Já era meio dia na casa da Turma do Video Game. Sushi acordou morrendo de fome. Embora precisasse editar o Vértice, era feriado, e ele se entregou à preguiça até as últimas horas da manhã. O sol penetrava no quarto pelas frestas da persiana e, junto com os pulinhos de Ellie atrás de algum brinquedo lá na sala, anunciava que já era hora de sair da cama.
Foi até a cozinha, onde Caio preparava um misto quente ao lado de uma cafeteira borbulhante.
— Bom dia — Caio disse através de um pedaço de pão na boca.
De olhos apertados e voz rouca, Sushi apenas mexeu a cabeça. Para André, que tinha fones nos ouvidos e lavava a louça, abanou.
— Você ouviu aquela barulheira? — perguntou Caio.
Sushi fez que não. — Que barulheira?
— A de hoje de manhã. Deu pra ouvir na casa inteira. Acho que os vizinhos estão reformando o apartamento, fazendo mudança, sei lá. Mas foi muito alto. Me acordou várias vezes, esse inferno.
— Não devo ter ouvido. Peguei pesado no sono. E agora tô desgraçado de fome.
— Quer que eu te faça um misto quente?
Sushi abriu a porta do armário. — Deixa. Tô a fim de um cerealzinho. Ué, cadê as tigelas?
Caio engoliu uma mordida do lanche e apontou para a pia com a cabeça. As tigelas estavam lá, no meio de uma pilha de louça. — Ele tá lavando. A gente sujou todas comendo teu sorvete ontem.
Sushi deu de ombros. Apesar de não ser o ideal, um simples prato um pouco mais fundo serviria. Infelizmente, não encontrou nenhum dentro nem fora do armário. Cutucou André, para que tirasse os fones, e perguntou aos amigos:
— Ei, cadê os pratos fundos?
André olhou para Caio, que balançou a cabeça.
— Eu sei lá — disse Caio. — Eu nunca uso. Deve ter ficado no quarto de um de vocês.
— Eu sempre trago de volta quando eu pego — explicou André.
— Eu também — disse Sushi — só que no meu quarto não tem nada.
— Então, onde é que foi parar? Só tem um prato fundo.
Caio deu um gole no café. — Como assim só um? A gente não comprou quatro?
— A gente comprou quatro, — respondeu Sushi — porém teve um que eu quebrei e dois que a gente perdeu. Calma... a gente perdeu? Não, não pode. Como é que se perde prato desse jeito num apartamento?
— Olha, eu não sei — disse André. — Mas se não quebraram, é porque foram perdidos.
— Ou roubados — sugeriu Sushi.
— Claro — retrucou Caio. — Ladrão de prato. Acho que já vi isso num mangá.
— Deixa eu explicar. Lembra quando o Tengu veio aqui? Eu senti que ele tava olhando pros pratos dum jeito muito estranho...
— Mas faz um tempão que o Tengu veio — disse André.
— Também faz um tempão que os pratos fundos sumiram. Qual foi a última vez que um de nós usou um?
— Não faço ideia. Não uso faz meses. Sempre achava que tava com você.
— Eu também!
— Gente, — disse Caio — parem com a loucura. Todo mundo nessa casa é meio desorganizado. A gente sempre perde uma coisa ou outra. Sushi, não lembra quando você achou que tinha perdido seu celular no cinema, sendo que ele tava na gaveta do banheiro? André, você esqueceu de quando você estava procurando seu 3DS e foi encontrar ele dentro dum pacote de meio quilo de Doritos? Esses pratos estão aqui. Não tem outra opção. Vou terminar meu café, e a gente vai procurá-los. E vamos achar.
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A Turma do Video Game em O Mistério do Prato Fundo
Mystery / ThrillerEm busca de resposta para o desaparecimento de seus pratos fundos, a Turma do Video Game desvenda horrores inimagináveis. Uma paródia da Coleção Vaga-Lume escrita para fazer os fãs do Jogabilidade darem uma risada ou duas.