Capítulo antecipado!!!
Presentinho para o dia das mães, quando sei que várias pessoas vão estar ocupadas.
Felicidades para essas guerreiras!!!
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☆Assim que nos chocamos, tamanha velocidade, deixei que meu pai caísse em meus braços e chorasse até se desfazer. Surpreendi-me com minha própria reação: nenhum choro, apenas... vazio. E, assustadoramente, nenhuma piedade.
- Alessa! Ah, filha! - gritou, soluçando e apertando-me ainda mais - eu fiquei desesperado! Quando acordei, Sarah nem sequer me explicou direito o que havia acontecido! Quase enlouqueci!
Algo dentro de mim, que fervilhava discretamente há tempos, explodiu. Foi como um empurrão mental, que me fez abrir a boca e nem perceber o que estava falando:
- Ah, é? Pena que isso não é sobre você. Se esteve preocupado, então eu estive sofrendo esse tempo inteiro. - o tom seco não era proposital.
Meu pai me soltou, segurando meus ombros e impondo distância entre nós. Seus olhos negros estavam vermelhos, demonstrando choque e tristeza.
- Eu vi pessoas morrendo. Eu vi pessoas sendo torturadas. Eu vi pessoas presas. Eu também estive presa. - as palavras não paravam de jorrar - e, mesmo assim, não o vi lá uma única vez. Pelo jeito, desistiu mais cedo do que imaginava.
Pude ver algo se quebrar em seu olhar. Papai (como eu o chamava antes de minha mãe morrer), parecia afundado em um poço de angústia.
- Não! Eu juro! Jamais desistiria de você! - sua voz estava aguda de tão fina - eu tentei tirá-la de lá! Ofereci todo o meu dinheiro, mas eles não aceitaram! Tentei de tudo, mas disseram que se eu denunciasse a alguém, te matariam! - soluçou - e eu não podia ver mais alguém que amo morrendo na minha frente. Sua mãe...
Abraçei-o. Finalmente, as lágrimas escorreram, e chorei copiosamente. Senti meu corpo tremer, de tanto que me agarrei em seu terno. Não era por ter me rendido, esquecido de certa raiva que ainda sentia. Era por todas as coisas que eu havia perdido, entre elas minha casa, minha mãe, meu pai, minha liberdade, minha vida. Era porque eu sabia, não importavam as circunstâncias, que nada voltaria a ser como antes, como quando era criança. E porque sabia como era sacrificar o próprio coração por algo perdido, pela tristeza. Babi me mostrara isso, e a Sociedade estava aumentando essa perspectiva.
Amar é sofrer, querer não é poder. Afinal, somos feitos para servir aqueles que nos aprisionam, e quebramos tão facilmente quanto a porcelana. Entendi porque o nome da Sociedade era aquele.
Meu pai me abraçou de volta, talvez lamentando seus próprios fardos de vida. Eu não sabia como mamãe havia morrido, mas o que ele dissera... outra pessoa amada morrendo em sua frente... ter vivido isso tão de perto, talvez me tenha feito compreender melhor.
×××
Conforme o aperto no abraço e as lágrimas envolvidas foram diminuindo, percebemos Ônix e Rubi, imóveis ao lado dos seguranças. Meu pai os chamou para entrar, e pude rever a casa que há pouco havia deixado. Não quis entrar em meu quarto, seria demais para aguentar. Apenas rondei o andar debaixo, checando como estavam as coisas: exatamente iguais, como se nada houvesse mudado.
Não comentei sobre meu destino com meu pai. Acho que ele sabia que aquela era uma despedida. Apenas conversamos sobre amenidades, deixando de lado tudo que pudesse envolver a palavra "adeus". Ônix e Rubi não pronunciaram uma sílaba, respondendo apenas o que lhes era perguntado. Deixaram-nos à vontade para que falássemos o necessário.
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Porcelana - A Sociedade Secreta (Completo)
Fantasy☆Sociedade Porcelana - Livro 1☆ "Pareciam bonecos em uma estante. Seus rostos, tão lindos, não tinham emoção alguma. Suas peles, tão brancas e sem marcas, pareciam porcelana. Seus olhos, tão multicoloridos, pareciam pingos de cor em uma tela vazia...