A Marca do Amor (Romance Lésbico)

Capítulo 04 A DESCOBERTA

Julia acabou dormindo depois da crise de vômito, ela se sentia mal por fazer Amanda passar por isso, mas não poderia fazer nada, ela não acreditava e ninguém iria fazer ela mudar de ideia,

- Está melhor? – Perguntou Bruna, sentada na cama, observando Julia despertar aos poucos.

- Sim, ela melhora, eu melhoro, só temos um problema.

- Que bom, e qual seria?

- Ela vem me procurar, disse que vem me tocar. – Fala calma.

- Meu Deus JU, como você fala isso tão calma? – Bruna diz quase gritando e levantando da cama.

- Bruna, você não percebe, será o fim, iremos acabar com isso, ela vem nos tocamos e pronto, cada uma segue sua vida, um simples apertar de mãos e estarei livre para sempre dela.

- Não sei como você consegue ser tão fria JU, eu agradeço todos os dias para quem for por Pedro só ter pensamentos bons em relação a nós dois.

- Não exagera Bruna, como eu disse vamos acabar com isso, estarei esperado por ela, com um sorriso no rosto, um oi e um adeus.

- Espero que você esteja certa JU, por que se não isso será um desastre, eu, seu pai, sua mãe, você sabe, o mundo sabe que uma alma gêmea não ama outra pessoa sem ser a sua marca, e nunca será feliz com outra pessoa, isso nunca dará certo.

- Não se preocupe Bruna tudo ficará bem, depois desse encontro, tudo ficará perfeito.

Julia estava confiante com esse encontro, na mente dela, era só um aperto de mão, um toque e estaria livre, ela só não sabia de uma coisa, sua amiga estava certa, uma alma gêmea não vive sem a outra e elas se reconhecem pelo olhar, fato esse que deixará Julia a mercê do amor de Amanda.

- Você tem certeza disso? – Perguntou Amanda para Marta que também colocava sua mala no carro.

- Claro, eu nunca que iria deixar você ir sozinha ver essa sem coração Manda, eu sou sua guarda costa, aqui, e em qualquer outro lugar do mundo. – Amanda gargalhou.

- Todo bem, vamos nessa, irei definir meu futuro, e acabar com isso de uma vez.

Amanda entrou no carro, lançou um sorriso tímido para Marta, colocou o cinto, e deu a partida, estava indo para um caminho sem volta, terminaria com aquela dor, e nunca mais sofreria com os pensamentos de Julia. Já Marta, se continha para não transparecer sua felicidade, estavam indo dá o passo em que Amanda se abriria para a vida, essa poderia ser sua chance, na verdade sua única chance, e estava disposta a conquistar Amanda, nem que seja para cuidar de seus restos, só queria ficar perto dela, seja como for, e quando for, só a queria, e estava feliz por ela tomar essa decisão.

- Ela está vindo. – Disse Julia calma para seus pais, que também conheciam toda a história e também não apoiavam sua decisão, queriam ver sua filha feliz, e sabiam que sem sua marca não seria possível.

- Como? – Perguntou sua mãe dando uma garfada em sua torta, estavam comendo a sobremesa do almoço.

- Amanda, ela está vindo me tocar e se livrar de mim de uma vez por todas.

- Você falando assim, até parece que é ela que não quer você, e que ela que é a vilã da história. – Disse o pai de Julia irritado.

- Não existe vilã papai, eu não quero e não vou fazer nada que EU não queira só para agradar alguém.

- Você tem certeza disso Julia? – Perguntou a mãe.

- Sim mamãe.

- OK. Só quero te falar uma coisa Julia, eu nunca te falei isso, mas acho que chegou a hora. Quando eu encontrei sua mãe, eu estava totalmente fora de mim, eu não a queria, sabia que tinha que ficar com ela, a amava, mas não a queria, não mais, e sabe porquê? Por que...

- Carlos, pare. - A mãe de Julia não o deixou terminar.

- Não Andreia, ela precisa saber, ela tem que saber o que irá acontecer se fizer isso. Então, eu não queria a sua mãe, porque ela não me queria, eu sofri cerca de 4 anos com seus pensamentos e sentimentos, e sabe o que é pior, eu escutava ela com outras pessoas, eu podia sentí-la tendo prazer com outra pessoa, sabe o que é isso para uma alma gêmea? Você com certeza não sabe, sua mãe demorou 5 anos para perceber que não conseguia sua felicidade com outra pessoa, e sabe o que aconteceu? Ela veio atrás de mim, não porque me amava, ou achava que não, ela só queria ter certeza de que o problema não era esse, ela queria se provar de que não era culpa da marca. Eu escutava tudo, eu entendia o que ela queria fazer, a diferença entre eu a Amanda é que eu não tive a coragem que ela está tendo e ir atrás da sua mãe logo, me livrar dos pensamentos, eu a queria por perto, de qualquer forma, nem que fosse só por pensamentos, mas quando ela veio, eu estava seguindo em frente, já convivia com seus pensamentos sujos, emoções incômodas, até que conheci alguém, uma irreal, no trabalho, eu tinha 22 anos, faltava um ano para terminar a faculdade e resolvi investir, afinal o que poderia dar errado? É e deu, sua mãe apareceu, e Verônica já estava apaixonada por mim, me vi entre a razão e o coração, e confesso a você por mais que eu quisesse escolher a razão, eu não consegui, quando vi sua mãe ali parada na minha frente, não soube explicar as emoções, eu só queria abraçá-la, beijá-la, amá-la. Depois disso nunca mais vi Verônica, e cá estamos. Então quero que pense bem no que está fazendo porque sua mãe só me encontrou porque ainda me escutava, depois que fizer o que pretende a perderá para sempre, e uma "Verônica" poderá aparecer na vida dela. – O pai de Julia terminou seu discurso, e se retirou da mesa, indo para seu escritório, Julia percebeu que sua mãe chorava.

- Porque nunca me disseram isso?

- Você não sabe como me sinto envergonhada de tudo isso, seu pai me amava, me ama tanto, eu o fiz sofrer tanto, tanto que... que... Deus, eu quase o perdi. – Disse Andreia já não conseguindo segurar suas lágrimas.

Julia não sabia o que dizer, na verdade não tinha o que dizer, ela só foi ao encontro de sua mãe e a abraçou. Ela só queria confortá-la. Naquele momento ela entendia o porquê de sua mãe sempre insistir em ao menos conhecer Amanda, ela só queria que Julia sentisse o que ela sentiu quando viu Carlos pela primeira vez. Estavam confortáveis uma nos braços da outra a mãe já não chorava, mas a filha sentia a tristeza de Andreia. De repente a campainha toca, Julia se afastou de sua mãe e soltou.

- Ela está aqui.