DAMAGE;

you ruined everything

— alô? — sua voz era mesma, um pouco mais grossa devido ao sono, mas a mesma.

— taehyung...

— jungkook? — disse desacreditado.

eram três da manhã e eu lhe ligava.

eu só não aguentava mais viver engasgado. engasgado com todas as palavras que eu não pude te dizer por conta das lágrimas e soluços que me impediam sempre que te encarava.

— é você? jeon jungkook? — tornou a perguntar. você parecia ter finalmente despertado.

— sim. — a linha ficou em silêncio por um longo tempo, somente sua respiração era ouvida. aquela que eu ouvia em meu ouvido á noite.

— sabe que horas são?

— sei. eu só estou farto de ter que viver infeliz.

— você tá bêbado?

— não taehyung. eu não estou bêbado. até por que eu odeio álcool, mas vejo que você se esqueceu disso também. — era possível sentir a armadura em minha voz.

— eu esqueci tudo que seja envolvido á você. se esqueceu do que pediu? — seu tom seco foi como milhões de facadas ao meu coração. aquilo doeu.

— não esqueci, não. é impossível esquecer de algo daquela noite.

— incluindo seus gritos absurdamente altos.

— e seu rosto cínico. — você se calou. — eu só quero que me escute, sem falar nada. absolutamente nada.

— eu não sou psicólogo.

— e eu não ligo.— entendi o silêncio como uma confirmação para que eu continuasse. — kim taehyung, eu te odeio. eu odeio você. — respirei fundo. — seus sorrisos direcionados para outras pessoas que não sejam eu me deixavam muito mal. você sabe por quê? porque eram sorrisos sinceros.

— você é lou- — lhe interrompi.

— me deixe falar! — falei um pouco mais alto. — não era ciúmes, não, não era. me deixava mal porque você não sorria pra mim como sorria para eles. me deixava mal porque você não ria comigo. eu nunca ouvia o lindo som da sua risada em um ambiente que só estivesse nós dois, taehyung.

— eu já te expliquei.

— eu mandei não falar! eu não quero explicações! eu quero que me ouça!— gritei. meu nariz já estava se tornando vermelho e eu sentia que podia desabar a qualquer momento. — lembra quando fazíamos um ano de namoro e você esqueceu? tudo bem, eu relevei, sua memória era ruim. você esqueceu do nosso encontro e eu tive que ir embora daquele maldito restaurante porque você não veio! taehyung, você não veio! e a causa foi a pior de todas: você tinha uma "reunião" muito importante. era mentira! você não tinha reunião nenhuma taehyung! você mentiu pra mim, e eu somente relevei porque eu te amava demais para acreditar naquilo.

— jeon... você está chorando?

— eu estou sangrando. — funguei. —você matou meu coração. você o partiu em milhões de pedaços. taehyung, você é horrível. — enxugava as lágrimas mas elas desciam sem limites e eu desistir, e deixe-me chorar tudo que eu tinha me proibido de chorar. — você pisou na única coisa que ainda restava de meu corpo. você quebrou, amassou, bagunçou, matou meu coração. tem ideia disso? — você continuava em silêncio. você não tinha coragem de contestar fatos. você era um covarde. — eu te dei todo o meu amor e você o descartou da pior forma possível.

— você terminou comigo.

— você me traiu taehyung! você me trocou por duas pessoas! o que foi? eu não era o suficiente? — gritei e jurava que você afastou o telefone da orelha. eu conhecia seus costumes. — me responde! o que eu fiz de errado para merecer algo tão ruim?

— não é isso... — sussurrava.

— então o que é? você disse que me amava, e eu acreditei! porque eu confiava em você! eu acreditava quando chegava tarde e dizia ser culpa do trânsito. eu acreditava quando passava os finais de semanas "viajando á trabalho". eu acreditava que você estava cansado demais para assistir um filme comigo, eu acreditava. eu acreditava em você porque eu te amava. — minhas palavras era interrompidas pelos soluços que saiam de minha garganta. — e caramba, eu tampei meu olhos. eu me ceguei para tudo que acontecia. eu não queria que aquele relacionamento querido que nós tínhamos acabasse. eu não queria, taehyung!

— sinto muito.

— não, você não sente. você não sente nada por mim. nunca sentiu. você fingiu ter um coração. você é vazio. e nada, nada pode ocupar isso em seu peito. você não ama ninguém, ninguém. — minha voz ficava trêmula a cada lembrança daquela época ruim que se repetia em minha mente.

— nossa relação... ela nunca foi... recíproca... — sua voz também estava baixa.

— então me conte o porquê de ter me pedido em namoro! de ter me beijado! de ter transado comigo! por ter feito promessas sobre o futuro! por que fez isso? eu apenas gostaria de saber porquê.

— eu... eu pensei que... pensei que conseguiria, porque eu te amo. eu te amo pra fingir um relacionamento que não existe. eu te amo pra me forçar a sentir o mesmo que ti. me desculpe... eu só queria te ver feliz... — senti uma ponta de dor ao ouvir sua voz embargada. provavelmente estava para chorar. — mas eu queria ser feliz também, e minha felicidade não era a mesma que a sua.

— você não me ama. quem ama não machuca e você taehyung, você já me machucou tanto que nem sei como estou vivo.

— eu só não queria destruir nossa amizade... jungkook... me desculpe... eu queria te ver feliz... — eu fiquei chocado. você tinha dito aquilo mesmo? você ao menos ouviu o disse?

— você não só destruiu nossa amizade como também me destruiu. destruiu qualquer esperança sobre o amor verdadeiro. destruiu cada molécula que ainda me restava. taehyung, você destruiu tudo. tudo.

chamada finalizada.

amor finalizado.