Bruna - Tudo que eu consegui usar

108 15 0
                                    

Tudo o que consegui usar hoje foi uma camisetinha de alças brilhosa e uma minissaia preta. Salto alto. Cabelão. E uma make de arrasar. Ao menos nisso o bronzeado ajudava. Um douradinho fica um luxo só numa pele queimada pelo sol. A cara da saúde.

Eu sou assim, dou um boi para não ir para a batalha, mas dou uma boiada para não sair dela. E se eu estava na pista, que eu fosse simplesmente a mais gata de todas. Bruna "Delícia" Drummond estava em cima do seu salto disposta a esmagar alguns corações durante a noite, pois ainda faltava muito para o sol nascer.

A Dani me abandonou assim que chegamos. Foi resolver a questão do nosso acesso vip aos camarotes. Para não ficar sem fazer nada, fui ao bar pegar alguma coisa. Dou de cara com Carlos Eduardo Meireles Dávila servindo drinques. E eu que pensava que ele não tinha segredos.

─ Olha só quem eu encontrei. – Gritei para que ele pudesse me ouvir. – Não esperava encontrá-lo servindo drinks.

─ Oi, Bruna. Que bom que você veio. – Trocamos beijinhos no rosto por cima do balcão. – Vai querer alguma coisa?

─ E você vai fazer o que estou pedindo? Sem reclamar? Vai ser a primeira vez. – Brinquei com ele.

─ Sou seu servo, Bruna Drummond. Peça e eu a obedeço. – Ele baixou a cabeça com servidão entrando na brincadeira.

─ Quero um Sex in the beach.

─ Pode colocar na minha conta, rapaz. – Uma voz que eu não conseguia reconhecer falou por detrás de mim. Quando me virei dei de cara com Altair que entregava o cartão de cobrança digital para Kadu.

─ Pois não, senhor. – Meu parceiro me entregou a bebida e trocamos sorrisos cúmplices. Provavelmente, Altair não fazia ideia de que falava com o dono daquela casa de show.

─ Que sorte a minha en5 contrar a mulher mais linda desta cidade! – Sorri. Quem não gosta de galanteios. Ainda mais dos galanteios do atleta mais disputado do momento. – O que eu tenho que fazer para você me acompanhar até o camarote, Bruna Drummond? Você pede e eu faço acontecer. – Sério. Depois dessa, dava para ouvir os úteros das Marias Chuteira se contorcendo.

─ Agora não estou com vontade de subir, Altair. – O segredo da conquista é se fazer de difícil. Sempre funciona, principalmente com caras que tem todas aos seus pés. – Estou a fim de curtir o show.

─ Gosta de sertanejo?

─ Muito.

─ Se incomoda se eu ficar aqui do seu lado?

─ Se você me der espaço para dançar, por mim tudo bem... – Levantei os ombros displicentemente. Vi que ele acompanhou o movimento da alça da minha camiseta brilhosa com atenção. – Perdeu alguma coisa, moço? – Perguntei quando consegui que a atenção dele saísse do meu decote.

─ Meu coração... – Ele respondeu fingido que tinha sido atingido no peito. – Estou completamente apaixonado. O que você tem a me dizer a este respeito, moça? – Tomei um gole do meu drinque, estava me divertido horrores com a situação.

─ Acho que você está no lugar certo, meu querido. Vai começar uma sequência de músicas para quem está com dor-de-cotovelo. Aproveita e se joga. – Dizendo isso, dei uma jogada de cabelo, ele pôde sentir o cheiro dos meus tratamentos capilares mais caros e perfumados. Virei e ia sair por cima, Altair me segurou pelo braço.

─ Vai me deixar na solidão, princesa? Você não tem coração?

─ Nem sei... – Levantei os ombros novamente.

Ele me encarava bem dentro dos olhos. Altair era um negro escultural. Sua pele brilhava. Seu sorriso branco se destacava no ambiente. Não era exatamente bonito, mas era sensual em todos os seus movimentos.

─ Vem cá. – Ele me puxou para perto dele. – Dança essa comigo. – Pela quantidade de flashes disparando, nós dois estaríamos em todos os jornais amanhã. – Deixa eu mostrar que você tem coração e que ele bate por mim.

***

Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora