Agatha...
- Finalmente. – Dorian diz ao pisar no topo do monte, com um sorriso de vitória no rosto. – Estou morto.
- Isso é um fato.
- O que é um fato? – ele me olha confuso.
- Você realmente está morto. – digo sorrindo e Dorian passa a mão nos cabelos e se segura para não me devolver uma resposta inapropriada.
- Então por onde começ...
- Dorian. – eu grito, vendo ele escorregar morro a baixo, o chão está forrado de neve, com isso ele fica liso também. Escuto Dorian gritar e sumir do alcance de meus olhos, levanto vôo e vou rápido atrás dele, mas ele desapareceu.
- Dorian. – grito, mas não recebo retorno, começo a vasculhar a área e vejo uma leve queda de neve em um ponto mais ao norte, me aproximo e consigo ver um pequeno buraco, chego mais perto.
- Dorian. – digo ao vê-lo caído lá dentro, pulo e paro ao seu lado.- Dorian. – digo mexendo de leve seu braço.
- Agatha.. o que aconteceu? – ele se senta, passando a mão nas costas.
- Acho que você caiu, escorregou e caio aqui. – digo relembrando os fatos.
- Onde estamos? – olho ao redor e esta um pouco escuro, mas a luz que entra do buraco onde adentramos ajuda a identificar um pouco o local.
- Parece uma caverna ou túnel. – um grande corredor sem fim se estende dos nossos dois lados, parece que caímos no meio dele.
- Será que esse é o caminho para o livro? – Dorian se coloca de pé.
- Não sei, mas deveríamos investigar.
- Concordo. – ele me encara. – Eu ia sugerir nos se separamos, cada um vai para um lado, mas eu sinceramente, não quero ir sozinho.
- Está com medo? – Levanto uma das sobrancelhas.
- Não... só acho perigoso deixar você sozinha. – sorri de lado, não sei se isso é o real motivo ou se ele esta com medo e não admite, mas em todos os casos, prefiro ir com ele.
- Ok. Mas iremos por qual lado? – olho de um canto ao outro.
- Para cá. – Dorian aponta para a direita.
- Como sabe?
- Instinto. – dou de ombro e procuro na bolsa algo para iluminar o local, acho duas lanternas, entrego uma para ele e começamos a andar.
Tiro a espada do cinto e começo a andar com ela preparada para o ataque, Dorian faz o mesmo, afinal não temos ideia o que podemos encontrar.
A caverna tem um cheiro de mofo, como se o ar estivesse aqui parado a anos, as paredes são úmida, o piso é escorregadio e temos que caminhar com cuidado, já que o chão é bem desnivelado também.
A caverna parece que não ter fim e um pequeno córrego de água escorre pelo chão da dela.
- Estamos descendo. – digo e aponto para o sentido que a água corre.
- Parece que sim.
- Será que estamos no caminho certo?
- Vamos andar mais um pouco. – Dorian diz caminhando à minha frente.
O silêncio é inevitável, meu corpo todo esta em alerta, esperando o pior, escuto nossa respiração e algumas gotas de água que caem do teto.
Dorian para a minha frente, de forma que quase caio sobre ele, olho para ver o motivo e a caverna se abre, formando uma cúpula alta e imponente.
- Olhe. – ele diz e aponta para a frente, iluminando com a lanterna um buraco bem a frente de nós.
- Um precipício. – digo iluminando o grande buraco, a luz desaparece sem chegar a mostrar o final dele.
- Acho que estamos no centro.
- Sim... será que o livro esta lá?
- Vamos descobrir. – Dorian diz e se joga dentro do buraco, batendo as asas com força, sem pensar duas vezes me lanço atrás dele. Vôo um pouco mais atrás, ouço um barulho e Dorian bate em algo transparente, ele se estica todo passando a mão na testa, seu tombo foi igual ao mergulhar em uma piscina e dar de cara no fundo dela.
- Se machucou? – Paro ao seu lado.
- Isso doeu. – ele diz e um pouco de sangue escorre de sua testa.
- Deixa eu ver. – faço menção em tocá-lo no local, mas recua.
- Não foi nada.
- Mas está sangrando.
- Foi um corte superficial. – Dou de ombros, não entendendo a reação dele.
- O que é isso? – ele desvia nossa atenção para a grande parede transparente que se estende aos nossos pés.
- Parece uma parede de proteção. – digo, batendo o pé, para ver sua resistência.
- Parede de proteção? Isso é bom sinal. – Dorian sorri de lado.
- Não sei da onde.
- Para que serve as paredes de proteção?
- Para proteger algo. – digo meio desinteressada e olho para o chão. – Proteger. – sussurro para mim e encaro Dorian que esta pensando o mesmo que eu.
- O livro. – dissemos juntos.
- Mas como vamos atravessar? – Dorian diz e se inclina, tocando com a mão suja de sangue na parede de proteção. O piso começa a rachar e nos se entre olhamos.
- Mas como? – ele me olha confuso e olha para a mão.
- Sangue. – digo olhando sua mão.
- Sangue?
- Sim... o sangue quebrou o encanto, só pode ser isso, por que antes para você se levantar, usou as mãos, a única diferença é que ela estava limpa. – Dou um sorriso de vitória e o piso se estilhaça. Como já estávamos preparados, as asas já estavam batendo e não caímos como os estilhaços do piso.
- Vamos...sinto que estamos perto. – Dorian diz e começa a descer mais.
A caverna começa a ficar cada vez mais quente.
- Estamos indo para o inferno. – digo e Dorian ri.
- Não... acho que já passamos do inferno. – Arregalo os olhos e o calor aumenta mais, o suor escorre da testa e meu corpo começa a ficar mole.
- Dorian. – Ele para e me olha, se aproxima mais e pega em minha mão, não diz nada, mas só olha dentro dos meus olhos, como se quisesse me passar forças para continuar.
Déssemos mais e uma luz começa a aparecer, despertando nossa curiosidade, em questão de segundos tudo esta claro, o chão agora é visível, um chão de lava vulcânica, no centro um círculo de pedra com uma mesa.
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2Almas 1Coração (5/Romance/fantasia)
FantasíaSera que é possivel um demônio se apaixonar? afinal ele não tem "coração".. Mas se um anjo resolver entregar o seu para ele? Será que assim conseguirá amar? Dorian é o Príncipe do inferno, já Agatha é um anjo de Alto escalão... o que esses...