13. Bruna - Caramba!

123 14 1
                                    

Caramba! O que foi aquilo?

As pessoas simplesmente piraram com a nossa coreografia. O auditório todo de pé. O próprio Marquinhos da Cruz ficou de pé para a gente. Apertei com força a mão do Kadu. Se eu fiquei nervosa com aquela agitação toda, imagina ele.

─ Para mim, vocês são a dupla favorita deste ano. Se na primeira apresentação vocês arrasaram desse jeito, não sei o que esperar para as próximas. Vou aguardar ansioso. – Marquinhos da Cruz falou para nós quando o apresentador pediu sua opinião.

Abracei meu parceiro. A noite tinha sido dele.

A coreografia dele conquistou os jurados. Diferente dos outros competidores, não havia passos aéreos. Ele insistiu em usar apenas passos de gafieira e isso fez toda a diferença. Ele sabe exatamente o que é estético em termos de dança.

Além disso, sem fugir da regra, Carlos Eduardo se transformou na pista de dança. Ele estava tão lindo de camiseta branca, calça jeans, sapato bicolor e chapéu que eu pude ouvir as bailarinas suspirarem enquanto ele passava. O efeito tigre surpreendeu a todos como eu já sabia que surpreenderia.

Na noite em que os pares foram escolhidos, Kadu estava de terno. Cabelo para trás. Todo seu comportamento sugeria nervosismo e timidez. Era um moleque. Hoje, com o cabelo certo e lente de contato, ele foi uma versão moderna do malandro carioca e não houve moça que não suspirasse por aquele tigre inimaginável tatuado ali.

A delicinha aqui também se garantiu, é claro. A essas alturas do campeonato, eu me jogaria de um prédio no colo do meu parceiro. Tenho a impressão de que Carlos Eduardo cairia no chão para impedir minha queda. De maneira geral, não sei ao certo em que momento ficamos assim tão próximos, tão confiantes um no outro. Só sei que esta noite em me soltei, eu fui a mulher estonteante, fogosa, sedutora e ao mesmo tempo fiel, loucamente apaixonada por esse cara, eu fui dele naquela pista de uma forma que nunca fui de mais ninguém.

Nossos olhares se cruzavam e saíam faíscas. Nossos corpos se encontravam e os arrepios de desejo estavam lá. Kadu me pegava de um jeito que eu cheguei a imaginar que fosse de verdade. Talvez eu quisesse mesmo que fosse de verdade.

A coreografia ficou impecável. Um passo encaixado no outro com precisão. Sem pausas. Sem vacilo. Sem atraso de um tempo sequer. Um ioiô, um facão, uma cadeirinha, eu pegando o chapéu dele e colocando em mim mesma. Meu coração acelerado. Uma velocidade incrível na sequência de movimentos.

Quando foi que ficamos tão bons?

Nem eu sei. Acho que a adrenalina funciona bem para nós dois. Mal conseguimos compreender que acabara. A explosão dos aplausos. O comentário dos jurados. Parecia que estávamos em outra dimensão.

Saí do palco abraçada com ele.

─ Parabéns! – Alguém me puxou pelo braço para me cumprimentar. Kadu sorriu e seguiu para encontrar a professora Eleonora.

Quem me segurava era Altair. Outro participante do Dança das Celebridades. Jovem jogador de futebol. Promessa da Seleção Brasileira para a próxima copa. Não passava de um menino. Tinha no máximo um ano ou dois a mais que eu, mas a sua fortuna já beirava o bilhão.

─ Você estava um espetáculo lá em cima, princesa.

Não pude deixar de sorrir. A comparação era inevitável. Eu estava nos braços de um cara que jamais me chamaria de princesa com esse tom tão primitivo, tão peão de obra. O contraste foi chocante. O rapaz na minha frente, entretanto, entendeu o sorriso como lisonja.

─ Obrigada.

─ Sabia que eu te acho muito linda? – Ele se aproximou mais.

─ Sabia que muita gente também acha? – Provoquei dando um passo para trás.

─ Deve ser verdade. – Ele passou a mão pelo meu rosto. – Mas será que muita gente tem uma Ferrari na garagem?

─ E será que ainda tem homem que acredita que uma mulher fica com ele por causa do tamanho do seu carro?

***

Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora