Capítulo Quatorze - Quase me mataram do coração.

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A secretária na sala de espera me olhava como se eu fosse louco, afinal eu nem me liguei para a minha aparência.

Assim que recebi a chamada de Jessica, saí correndo do escritório e vim para o hospital a pé.

Olhei para o meu reflexo na porta de vidro e pensei:

Eu já fui mais bonito.

- Licença, senhor, tem algum paciente que o senhor veio ver? – perguntou a secretária, preocupada comigo.

- Sim. Vim ver April Ross. – respondi, um pouco embaralhando as palavras. Estava um pouco aflito.

Olhei ao redor para ver se achava meus amigos, quando avistei Jessica vindo para a minha direção.

- Ethaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaan. – Ela veio chorando.

Ai não. Meu Deus, por favor não.

Peguei-a pelos ombros fazendo ela parar, com o rosto suplicando alguma explicação. Ela fungava.

- A April... April... Ela ta ....

- Fala logo! – eu acabei gritando, o que fez Jessica começar a chorar de novo.

Atrás dela, meus amigos surgiram.

Noah estava branco, parecia que tinha levado um susto e eu não tinha dúvidas de que Spencer iria desatar a chorar a qualquer momento.

- Por favor, alguém me explica. Eu to morrendo aqui. – supliquei para meus amigos.

Noah, que finalmente notou minha existência, falou:

- O médico nos mandou esperar na sala de espera.

Olhei para a secretária suplicando alguma resposta, mas ela já tinha me ignorado e atendido outra pessoa.

Nervoso e aflito, não perguntei mais e fui para a sala de espera acompanhado por meus amigos.

O pai de April estava lá, sentado, com as mãos na cabeça, no mesmo estado que eu: esperando alguma resposta.

Simpatizado com os sentimentos dele, me sentei ao seu lado. Ele nem me percebeu.

Mike chegou logo depois, exausto por ter me acompanhado na corrida até aqui e Noah falou para ele exatamente o que falou para mim. Senti que ele iria me perguntar algo, mas eu devia estar com cara de "não se meta comigo" porque ele desistiu e sentou.

- Senhor Ross? – um médico apareceu e assim que o pai de April se levantou, todos nós fizemos o mesmo.

O senhor Ross olhou para nós sem entender, mas deve ter reconhecido Jessica, pois ela afirmou com a cabeça e ele finalmente falou quem era para o médico que estava estranhando tantas pessoas ali.

- April poderá receber visitas em breve, mas ela quer ver o pai. – o médico sorriu.

Uma onda de alívio preencheu meu coração.

- Ela acordou? – perguntei quase gritando.

O médico me reconheceu na hora e sorrindo, assentiu.

Joguei-me de volta na cadeira, ainda sem acreditar.

O pai de April saiu com o médico para um corredor que eu ainda não havia frequentado.

Como seu estado melhorou, ela provavelmente mudou de quarto.

Olhei para o teto com vontade de chorar. Nunca me senti tão grato na minha vida. Deus realmente me ouviu.

- Vou no banheiro. – Noah levantou e saiu acompanhado de Mike, me deixando duas pessoas a beira de choro.

Spencer ainda não tinha chorado e fazia de tudo para não chorar. Já Jessica tinha a maquiagem borrada, limpava o nariz na blusa e possuía um enorme sorriso no rosto. Eu não sabia se ela estava triste, feliz ou com vontade de matar alguém.

Se bem que minha aparência não devia estar muito melhor.

Agora que April estava bem, viva, acordada, eu não sabia o que fazer.

Eu pensei em todas as maneiras de falar com ela quando ela acordasse, pensei como começaria uma conversa, como seria nossa relação, como eu me confessaria.

Também pensei em todas as coisas em que me arrependeria se ela não acordasse.

Mas ali, naquele momento crucial, o momento que eu tanto esperava, me deu um enorme branco. Eu não sabia o que iria falar e como ela iria reagir.

Eu estava com medo.

Com medo de falar, com medo da resposta dela, com medo de sua reação, com medo de eu não ser quem ela queria, com medo de que quando falarem que fui eu quem a salvei, ela fique decepcionada.

Acho bem provável ela saber que fui eu, já que a mãe dela me agradeceu um dia que nos encontramos no hospital. Jessica devia ter contado.

Já imaginou? O herói dela ser um mala, que só sabe irritar ela, a pessoa que ela nunca imaginou conseguir ser amigo dela, salvando ela.

Pois é, nem eu.

Os pais dela voltaram, sorridentes e chorosos, pedindo para Jessica ir para o quarto. Ela limpou o nariz com um papel, ajeitou o cabelo e se recompôs, andando duro pelo corredor.

Naquele momento senti inveja. A primeira pessoa fora da família que April chama é Jessica, mas se fosse eu...

Quando foi que meu coração abriu e deixou meus sentimentos o amolecerem?

Precisava trancá-los urgentemente! Esse meu novo "eu" me assusta.

Depois de um tempo, Jessica volta já recuperada, sem chorar e com um sorriso sincero no rosto, falando que nós já podíamos ver a April.

Nos levantamos juntos, sincronizados, todos com o mesmo anseio.

Enquanto caminhávamos pelo corredor com Jessica nos guiando, desacelerei o passo e falei baixo apenas para os três me escutarem:

- Eu não quero que ela saiba que eu a salvei.

- Por que não? – perguntou Mike.

- Não acho uma boa ideia.

- E se ela já souber? – Spencer retribuiu.

- Aí eu me viro. Mas caso ela não souber, não fui eu, foi...

- Eu. Posso falar que fui eu, se você quiser. – Spencer me interrompeu, apressado.

Meio desconfiado, mas satisfeito, concordei com ele.

Jessica fez um pequeno suspense ao abrir a porta, o que só fez meu coração bater mais rápido e minha ansiedade aumentar.

Fui o ultimo a entrar e meu coração parecia que sairia pelo peito quando a vi.

Ela estava toda enfaixada, com vários curativos e despenteada. Mas mesmo assim, estava sorrindo, os olhos brilhando. Estava linda.

Cadê a maldita chave do meu coração?

Ah, é. A April jogou fora.

Ela nos encarou um por um e nenhum de nós com coragem de dizer nada.

- Oi. – ela falou, meio hesitante.

Como um rio, aquela voz lavou minha alma.

Meu Deus, eu preciso me controlar.

- Oi. – sorriu Mike, o único que tomou coragem.

Ela olhou para Jessica, confusa, mas Jessica apenas sorriu.

Como se a amiga não pudesse satisfazê-la, ela mesma parecia ter decidido.

- Desculpe. – Ela começou meio hesitante. – Mas quem são vocês?

Hã? 

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Oi genti linda do meu kokoro!

Não me matem.

kkkkkkkkkkkkkkkkkkk.

Com a Banda COLORS!Onde histórias criam vida. Descubra agora