Paixão não é amor. Amor dá sentido, paixão faz tudo perder o sentido. Amor é um sexto sentido, paixão é cinco sentidos a todo o vapor. Amor é aquilo que se constrói na cratera aberta pela bomba atômica da paixão.Dá pra ter os dois ao mesmo tempo? Acho que dá. Deve dar. Mas também dá pra optar por um deles quando você não tem estrutura pro outro.Todo mundo sabe que eu acho amor uma coisa do caralho. Acho lindo, de verdade.
Mas agora não to podendo com ele. Peguei bode.Porque o amor de repente se tornou um policial. Eu levei um enquadro e o amor falou assim: “Tudo que você disser poderá ser usado contra você”. E foi mesmo.Não dá pra ser legal. Basta ser legal pra alguém confundir tudo. Eu sei, eu já fui a que confundiu. A diferença é que quando eu confundo eu não transformo isso em verdade absoluta. Eu me confundo com pessoas idiotas, mas em momento nenhum esqueço que essas pessoas são idiotas. E eu sou claramente idiota. Mas de vez em quando tenho lapsos de lucidez e bondade. Aí fode tudo, nego começa a achar que na verdade eu não sou idiota, que eu sou uma alma perdida que precisa de salvação.
EU NÃO QUERO QUE NINGUÉM ME SALVE.Até porque salvar do que? De mim mesma? Não, obrigada. Me salvar de mim é me roubar de mim, e apesar de eu não ser a melhor das companhias pra mim mesma eu pretendo continuar comigo. Eu não sou refém. Ninguém é. E quem fala que é tá mentindo.O inferno são os outros.Os outros dividem-se em 3 grupos:
1. Os extremamente controladores, com suas manias e desconfianças. Esses fazem questão de jogar na minha cara tudo que eu faço de errado e transformar pequenos transtornos comportamentais em desvios de caráter gravíssimos. Os extremamente controladores acham que eu sou sociopata, tipo Angelina Jolie em Garota, Interrompida.
2. Os extremamente tolerantes, com suas projeções e perdões. Esses não me pedem nada, não brigam comigo nunca, me colocaram num altar, numa redoma – numa porra duma jaula. Criam expectativas que eu nunca estarei à altura e assim me sufocam.
3. Os meus melhores amigos. Eles conhecem minhas limitações e meu potencial, me dão esporro quando eu tô errada e deixam eu chorar no ombro deles quando eu apanho sem motivo.
Na verdade eu queria falar que nesse momento da minha vida eu quero a bomba atômica. Quero que destrua absolutamente tudo em mim, que me puxe, pegue pela cintura, deixe sem reação. Eu quero devastação.Quero tudo. Até cansar de tudo. Até ficar esgotada. Até pedir por piedade.