2º Capítulo
“Queres ver o Saw?” –ele pergunta.
“É muito violento? Envolve animais?” –pergunto assustada.
“Não e não.” –senta-se no sofá mas chegamos a casa.
“Sei que estás a mentir no primeiro ‘não’!” –faço cara de óbvia.
“Tu aguentas!” –goza comigo indiretamente.
Sentamo-nos no sofá e sinto as pernas tremer, não do frio, mas do filme. Sou tão dramática, o meu vício de encontrar problemas em tudo está-me no sangue.
“Hey Jack! Eu ainda não fiz o progeto de psicologia!” –lembro-me e salto do sofá com as mão na cabeça.
“Calma, copias o meu!” –ele diz descontraido a olhar para a TV.
“Copio pelo teu!?? Jack, não pode ser! Tenho de ir fazer agora!” –salto para cima do sofá e agarro o braço dele. Sei que parece que me quero livrar do filme, mas não é! Tenho mesmo de fazer o trabalho.
“Depois do filme fazes Sarah!” –ele empurra-me para me sentar. -“E e concentra-te no filme!” –conclui.
O filme acaba e vou até à porta com o Jack.
“Odiei o filme.” –queixo-me.
“Não estavas atenta.” –ele argumenta.
“O filme não era do meu agrado!” –riposto.
“Até amanhã princesa.” –abraça-me. Coro logo, não sou muito dada a rapazes e quando acontecem coisas destas limito-me a ficar parada.
Estou a caminho da universidade para mais um dia emocionante de aulas que qualquer um gosta. Não minto, uso bem o sarcasmo. Idiotas musculados armados em bons sempre rodeados de miúdas lindas e populares que sugam os pescoços e as carteiras deles até à útima. Eles fazem alguns dos meus dias se tornarem assombrados. Tenho de passar todos os dias pelo banco parvo onde eles estão a exibir o seu porte atlético.
“Então marrona, dormis-te as 10h necessárias ou estiveste a estudar para os testes do proximo ano?!!” –o idiota do Mike fala e atira uma bola de papel contra as minhas costas.
Estou cansada disto, é todos os dias a mesma coisa. Todos os dias sinto-me uma falhada. Sinto nervosismo em passar aqui. Tenho de me defeder. Paro a meio do caminho e tento ganhar coragem para falar. Precinto que eles ficaram todos a olhar para mim. Mas nada, sigo o meu caminho e o dia esta estragado, novamente...
“Ias dizer alguma coisa?” –eles riem.
Com toda esta confusão já não sabia que raciocinio levava, o trabalho de psicologia é muito importante e não posso falhar logo na primeira semana de aulas. É o tudo por tudo! Exposições orais deixam-me nervosa, dar nas vistas não é para mim. Ser observada é horrível.
«É agora Sarah, é agora!» –repetia baixinho para mim.
“Olha, podes-me dizer onde é o laboratório D?” –um rapaz alto de caracóis chega-se perto de mim. Assustador.
“Ah? Desculpa não te ouvi.” –peço que repita.
“O laboratório D, onde é?” –repete.
“Acho que é por ali.” –aponto e viro costas para seguir o meu caminho.
“Espera, leva-me lá. Não estou a ver onde é!” –ele passa a mão pela franja depois de me agarrar. Ajeito o meu cabelo num sentido de vergonha como faço sempre.
“Estou com pressa para um trabalho...” –aviso.
“É por ali certo?!!” –pega-me pelo braço e arrasta-me pelo corredor. O que ele pensa que está a fazer!!
“Ouve rapazito! Tenho exposição para fazer agora! Já passou da hora! A sala é ali.” –aponto. Que cena foi esta?!
Juro que me passei, não costumo ser assim, mas ele estava a ser teimoso e queria as coisas à maneira dele!
Corro para sala, espero que não esteja muito atrasada. Abro a porta e encaro o professor e a sala.
“Desculpe o atraso professor, aconteceram umas coisas.” –explico-me.
“A menina já não vai poder fazer a sua apresentação. Está atrasada 10 minutos.” –ele fala entoando pela sala. Nem posso querer!!
Sento-me na cadeira, estou revoltada! Se aquele rapaz me aparece à frente eu desfaço-o, ou então só me escondia, e não dava nas vistas. Mas a minha vontade mesmo era estrangolá-lo!
Corro para o bar da universidade no fim da aula, tenho de apanhar os primeiros bolos! São sempre os melhores, os que vêm a seguir estão queimados por norma. Olho para o balcão e ainda tinha um bolinho, tem de ser meu!
“Quero aquele bolo, por favor.” –pede a rapariga ao meu lado. Lanche da manhã estragado..
“Oh, poxa!” –digo baixo. Não o suficiente porque a rapariga fixa em mim.
“Ah, querias o bolo? Podemos partilhar se quiseres.” –que simpática.
“Bem se não te importares.” –aceito a oferta.
“Senta aqui.” –sentamo-nos numa mesa. –“Como te chamas querida?
“Sarah.” –digo-
“Sou a Diana. Está um pouco nervosa, que se passa?” –ela pergunta. Estou a dar assim tanto nas vistas?!
“Bem, um rapaz hoje de manhã fez-me faltar á minha exposição oral, era uma disciplina importante. Todas são, mas aquela era mesmo! Não é um otário!! –digo revoltada ao voltar a lembrar-me do acontecido. Rapazes estragam mesmo tudo.
“Ouvi o que disses-te, desculpa se te fiz perder o trabalho!” –não deu conta e ele estava mesmo atrás de mim. Fiz figura de parva!
“Tudo bem.” –respondo envergonhada. Ele vai embora e respiro de alívio.
“Foi aquele o rapaz ?” –perguta ela.
“Sim.”
“Então e tu perdoas assim, nem lhe dizes nada!?” –ela choca.
“Pois bem coitado, ele ouvio o que disse dele”
“Tens de ser muito boa pessoa para perdoares assim.” –ela sorri.
“Tenho de ir para a proxima aula, adorei conhecer-te.”
“Eu também, amanha arranjo dois bolos para nós à mesma hora!” –foi bastante simpática, e até me ouvio.
Só espero que o resto do dia seja melhor.