São Francisco, EUA, Março de 2115, Sábado, 18:00
"É HOJE!" gritei me levantando da cama em um salto, desligando o alarme gritante e alongando meus músculos. Hoje era o dia, ou melhor, a noite para a qual eu me preparava há meses, pesquisas atrás de pesquisas, observações, compra de equipamentos, criando novos softwares e programas que me auxiliariam nesse momento. Passei as ultimas 12 horas dormindo para acumular energia para essa tarefa, não sabia quando dormiria novamente.
Estava prestes a me levantar quando senti um pequeno calor em meu braço, logo vi uma bolinha de pelos se enroscando em mim. "Dobby! Oi garoto, dormiu bem?" passei a mão por seu pelo, ouvindo-o ronronar. "Vem, vamos, temos muito o que fazer hoje" peguei-o no colo e desci as escadas do meu nem-tão-modesto apartamento. As vantagens de ser um dos melhores hackers do mundo é que você pode garantir que ninguém, nem mesmo o governo, saiba sua identidade verdadeira, além de ter acesso a quase tudo que acontece no mundo, transações empresariais, segredos de estado, contas bancárias... Se quisesse poderia causar a 4º Guerra Mundial, bastava alguns cliques, porém acho que o povo já sofreu bastante com a ultima que ocorreu alguns anos atrás... e eu também tenho outras prioridades.
Coloquei um pouco de comida no potinho do meu gato e comecei a preparar meu jantar. "Isso ta muito parado" resmunguei pegando meu tablet que controlava todas as funções da casa, eu mesmo construí e programei os computadores daqui, que não são poucos. Digitei alguns códigos e o som de "Ride – Twenty One Pilots" invadiu o ambiente "Agora sim". Sou a única pessoa que conheço que gosta de musicas de 100 anos atrás, o que torna difícil consegui-las, tenho que acessar diversos sites antigos que testam minha paciência para tal.
A casa era iluminada por diversas luzes, com telas de computador nas paredes, uma sala grande e uma cozinha quase do mesmo tamanho, onde preparei minha refeição carregada. Um holograma indicava 19:30 "Já está quase na hora, acho melhor começar os preparativos" limpei a sujeira, peguei Dobby e desci até o terceiro andar, onde ficava meu "escritório" pessoal, um tipo de oficina com cerca de inúmeros computadores, hologramas, robôs e minha querida ajudante virtual.
"Boa Noite Senhor, pronto?".
"Oi querida! Tudo pronto, vamos começar esse negócio".
Peguei uma espécie de cinto, luvas, fones de ouvido enormes e um óculos. Todos eles projetavam hologramas do que aparecia nas telas, dando uma perspectiva 3D, quase realidade virtual. Geralmente eu os usava para jogar jogos online que participava, porém dessa vez eles seriam usados para outra causa.
Estava iniciando os computadores e baixando os respectivos programas que havia feito para esconder meu IP quando minha musica parou e a voz da minha ajudante soou.
"Senhor, há uma ligação para você".
"Ligação?!" Eu não tinha amigos que não fossem os virtuais, e se eles quisessem falar comigo me chamariam pela internet. Não havia ninguém que quisesse me ligar "De quem?".
"Seus pais".
Fechei os olhos por um segundo, me acalmando e suspirando. Incrível como meus pais sempre aparecem nas piores horas para estragar o meu humor. Quando eles vão desistir?
"Ta... coloque-os na linha". Tirei meus equipamentos e os coloquei em cima de uma mesa.
Houve um minuto de silêncio e um holograma do tamanho dos meus pais surgiu na minha frente, minha mãe com seus 50 anos e meu pai 2 anos mais novo que ela.
"O que vocês querem?"
"Isso é jeito de falar com seus pais, Emma?" minha mãe falou num tom acusatório, acompanhada de uma careta de reprovação do meu pai. Pronto, começou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cyberpunk Chronicles
Science Fiction"É a combinação entre cibernética e punk, descrevendo um lugar controlado por tecnologias de informação num ambiente de dominação ou destruição da sociedade, da revolta de seus cidadãos e da degradação do estilo de vida. As sociedades sao marginaliz...