46| Acabou

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Estella


Cheguei em casa cansada e tomei um longo banho. Hoje foi um dia bem agitado, recusei o convite do Ed de ir comemorar com o pessoal, ele entendeu e não insistiu. Estou muito ansiosa pelo lançamento do Multiply, tenho certeza que vai ser um sucesso.

- Eu fiz o jantar!- Adam entra no quarto avisando.

Isso me traz boas lembranças. No nosso primeiro encontro, ele preparou um jantar delicioso para nós dois. Aquela foi a primeira comida caseira que eu comi quando cheguei na cidade.

- Não estou com fome!

O ronco na minha barriga me desmente. Sorte que ele não ouviu.

- Vamos, eu sei que está. Você comeu alguma coisa hoje?- pergunta sentando-se na beira da cama.

Sinto um incômodo com a pequena aproximação. Eu não estou com raiva pelo que ele fez e nem com a forma como ele falou comigo. Ele já se desculpou. Entretanto, o desconforto em estar perto dele é inevitável, porque de uma forma ou de outra, eu o traí.

- Tudo bem.- decido por não estender muito a conversa entre nós.- Eu vou jantar!

- Antes eu quero te dar uma coisa.- ele levanta e pega uma caixinha branca que estava na gaveta do criado.

- O que é isso, Adam?- me entrega a caixa.

Ele não responde, apenas faz um gesto com a mão. Eu abro e vejo meu celular em perfeito estado.

- Eu mandei ajeitar, me desculpa por ter quebrado.- ele suspira.- Eu me descontrolei e agi por impulso.

Embora eu esteja surpresa com seu gesto, tento não esboçar nenhuma reação.

- Não tem importância.- levanto-me da cama e ele me acompanha.

Fomos jantar e durante a refeição nenhum de nós se atreveu à falar, como se fôssemos dois desconhecidos no mesmo teto. Essa situação não pode continuar, estamos nos machucando.

Não é justo com ele o que eu estou fazendo. Eu me sinto péssima por isso, principalmente por ele ser amigo do Ed e, também ser uma boa pessoa.

- Adam, não terminamos de conversar, eu...

- Eu sei quem é o Christopher!- ele interrompe me deixando confusa.

- Como descobriu?

- É muito óbvio, eu só não sei se você estava falando à verdade, quando disse que não sabia.

Não era óbvio, se fosse eu teria descoberto. Penso.

- Antes eu não sabia.- afirmo.

Parece que a única pessoa que não sabia era eu. Mas como ele descobriu?

- Espera um pouco, dizendo que sabe que é o Ed?

- Eu só descobri hoje, eu não sabia mesmo.- explico.

- Foi ele que falou?- inquiriu com o tom de voz um pouco mais alto.

- Sim, mas chega desse assunto.- tudo o que eu menos quero é brigar.- Não é sobre ele que eu quero falar, é sobre nós.

- Ultimamente parece que o Edward faz parte do nós.- dá ênfase em "nós" e eu percebo o desapontamento em sua voz.

Toda essa conversa é tão cansativa, eu já estou farta disso. Porém, eu não o culpo por se sentir assim em relação ao Ed, a maioria das nossas discussões era por causa dele.

- Chega de falar nele, o que eu estou tentando dizer é que acabou.- digo de uma vez.

- Acabou?- ele franzi a testa parecendo confuso, mas eu sei que entendeu.

- Tudo o que fazemos é brigar, eu estou cansada disso, não podemos continuar com esse relacionamento sem futuro.- digo.

- Você quer jogar três anos no lixo?- cospe as palavras como se eu tivesse dito alguma blasfêmia.- A gente pode tentar resolver nossos problemas.- insisti.

- Adam, eu pensei muito nisso e não vou voltar atrás.- chego mais perto dele.- Você fez muito por mim nesses últimos três anos, tivemos bons momentos e você vai ser sempre importante para mim.

É impossível não lembrar de todos os nossos momentos juntos, dos bons e dos maus. Mas estou certa dos meus sentimentos pelo Ed.

- Você ainda sente alguma coisa por mim?- ele abaixa o rosto.

Sinto uma dor no peito por fazer isso com ele.

- É claro, eu amo você e sempre vou amar, mas como um amigo.- seguro seu rosto e posso ver uma lágrima solitária escorrer.

Ele limpa rápido o rosto voltando a postura de antes e retirando minhas mãos dele.

- Certo! Eu não vou insisti.- ele pega o casaco que estava jogado no sofá e sai me deixando sozinha.

Eu não queria que fosse assim.

Independentemente das discussões constantes entre nós, eu não aguento vê-lo triste ou magoado comigo. Ele sempre foi bom pra mim de todas as formas e eu não quero que ele me odeie, eu não me perdoaria por isso.

As vezes acho que a única pessoa ruim nessa história toda sou eu.

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