Vinícios - Você não é muito nova para estar aqui?

107 11 0
                                    

─ Você não é muito nova para estar aqui sozinha, não? – Não resisti e me aproximei.

─ Oi, Vini. – Veio e me deu dois beijos no rosto.

Taís sorriu para mim. Nossa! É uma supernova. Um big bang. Essa menina é linda. Linda. Linda. Ela tem uma energia. Sei lá! Coisa de quem está em paz consigo mesmo. Taís resplandece onde chega. E todo mundo nota. Os rapazes notam e muito.

Ela nem liga. Talvez nem perceba o poder que tem.

E eu me vi assim, querendo estar perto dela. Porque sempre que estamos juntos, eu me sinto bem. E a gente conversa sobre tudo. Da tática para o próximo jogo ao Cálculo Diferencial. Afinal, ela parece perfeita para mim, joga futebol, adora matemática, vai fazer Engenharia Civil. E vou repetir: ela é linda.

─ Não estou sozinha. Vim com a minha tia. – Apontou para uma mulher mais a frente. Deveria ter menos de trinta anos. Estava abraçada com um cara. – Ela não está precisando da sobrinha pirralha agora...

─ Fato. – Eu ri. – Pode deixar dona tia, eu tomo conta da sobrinha pirralha.

─ Quanta gentileza. – Taís empurrou meu ombro brincando. – E a gatinha ali, não vai se incomodar? Ela parece bastante desconfortável com a nossa proximidade.

─ Que fique, oras... – Olhei para a minha quase ficante de rabo de olho, ela parecia furiosa com a minha mudança repentina de opinião. Abracei Taís como se fosse beijá-la. Ela ria entendendo tudo. Simplesmente me abraçou e colocou a cabeça sobre o meu ombro.

Ficamos dançando juntos. Bem abraçadinhos. Não pude deixar de sorrir. Ainda não consigo tirar Maria Lúcia do meu pensamento, muito menos do meu coração. Nem sei se um dia vou conseguir tirá-la daqui definitivamente. Acho que ela ficou impressa no meu DNA.

Só sei que quando estou com Taís, eu visualizo uma possibilidade de futuro. Eu realmente acredito que consigo começar de novo. Do zero. Porque se existem mais garotas como ela, o mundo sem Maria Lúcia não deve ser tão ruim assim.

Começou a tocar uma música lenta. Tentei conduzir minha companheira de balada para a pista de dança, mas ela travou.

─ Não sei dançar, treinador. – Alegou com olhos enormes.

─ Olha, Taís, se não quer dançar comigo, pode dizer, mas não inventa uma desculpa dessa cabeluda. – Caí na gargalhada. Já vi essa garota numa pista de dança e é espetacular. – Que foi? Estou fedendo? – Cheirei debaixo dos braços. – Ou sou coroa demais? Você está com vergonha de mim? – Fiz cosquinhas nela.

─ Para, Vini. – Ela me empurrou com força. – Estou falando sério. Não sei dançar junto.

─ E eu também. – Continuei a levá-la para a pista. – Vem comigo.

Meio relutante, ela veio comigo. Puxada pela mão, recusando-se a dar cada passo. Eu a abracei e comecei a conduzi-la. Taís ficava olhando para os pés e me impedindo de levá-la.

─ Hei. – Puxei seu rosto em direção ao meu. Encarei aqueles olhos enormes muito azuis. – Você não confia em mim?

─ Confio. É que...

─ É que o quê, mocinha? – Não pude deixar de sorrir. Nunca a tinha deixado insegura antes. Nem mesmo quando a convidei para jogar futebol com os meninos lá na praia. – Posso tentar te conduzir? Você vai deixar? Eu tenho alguma experiência nisso, sabia?

─ Tá bom!

Até a sua careta de desgosto era bonita.

Ela não resistiu mais, deixou-se levar. Comecei devagarinho e fui colocando passos diferentes. Fomos fazendo. Ela acompanhando tudo com olhos atentos. Até que a música acabou.

─ Viu? Foi tão ruim assim? – Segurei seu rosto com as minhas mãos.

─ Não, treinador. Foi ótimo! Adorei. – Taís sorria. Seu entusiasmo era contagiante como em tudo que fazia.

─ Se gostou tanto, deveria fazer umas aulas. – Sugeri.

─ Minha mãe não iria deixar. – Lamentou.

─ Por quê? – Eu me surpreendi.

─ Taís, quem é o seu amigo? – A tia dela chegou por detrás de nós. Era tão bonita quanto ela, os mesmos olhos, o mesmo tom do cabelo. – Ai meu Deus! – Quando olhou para mim, a tia da Taís tomou um susto enorme.

─ Meu nome é Vinícios. – Ofereci minha mão para um cumprimento. Ela apertou com firmeza.

─ Posso tentar adivinhar o resto?

─ Acho que você já deve saber mesmo... – Eu retribuí o sorriso que me foi dado.

─ Vinícios Leal?

─ Isso mesmo. O filho do Adriano. Prazer em conhecê-la... – Hesitei.

─ Greta. Meu nome é Greta.

***

Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora