Um fim ou um novo começo?

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Pedro apareceu poucos minutos depois, bem no momento que Elias parava em um porto de Dashai. Nos despedimos dele, agradecendo por tudo e passamos pelo movimentado porto de Dashai. Pedro havia lhe perguntado onde poderíamos arranjar montarias velozes e capazes de cobrir uma grande distância, ao passo que Elias simplesmente disse para seguirmos até o centro e procurarmos por Malaque.

Assim fizemos, andando entre as intermináveis tendas de mercadorias que ocupavam quase todos os espaços possíveis das ruas de arenito rosado. Era fácil entender porque o porto de Dashai era tão grande e movimentado, obviamente a cidade era fortemente mercante.

O sol estava alto no céu, o calor insuportável fazia as ruas da cidade ferverem e por consequência, nossos pés cozinharem. Quando achamos a tenda de Malaque, já estávamos empapados de suor, desejosos de água fresca. Malaque era um homem gordinho e de baixa estatura, sua pele era morena, bem queimada do sol, vestia-se de maneira extravagante, ostentando as cores vermelho e dourado nas suas vestes de seda.

— Bom dia! — Pedro cumprimentou. — Você é Malaque, certo?

— Sim, sim — o homem aquiesceu. — Malaque tem as melhores montarias de toda Dashai, boas para o soldado que luta, o lavrador que trabalha e o rei que governa. Satisfazemos todos os gostos — ele sorriu, usando sua lábia de comerciante.

— Precisamos de montarias, velozes e resistentes, que possam chegar no pico da serpente ainda hoje.

Malaque sorriu ante a eminência de um negócio muito lucrativo para ele e nos guiou até um enorme curral atrás de sua tenda. Haviam camelos com pelo cor de canela, grandes aves de plumagem esverdeada e dois enormes lagartos com escamas cinza-esbranquiçadas.

Camelos de cobre são muito confortáveis, são os proferidos dos nobres e da realeza, muito resistentes, dóceis e de fácil manejo. Mas não creio que sejam velozes o suficiente para seus propósitos — eles dispensou os camelos com um gesto e apontou para as enormes aves de plumagem esverdeadas — Grous do deserto são muito fortes, velozes, são muito belos também, mas devem fazer pausas para descanso a cada 10 ou 15 quilômetros, do contrário morrem por esforço excessivo. Se vocês realmente querem chegar ao pico da serpente rápido, eu recomendo os Dragões de marfim, são muito velozes e resistentes e não se cansam fácil, tenho certeza de que uma única pausa para descanso seria suficiente para eles, chegariam lá num piscar de olhos.

— Eles parecem ser ideias para nossos propósitos — disse Pedro, seu semblante no entanto estava preocupado, antevindo o que aconteceria —, quanto isso vai nos custar?

— São animais muito raros meu senhor — Malaque fez uma cara de falsa tristeza, como se lhe doesse pensar em vender os animais. — De grande nobreza, muito difíceis de conseguir. Quanto estaria disposto a pagar?

Pedro me encarou, assim como ele eu sabia que Malaque iria arrancar cada tostão que tivéssemos. Anui sem ter escolha e então Pedro jogou a bolsa de moedas para o vendedor. Malaque a pegou no ar com um movimento experiente e a mexeu nas mãos avaliando o seu peso.

— Isso não é o suficiente — ele disse, seu olhar ganancioso mirou nossos embornais.

— Não temos mais nada, apenas comida e água, e um monte de objetos inúteis — escancarei o embornal, onde a comida, a água e a trouxa de coisas de Toca celeste estavam.

— O que tem na trouxa? — perguntou, sua voz carregada de ganância.

Desembrulhei o pano cuidadosamente o pano, revelando o conteúdo pouco valoroso da trouxa. Tudo ali era praticamente lixo, exceto talvez, pela barra de Irito. Ela brilhou branca ao ser tocada pela luz do sol fustigante. Os olhos de Malaque se arregalaram, e ele quase tomou a barra à força. Pedro, no entanto, havia sido mais rápido, segurava o brilhante objeto retangular entre as mãos.

Vermilion - A sociedade das máscarasOnde histórias criam vida. Descubra agora