Vinícios - Estávamos bem próximos do palco

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Estávamos bem próximos do palco. Milena e Felipe ficaram lá atrás agarradinhos. Era muita paixão junta e aquele agarra e beija andava mexendo demais tanto comigo quanto com o Deco.

Caraca! Eu tava malzão com essa história da viagem da Malu para os Estados Unidos, depois, fiquei ainda pior com a presença do amante latino nas redes sociais, mas, com certeza, não estava tão mal quanto meu grande amigo.

Para falar a verdade, o péssimo humor do Deco me deu um novo fôlego. Eu entendi que não posso ficar de mal a vida inteira. Aconteceu. Pronto. Cada um seguindo adiante. Até porque, eu fui muito bem assessorado pelos meus amigos quando estava na pior. Então, agora é a minha vez de fazer alguma coisa por eles. Não posso monopolizar o sofrimento. Esta é a vez do André de ficar de cara feia para o mundo.

E que cara feia!

Ele está insuportável. Nunca o vi assim em toda a minha vida. Também pudera, está amargo. Amor contido dá isso. Deco não percebe o tempo precioso que está perdendo fazendo estes joguinhos com a Mariana.

Arranjou uma namorada mala para fingir que estava tudo certo, mas o negócio dele é com ruivinha. Acho que sempre foi, ele é que não admite. Ela está em Buenos Aires nessas férias. Para completar o quadro, o ex-namorado bonitão está por lá também. Meu amigo está cuspindo fogo. Totalmente diferente do que sempre foi.

Agora, por exemplo, estamos bem próximos do palco. Cheio de mulher bonita. Posso contar daqui pelo menos quatro em diferentes direções que estão nos encarando, ele nem percebe. Fica olhando para o palco com um olhar vazio. Deve estar pensando nela.

─ Irmãozinho, você já reparou na quantidade de gatinha ao nosso redor? – Provoquei.

─ Hoje está para você, Vini. – Jamais imaginei ouvir uma coisa dessas vindo justo do André. – Eu tenho namorada.

─ Qual é, Deco? – Eu o segurei pelos ombros. Ele ficou me encarando. – Vai querer enganar a quem com essa história de fidelidade à Patrícia? Você nem gosta dela.

─ Vini, eu só não estou a fim. Tá legal? – Ele se soltou meio zangado e partiu no meio da multidão. Eu o segui com o olhar para ver se ia em direção ao bar, não foi. Eu estava marcando colado. Tudo que André não precisava com essa fossa era de uma recaída.

Fiquei ali sozinho curtindo o show. Nem bem dois minutos depois, uma moreninha de cabelos crespos foi se chegando para dançar na minha frente. Fingi que não era comigo. Gosto de ver até onde as mulheres chegam para chamar a atenção dos caras. Ela ficou dançando, vez em quando virava o rosto e me dava uma secada de arrancar pedaço. Um sorriso provocante.

Não posso mentir, eu ainda amo demais a Maria Lúcia. Penso nela noite e dia, em cada escolha que faço. Só de imaginar ela saindo com esse cara novo, meu coração fica pequenininho. Porém, eu não vou negar, ser solteiro tem suas vantagens. Como esses momentos na balada em que os olhos se encontram cheios de desejo. Somente isso, desejo. E você e ela sabem exatamente o que está prestes a acontecer.

Ela virou de uma vez e me disse oi bem baixinho perto do meu ouvido. Nem quis saber da resposta. Foi logo me beijando. Meu corpo esquentou inteiro. A máquina ainda estava funcionando perfeitamente. Puxei-a inteirinha para perto de mim pela cintura. Nosso beijo era intenso, era elétrico.

De repente, um arrepio desceu pela minha espinha dorsal. A música estava diminuindo, os cantores conversavam com o público antes de começar a próxima. Estava na hora de saber o nome da garota. Abri meus olhos devagar, fui afrouxando o abraço. Ela sorria para mim, mas eu não sorri de volta.

Não sorri de volta porque bem na minha frente, me mandando tchauzinho estava Taís. E não sei bem o porquê, mas a presença dela tornava aquele beijo muito errado.

***

Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora