.9

330 22 9
                                    

Tinha-se passado 3 dias desde o meu almoço com Francisco. Tinham sido bastante atarefados e longos. Tudo isto porque a recuperação de Alan Ruiz tinha sido em grande parte atribuída a mim e eu queria colocá-lo nos relvados o mais cedo possível. 

Hoje era sexta-feira, o meu último dia de trabalho da semana. Estava a acabar a minha última sessão do dia e a companhia era a melhor.

- Já ando à algum tempo para te falar sobre um assunto.

A minha mão deslizava o creme restante sobre a coxa direita do jogador e o meu olhar passou do que estava a fazer para os seus olhos. Pressionei os lábios, evitando rir, por talvez já adivinhar o assunto que me iria trazer. 

- Tu e o Geraldes foram embora juntos na segunda. Queres explicar-me isto?

Revirei animadamente os olhos à afirmação de Paulo. Tínhamos falado bastante nos últimos dias. Ele estava a ser o meu apoio em tudo. Principalmente nas saudades que teimava em não demonstrar. No entanto, não soube se lhe haveria de contar esse episódio devido à proteção que me colocava mas parecia-me que era agora que ele ia saber.

- O Palhinha enganou-nos. Disse-me que ele tinha-me convidado para almoçar e foi embora sozinho. Era suposto o Chico ir com ele para casa e como ele já não tinha boleia, levei-o eu a casa. 

A minha mão pousou na sua perna sem o tecido do calção do clube. Fiz-lhe sinal que já teria acabado e ele levantou-se, ficando sentado mesmo à minha frente. 

- Só o levaste a casa foi?

- Sim. - Afirmei firmemente olhando-o nos olhos para parecer mais convincente. Até que ele me deu aquele olhar. Sabia que estava a mentir e eu não ia escapar com esta. - Pronto, fomos almoçar fora os dois. Acabámos por passear durante um pouco. Mais nada. Prometo, Paulo.

Vi o seu sorriso elevar-se e acabei por me contagiar com o mesmo. Tinha combinado que lhe diria tudo acerca dos rapazes portugueses que, segundo ele, me cairiam aos pés. Pensei que a nossa amizade se estivesse a tornar mais forte porque ele foi o primeiro que conheci em Portugal. Aquele que me apresentou aos meus únicos amigos em Lisboa.

- Eles acham-te tão bonita e inteligente. Começo a achar que vais causar problema em algum deles, Leo. - Ouvia-o com atenção ainda que receosa de algum conselho que não gostaria de seguir. - Eu próprio o acho. Mas eu nunca teria nada contigo, não me leves a mal.  

As suas gargalhadas fizeram-me acordar dos meus pensamentos. Não sabia se era aquilo que queria para mim. Se tinha vindo para o meu país natal para trabalhar ou para namorar. Até porque o segundo nunca tinha sido o meu forte. O meu último namoro tinha acabado à uns 3 anos, pouco depois de ter entrado para a universidade. Acabou porque ambos deixámos de sentir o sentimento, a paixão e o calor um do outro. Ainda hoje éramos 'amigos' mas simplesmente não tinha resultado. 

- Vamos sair no domingo. Depois do jogo. - A minha voz interrompera de rompante o silêncio que nos rodeava. Também tinha omitido esta informação. - Vamos ao museu quando o jogo acabar. Se correr bem, claro.

Paulo olhou-me novamente. Um pouco de surpresa no seu olhar. Apenas me ocupei de humedecer os lábios, pressionando-os nervosamente. Começava a não ter a certeza das coisas que estavam a acontecer. Talvez ele o tenha percebido uma vez que me afastei, mexendo desajeitadamente no meu cabelo solto. A minha respiração tinha ficado mais descontrolada e o meu coração acelerado. 

- Leonor, devias falar com ele se não queres isso. Estás nervosa, consigo vê-lo a léguas. Simplesmente cancela se não estás pronta para estar com um rapaz, quase duas semanas depois de teres chegado. - Voltei a voltar-me para ele. Os meus dedos mexiam nos meus lábios sem eu saber o que dizer. Paulo era um bom conselheiro mas pôr isso em prática seria mais difícil. - Eu posso fazê-lo, se não fores capaz.

Assenti com a cabeça e dei-lhe um abraço rápido quando este se levantava para sair. Ao despedir-me dele, agradeci por esta pequena conversa. Ia ser uma grande ajuda. Eu não conseguia simplesmente cancelar tudo e dar como explicação: Desculpa, Francisco. Simplesmente não estou preparada para me meter com um gajo duas semanas depois de chegar.


Estava pronta para ligar a ignição do carro quando ouvi as notificações do meu telemóvel. Por questões de segurança, optei por ler a mensagem que tinha antes de regressar a casa. Não era de todo o que eu esperava.


Chico Se não querias sair podias ter-mo dito a mim e não ter de ser o paulo a dizê-lo. Estava a tentar ser simpático e levar-te a conhecer o nosso clube. Desculpa se te passei segundas intenções que não existem.

(enviada às 17:42)

therapeutic love,, sporting cpOnde histórias criam vida. Descubra agora