Capítulo 16 - Knocking On Heaven's Door.

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O futuro é uma das coisas mais assustadoras da vida. Vai me dizer que a incerteza do que pode te acontecer amanhã não te assusta? É excitante, e ao mesmo tempo é aterrorizante. O fato de não termos ideia do que ocorrerá nos dá um baita frio na barriga, que nos anima ao tentar adivinhar o que vai acontecer e nos aterroriza porque podemos não estar preparados para o que vier. Apesar de planejarmos tudo, por exemplo a faculdade que vamos fazer, a carreira que vamos seguir, se vamos nos casar, ter filhos e construir uma família, as coisas quase nunca saem do jeito que gostaríamos.

— Que diabos você está fazendo nesse hospital? Eu não disse que era para você aparecer aqui só se estivesse em trabalho de parto?! – questionou Bailey, de maneira repreensiva.

Eu encontrava-me lendo um prontuário, escorada no balcão das enfermeiras. Minha barriga parecia que ia explodir, e o uniforme que pegara para a gravidez estava esticado ao máximo. Minha cesariana estava marcada para aquela semana, e eu havia sido dispensada de meus serviços.

— Eu estou bem, Dra. Bailey! Meu parto é só no final da semana, e hoje ainda é terça! – respondi, tentando ser convincente.

— Você parece mais uma bola ambulante, e bolas ambulantes não exercem medicina nesse hospital. – retrucou, olhando-me acusadoramente – Agora vá ler livros sobre bebês e comprar enxoval!

— Ainda bem que eu estou escalada para a Emergência hoje, não para os seus serviços. – sorri falsamente e fechei o prontuário, fazendo a cirurgiã lançar-me um de seus olhares mortais, erguendo uma sobrancelha. Engoli em seco e me arrependi amargamente de ter aberto a boca – Desculpe.

— Se eu cruzar com você nesse hospital e você não estiver gritando de dor, eu vou chutar esse seu traseiro enorme de grávida de gêmeos até a saída, estamos entendidas? – estreitou os olhos, e eu assenti, sentindo-me um pouco ofendida e ameaçada – Acho bom. Vá para casa! – finalizou e deu as costas para mim, seguindo seu caminho pelo corredor.

Arregalei os olhos e bufei, virando-me em direção à Emergência. Eu não perderia dias de trabalho apenas por mero luxo de gravidez, levando em conta que já teria que ficar afastada por muitos dias após dar à luz.

Caminhei até a Emergência e procurei por Owen, que se encontrava do outro lado do balcão das enfermeiras, mexendo no computador.

— Bom dia, Dr. Hunt, estou a seus serviços hoje. – falei, parando de frente para ele, com apenas o balcão nos separando.

— Mas não era para você estar afastada? Não é essa semana seu parto ou alguma coisa assim? – disse o homem, franzindo o cenho ao me ver.

— Eu estou em perfeita forma para exercer medicina, Dr. Hunt. Não precisa se preocupar, eu conheço meus limites. – afirmei, tentando ser convincente.

— Se você diz... – deu de ombros – Leitos 8, 9 e 10, estão esperando há alguns minutos.

— Okay, obrigada. – sorri agradecida e segui até o leito 8, colocando minhas luvas – Bom dia, qual é o problema aqui? – sorri simpática.

— Meu Deus, não é uma médica, é uma baleia! – exclamou o paciente, medindo-me com o olhar – Você tem certeza que não vai explodir, ou não vai se quebrar inteira com esse peso todo não?

— Eu estou muito bem, obrigada pela preocupação. – respondi com uma pitada de ironia, me segurando para não ser rude – E você, como se sente?

— Derrubaram-me da minha maldita bicicleta, sem nenhum motivo! – falou, e dei uma olhada em seus machucados.

— Você sente dor em algum lugar em específico? – perguntei, analisando alguns ralados.

Claire's AnatomyOnde histórias criam vida. Descubra agora