eu viveria e morreria pelos momentos que roubamos

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O dia estava gelado, confirmando as previsões do tempo, que antecipavam o inverno. O final do ano estava cada vez mais perto e Maite e Alfonso faziam planos para os feriados que viriam.

"Ok, então passamos o dia com meus pais. Minha mãe está louca para te conhecer, ela não para de falar de como quer te ver. E então no dia seguinte iremos para a casa de seus pais." Alfonso repetia, resumindo a conversa que estavam tendo. Ela estava entre as pernas de Alfonso no carpete escuro da sala dele. Ela brincava com as mãos grandes dele com seus dedos finos. Tinham acabado ali depois de decidir que ali era o melhor lugar para se aquecer, bem perto da lareira elétrica que ele tinha.

"Isso deve ser mal de mãe, pois a minha também não para de tagarelar sobre como quer te conhecer e que faz tempo que estávamos juntos e toda essa coisa." Maite disse, rindo. Alfonso gostava de ouvir o som ecoar pela sala quase silenciosa.

Eles haviam terminado de ver um filme, bem, ele havia terminado, Maite tinha dormido quase todo o filme e havia despertado na cena final. Claro que Alfonso não deixou por menos e, ainda que vê-la dormir em seus braços tivesse sido a melhor coisa em sua vida há tempos, fez questão de não deixar que ela escapasse sem um 'castigo' que basicamente consistia em beijos e cócegas. Depois de um bom tempo assim, eles começaram a falar dos planos para o fim e ano e pouco a pouco foram organizando seus horários para que não ficassem muito tempo separados.

"Estou um pouco nervosa, você disse que eles sabem tudo sobre mim, isso quer dizer que contou sobre Robert também? Não quero que eles pensem que sou louca" Alfonso tomou o rosto de Maite nas mãos e virou delicadamente para si.

"Que bobagem, Mai. Ninguém te acha louca, muito menos meus pais, eles estão ansiosos para te ver, só isso." Ele depositou um rápido beijo em seus lábios. "Está tudo bem" Ele a viu abrir um pequeno sorriso e a imitou. "Talvez meu pai queira te ensinar algo na cozinha, é o modo dele pegar intimidade com as pessoas." Comentou, lembrando do comportamento do pai.

"Espero que eu saia mais prendada de lá então" Maite disse, perto dos lábios dele. 

"Ah isso com certeza, ele vai fazer questão de que você ajude ele" Ela riu, imaginando um dia tranquilo na casa da família Strauss. "Você vai se dar bem, eles vão adorar você assim como eu te adoro." Falou, já roçando seu nariz no rosto de Maite, que agora tinha os olhos fechados, sentindo o carinho leve.

Alfonso a viu brevemente, tão serena ali em seus braço e então a beijou outra vez, a milésima vez do dia. Passaram um bom tempo apenas sentindo um ao outro, trocando carícias e sentindo o calor do outro. Ele desceu uma das mãos para as costelas dela e foi descendo até a base de sua cintura. As pernas dela estavam jogadas para o lado dele, por cima das dele. Alfonso apertava o corpo dela junto ao seu, enquanto ela jogava os braços envolta do pescoço dele trazendo-o o mais próximo que o corpo deixava. Ela bagunçava os cabelos levemente cacheados dele, passando os dedos por entre os fios escuros. Alfonso deslizou a mão por baixo da camiseta que Maite usava e sentiu a pele dela retrair com o toque, todo o corpo de Maite se arrepiou com o carinho.

O beijo seguia intenso e cada vez mais quente. Eles estavam acostumados a se beijar assim, se permitiam curtir um ao outro, conhecendo os desejos e vontades um do outro. Alfonso dava mordidinhas nos lábios de Maite e se afastou da boca rosada para descer com beijos molhados pelo pescoço e colo. O corpo de Maite se arqueou com a sensação que crescia dentro de si e sentia o corpo quente. Alfonso a girou e a colocou debaixo de si, jamais deixando de vê-la, de beber todas suas reações a seus toques. Lhe fascinava cada gemido, cada arfar que ela soltava.

