Renúncia
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Eu não queria tocá-lo, não podia.
Mas ele estava ali, sofrendo de amor... Por mim.
Desiludido. Desesperado.
Tentando entender o pecado que cometia.
Amar um Anjo do Senhor...
Com seu tronco curvado e a cabeça apoiada nas mãos,
Ele não passava de uma sombra
E a dor que emanava de seu peito irradiava-se por todo o local.
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Ali, parada, olhando, eu me senti capturada.
Eu me senti escravizada.
A opção era se afastar, alçar vôo para terras distantes.
Fugir, debandar, esquecer!
Sumir, evaporar, desaparecer!
Para onde ir?
Onde é longe o bastante?
Qual a distância segura?
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Meu coração açoita no peito.
Ele fustiga, martela, chicoteia.
Não consigo me afastar.
Não há como fugir.
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Ele é meu!
Meu caminho,
Minha estrada.
Meu destino,
Minha ventura.
Meu horizonte,
Minha audácia.
Meu amor,
Minha quimera.
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Estou vencida!
Estou caída!
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E na queda,
Eu me descubro.
E na queda,
Eu o abraço.
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E ele me olha encantado,
Maravilhado,
Arrebatado,
Fascinado,
Deslumbrado,
Enfeitiçado,
Enamorado...
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E ciente da minha renúncia
E de minha abnegação,
Eu humildemente agradeço!
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Obrigada por colocá-lo em meu destino.
Obrigada por me mostrar a verdade.
Obrigada por me permitir amar!

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Renúncia
PoetryHá um momento na vida, seja onde ela existir, que acontece a divisão das águas. Onde o caminho a percorrer é duvidoso e aterrador. Porém, evitá-lo é como morrer na solidão. É perecer no Paraíso.