do pescoço da garota.

Agatha riu, ele sabia que aquilo fazia cosquinhas nela e achava que a risada dela era tão sexy quanto seu corpo. Por fim as cócegas acabaram em mais um beijo e um abraço apertado, os dois ali vulneráveis um para o outro, apenas com roupas íntimas. E por um momento, Loris sabia que a namorada sentia cada peso que ele carregava, especialmente naquele dia.

– Vem aqui – ela o puxou para o banheiro, onde a banheira estava cheia com água morna e sais de banho.

Os dois terminaram de se despir e Agatha entrou na banheira primeiro, convidando Loris a entrar também entre as suas pernas. Ele então acatou o pedido mudo, vendo o nível da água subir até a borda quando se juntou a ela.

Os dedos dela faziam milagres nos ombros dele, soltando cada nó e relaxando cada músculo. Com certeza Karius seria outra pessoa após aquele banho.

– Eu já disse que te amo hoje? – Questionou enquanto ela descia a mão por suas costas e subia.

– Você nunca disse que me amava, Loris – Agatha deu uma risada, o que o fez pensar que ela achava que ele estava falando de boca para fora.

– Então... – Loris se virou, olhando bem nos olhos dela e repetiu: – Eu amo você.

Ela ficou séria e ele passou a língua pelos lábios, tentando formular algo que deixasse claro o quanto ela é incrível e importante pra ele. Agatha tinha olhos que faziam as estrelas parecerem sem brilho, o cabelo dela era perfeito do jeito que era e os lábios... Ele poderia beijá-los o dia inteiro se ela quisesse. Ele não mudaria absolutamente nada nela e ela precisava acreditar nele.

– Agatha, não é só porque você encheu uma banheira e me fez massagem que eu te amo. Eu te amei desde o primeiro momento que coloquei os olhos em você, eu sabia que estava ferrado. E eu não me arrependo nem um pouquinho, porque o apoio que você me dá é muito mais do que posso pedir – ela escutava atentamente a cada palavra que saia de sua boca e deu um sorriso mínimo, o incentivando a continuar. – Eu amo exatamente a mulher que você é, incrível, linda, carinhosa, compreensiva... Se eu for citar todos os seus adjetivos vou ficar a noite inteira aqui.

Loris deu um beijo no nariz dela e ela riu.

– Você só está sendo gentil – disse. – Também tenho defeitos.

– Assim como eu, nós dois temos defeitos e eu amo você com cada um deles.

– Incrível a quantidade de "amo você" que saiu da sua boca hoje – ela o abraçou. – O mesmo serve pra você, amor. Não é porque você errou uma vez que seja um goleiro péssimo, você tem todo o direito de se sentir mal, mas isso não te define, tudo bem?

– Tá vendo como você é incrível – Loris deitou no ombro dela, fazendo carinho em seus braços.

– Talvez nós dois sejamos incríveis no final das contas.

– Que casal hein!

– Eu te amo, Loris Karius.

Agatha disse e ele decidiu dar um fim aquilo, sentando-se do outro lado da banheira.

– Vem cá – pediu e ela levantou uma sobrancelha. – Eu quero venerar cada pedacinho da sua pele.

Ela ainda ficou alguns segundos só vidrada nos olhos dele, antes de balançar a cabeça e sentar em seu colo. Loris pegou a mão direita dela, beijando seus dedos, a mão e depois o braço, até chegar em seu ombro e pescoço onde se demorou mais. Passou para o outro lado, fazendo o mesmo e por fim chegou ao colo dela. Suas mãos, que até então se apoiavam na cintura dela subiram pela barriga e apertaram os seios dela devagar, brincando com os bicos já eriçados com os dedões.

Os lábios do goleiro finalmente encontraram os de Agatha quando ela soltou um suspiro alto, talvez pelo estímulo que recebia, talvez por algo que estava no meio de suas pernas.

Mas ali não havia mais nada com o que se preocupar, era apenas Loris e Agatha, em mais uma noite de amor.  

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