little box of kisses ↬ SULAY

01

"E eu vou ter que lavar sua boca com sabão."

.
.

Não é possivel que o garoto fosse tão lerdinho para não perceber que havia alguém querendo aquele sorriso exclusivamente para si, ou talvez mais que um simples sorriso. Não era tão difícil ler nas entrelinhas.

"Você conhece a Jennifer Lawrence?" Parece bobeira começar de uma forma tão desajeitada, mas Junmyeon não se importava com isso.

"Sim, é aquela que dubla o bob esponja?"

"O que? Não! Ela é muito mais importante! Ela é a Katniss." Disse um pouco entusiasmado demais "Você sabe quem é,nao é, Xing?"

"Hum..."fez biquinho, usando todas as suas forças para tentar lembrar-se daquele nome peculiar "Não"

Junmyeon arregalou os olhos. Como assim, ele não sabia quem era J Law.
Respirou fundo e falou com o máximo de paciência possível.

"Ela fez um filme, Xing..." talvez conseguisse chamar a atenção do maior "e o diretor disse que..." ele ainda continuava a saborear o sorvetinho de menta e chocolate sem dar a mínima atenção a criança que falava à suas costas "se qualquer um dos atores xingassem, eles teriam que colocar um dinheirinho num pote. O pote dos xingamentos. Entendeu, Xing?"

Era possível alguém conseguir tirar os olhos de um pote de sorvete delicioso para prestar atenção num Junmyeon desesperado querendo um pouco de dinheiro?
Óbvio que não. É simplesmente impossível, ainda mais para aquele garoto levado.

"...eu pensei em fazer um potinho daqueles também, aí, SEMPRE QUE VOCÊ XINGAR, É SÓ COLOCAR UNS DOIS WONS NA CAIXINHA!"

"Mas eu não xingo."

"Você Xing-a sim." E riu da própria piada, sendo observado pelos olhos castanhos do moreno, que o julgavam até o fundo de sua alma.

"Eu não tenho dinheiro." E enfiou a cara no pote de sorvete verde.

Era isso que ele, Kim Junmyeon, esperava que o maior dissesse. Tentando segurar sua ansiedade, falou um pouco alto e rápido demais.

"NÃO-PRECISA-SER-DINHEIRO!"

"uh?"

"Não precisa ser dinheiro." É normal um coração acelerar por motivos bobos?

"Mas não é uma caixinha de dinheiro?" Confusão. Confusão é o que define esse garoto irritantemente lerdo. Não seria de se admirar se ele sentasse num banquinho para comer hambúrguer e logo depois esquecesse o que foi fazer ali.

"Você já ouviu falar daquelas barraquinhas que as pessoas fazem para trocar beijos por dinheiro?"

Estava óbvio agora. Era o mesmo que dizer: "deixa eu enfiar minha língua na tua boca...Xing"

O loirinho não esperava se desapontar novamente, mas não foi só desapontamento. Foi o mesmo que sentir vontade de rir num enterro.

"Ah sim, sei o que é isso. Papai já me falou sobre prostitutas." Pior que o fundo do poço, era o Yixing.

Só para deixar claro o nível de inteligência dessa amada fonte de sorrisos...

Sabe aquela pergunta idiota que toda criança idiota faz para outras crianças idiotas?

Não que o mais velho fosse criança, mas há uma dúvida entre idiota. Não querendo ofender, é só um tipo bem diferente de, 'tá, criança, uma criança que cresceu demais.

"Hey, Xing! Qual a cor do cavalo branco de napoleão?" Não tem como errar, ele até deixou a palavra bem nítida, mas, de todas as vezes que o menor perguntou a resposta sempre era...

"Como eu vou saber Jun, eu não era da época das cavernas."

Era até facil relevar isso, já que logo depois ele abria o melhor dos seus sorrisos e era aquela covinha que o fazia se esquecer do que realmente estava fazendo ali.

"Não são prostitutas, são apenas pessoas que trocam beijos por dinheiro." Apoiou o cotovelo na mesa, jogando seu peso ali.

"Prostitutas vendem o corpo. Vender é o mesmo que trocar algo por dinheiro, seu bobinho."

"Tudo bem, eu sou bobo. Mas...o que você acha de eu fazer uma daquelas caixas?" Desde o início da conversa, ele pensava que seria bem mais rápido e menos complicado.

"Não acho nada legal. Deve ser horrível ganhar dinheiro dessa forma."

"Xing...eu vou fazer uma caixinha de beijos!" Não era para exagerar tanto, não era para ser tão direto, mas, fazer o que...
"Você xinga e quando xingar, em troca me dará um beijinho, entendeu?" Logo depois de falar e ouvir aquelas palavras (soavam estranhas em sua voz) sentiu uma onda de calor alisar suas bochechas.

O chinês demorou um pouco para responder, mas não era tempo gasto para pensar na resposta era mais porque sua boca estava lotada com uma ou duas grandes colheres de sorvete-colgate.

"Sua caixinha de beijos ficará vazia, eu não xingo."

Ele não falou de forma grosseira, mas mesmo assim, se enterraram no peito do menor como facas.

E só um momento depois ele teve uma ideia. Idiota, mas que provavelmente daria certo.

"Eu não queria te dizer a verdade nua e crua, Xing, mas Titio avô é a coisa mais idiota que já vi na minha vida!"

O resultado foi instantâneo. O maior lançou o pote de sorvete na parede olhando para os olhos do menor de forma assustadora/muito fofa.

"Retire o que disse JunJun! Agora! Isso não foi educado da sua parte."

A força física e mental que o fazia segurar as risadas tinha que ser absurdamente maior que o amor do chinês pelo pororo.

"Não se retira a verdade, já foi dita!"

"Coquinhos!"

"Aha! Você xingou!" Berrou, triunfante.

"Desculpe JunJun..."

"Nada de desculpas, lembra da minha caixinha de bei...palavrões."

Sabe aqueles filmes de criança em que os personagens se beijam? Pois é, o Kim se sentiu em deles.
Era para ser uma caixa de beijos e não de selinhos sem graça.

Yixing chegou perto e se afastou segundos depois, como se tivesse se queimado.

E mesmo sendo um beijinho ridículo, isso não impediu que o mais novo virasse um tomate com folhas tingidas de loiro.

Mas, da próxima vez, iria xingar cada partezinha daqueles desenhos animados tolos que o Zhang ficava tão animado para assistir.

E nesse momento, não ia deixar que fosse tão rápido.