Maite mantinha os olhos fechados, apenas desfrutando dos beijos que recebia de Alfonso. Ele dedicou o tempo para que aquilo fosse algo para ela, não se importava muito consigo, ainda que sentia todo calor do seu corpo num ponto debaixo de sua roupa, não ligava para o que receberia, se receberia de volta. Ele deslizou as mãos para debaixo da calça de moletom que ela usava, mas antes de toca-la onde desejava, ela o barrou, fazendo-o parar.

"Está tudo bem? Fiz algo de errado?" Perguntou, preocupado. Maite se sentou e tentava normalizar sua respiração.

"Não, não foi você, sou eu." Ela suspirou. "E-eu não sei o que há de errado comigo, sempre que sinto que estou livre para fazer o que quero, não consigo, algo me bloqueia."

"Está tudo bem, não precisamos apressar as coisas, eu não vou a lugar nenhum."

"Queria deixar claro que não é nada com você" Explicou, olhando diretamente para Alfonso, que assentiu. "Eu jamais senti o que sinto por você e quando estou com você. Apenas acho que ainda tenho que lidar com mais algumas coisas minhas antes de...de me entregar totalmente a você" Alfonso se aproximou dela com um pequeno sorriso.

"Mai, não se preocupe, sério. Estou bem se você estiver bem, simples assim." Disse, tranquilo.

"Você está bem?" Ela assentiu. "Então estou bem. Viu como é simples?"

"Obrigada" Ela disse. Ele lhe beijou os lábios docemente e parecia que tudo havia voltado ao normal.

"Agora que tal você escolher um filme que não vai dormir depois de vinte minutos?" Alfonso sugeriu, mudando de assunto.

"Não foi culpa minha! Eu estava com muito sono, só isso" Ele riu.

"Engraçado como isso sempre acontece com você, não acha?" 

"Não dormi naquele dia com Blair e Nate" Se defendeu.

"Isso porque Blair tagarelou o filme todo né" Alfonso rebateu, causando um riso na mulher.

"Blair gosta mesmo de narrar filmes, parece um daqueles comentaristas de futebol" Comentou ela, divertida. 

"Quem sabe essa não é a vocação dela?" Ele sugeriu e levou um olhar desconfiado de Maite. 

"Ainda bem que ela não está aqui, pois ela ia te matar se ouvisse isso."

"Eu sei que ela me ama" Maite gargalhou, se levantando. "Ei, onde vai?"

"Fazer pipoca, se não vou dormir, pelo menos quero comer" Ele assentiu, rindo e ela saiu rumo à cozinha enquanto ele falava os nomes dos filmes para ver qual ela escolhia. 


A tarde passou lenta e gostosa. Os dois ficaram vendo filmes e aproveitando a companhia um do outro. No final da noite, ele chamou um táxi para ela e quando ela chegou em casa ligou para ele e ficaram conversando até dormirem.


DUAS SEMANAS DEPOIS...

A véspera de Natal havia começado gelada. O céu estava escuro, anunciando uma nevoada que não demoraria a cair. Maite havia terminado de tomar um longo banho quente e preparava seu café da manhã enrolada no roupão felpudo que ganhara de Blair no ano passado. Já havia trocado mensagens com Alfonso, que viria lhe buscar dali meia hora para irem juntos para a casa de seus pais. Não demorou até que se trocasse e começasse a se maquiar. O cabelo estava pronto e logo quando estava para passar a máscara nos cílios, a campainha tocou.

Certeza que estava mais atrasada do que pensava. Rapidamente amarrou o roupão e foi correndo atender, já com milhões de pedidos de desculpas na mente, mas se surpreendeu quando viu um Robert parado no corredor, com o olhar sério, renascendo das cinzas que sobraram dos dois.

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