Capítulo Único

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[3 meses antes]

Toc toc toc

- Dada! Pôta! Quenhé?! - Chrissie caminhou com suas pernas agora mais firmes com Eddie em seus calcanhares e colou a orelhinha na porta esperando que alguém respondesse sua pergunta, porém o visitante manteve-se em silêncio e o "gênio escocês", como Cait chamava o temperamento da filha, mostrou-se mais uma vez. Sam preferia pensar que era o lado irlandês dela aparecendo ocasionalmente. - Dada! - Chamou-o impaciente.
- Tem alguém chamando, coelhinha? - Sam perguntou secando o cabelo recém lavado com a toalha branca e ouviu as batidas na porta novamente, olhou pelo olho mágico, reconhecendo a pessoa, puxou Chrissie pela mão e abriu a porta.

Sorriu divertido ao ver sua filha pegar a porta com as duas mãozinhas e colocar somente a cabeça para fora, curiosa.

- Olá. Algum problema, Srta. Wilson? Não temos martelado a parede ultimamente, isso eu posso garantir. Cait não tem nada mais para pendurar no momento. - Sam disse. Na verdade nunca houve martelada nenhuma com fins de pendurar obras de arte, de fato isso foi apenas a desculpa que eles deram quando indagados, a verdade é que o que batia incessantemente na parede era a cama deles, não um martelo. - Srta. Wilson?

Agatha demorou a se recompor, esperava tudo menos encontrar seu vizinho Sr. Heughan daquela maneira, o cabelo molhado, com a toalha úmida pendurada em seu pescoço, sem camisa, descalço, somente trajando uma calça de moletom azul marinho que se equilibrava com dificuldade nos quadris dele. Suas amigas adoravam lhe fazer visitas inesperadas agora que sabiam como era e quem era seu novo vizinho, na esperança de encontrá-lo. Embora nunca flertasse com elas, sempre as devolvia os sorrisos e o bom dia, boa tarde e boa noite.

- Srta. Wilson? - Sam chamou-a novamente e franziu a testa ao vê-la corando veementemente.
- Err... Sr. Heughan, eu esperava poder falar com você e sua esposa.
- Não prefere entrar? Não é correto deixar as pessoas esperando na soleira da porta. - Sam afastou-se para que ela entrasse e ele pôde jurar que viu-a tremer ao passar por ele. - Pode esperar aqui um momento? Vou apenas pegar uma camiseta no quarto.
- Claro. - Ela falou e depois soltou um muxoxo baixo.
- Já volto.

Sam entrou no quarto, puxou uma das gavetas do closet e escolheu uma camiseta branca, vestiu-a rapidamente e voltou para a sala onde encontrou Agatha ainda de pé perto da porta, com Chrissie olhando-a com a testa franzida tal qual o seu pai.

- Aceita um chá, um café ou uma água?
- Chá.
- Você pode sentar em um dos bancos da cozinha enquanto conversamos e faço seu chá. - Sam indicou com a cabeça a ilha que separava a sala de onde começava a cozinha e pegou a filha no colo. - Coelhinha, quer um lanchinho?
- Quelo! Anchinho!

Sam colocou-a sentada no cadeirão de bebê e escolheu algumas frutas, picou-as e entregou a tigelinha para ela que agarrou o garfinho que estava dentro e começou a comer sem cerimônia.

- A Sra. Heughan está? Esperava poder conversar com ela também.
- Não, se você tivesse aparecido dois minutos antes, teria alcançado Caitriona. Aconteceu alguma coisa?
- Não exatamente. Eu eerr... - Agatha perdeu-se em seu raciocínio ao ver Sam virar-se para encará-la depois de ligar a chaleira elétrica. Novamente corando, não conseguiu desviar o olhar e mais uma vez Sam franziu a testa como quem pergunta Qual o problema? - Eu gostaria de pedir um favor enorme.
- Cait não deve demorar, ela foi até a farmácia da esquina.
- Que bom.
- Cabô!
- Já, gordinha? Quer mais um pouco?
- Qué! Móla!
- Só um pouquinho mais de amoras, está bem? - Sam falou terminando de fazer chá para ele e a vizinha, empurrando para ela uma caneca grande com patas de gatinho e pegando para si a caneca preta em que se podia ler Oh, Daddy.

Caitriona entrou e fechou a porta com o pé, uma pequena sacola de papel em suas mãos, prendeu-a em seus lábios e começou a tirar o casaco com Eddie fazendo vários oitos em suas pernas.

1 ano e 2 mesesOnde histórias criam vida. Descubra agora