o nosso erro || l.t

20º Capítulo

Saí da sala com o meu passo apressado em direção ao auditório. Se ficasse mais um minuto lá dentro era capaz de mandar um belo e valente murro à cara de George que exagerou e ultrapassou todos os limites ao falar daquela maneira tão perversa de Vitória.

Entro no auditório e mando as minhas coisas para o chão com alguma força, de modo a descarregar, de certo modo, a minha raiva.

 Faltavam então 5 minutos para o início da minha primeira aula de Quinta-feira. Decido sentar-me nos bancos à frente do palco descansando a cabeça nas mãos que estavam apoiadas nos meus joelhos, fiquei nesta posição até ao som do toque e só depois é que levantei-me, agora mais calmo, e fui preencher o sumário que tinha planeado para esta aula. Minutos mais tarde os alunos entram equipados e, como sempre, dou-lhes cerca de 5 minutos para se acalmarem e falarem de tudo para que durante a aula estivessem mais atentos e concentrados na matéria que, para a sorte deles, era pouca ou quase nenhuma.

Enquanto fazia pequenas anotações para dar tempo dos 5 minutos, consigo detetar alguns múrmuros de algumas alunas. Estes múrmuros tinham um tema principal, o baile de máscaras ou então o baile de Carnaval. Falavam do fato que cada uma planeava usar, o modo que o seu cabelo ia-se personalizar, entre outros assuntos.

Até que decidem meter-me na pequena conversa delas e perguntam-me:

- O professor vai ao baile? – pergunta-me uma delas toda sorridente.

- Provavelmente não, mas quem sabe? – respondi rindo de leve e juntei-me mais ao grupo delas cruzando as pernas.

- Oh professor vá lá, vai ser divertido. O professor vai-se divertir, prometo. – deram todas uma pequena risada quando a tal aluna disse ‘’ professor vai-se divertir, prometo ‘’ e eu apenas fiquei a olhar-lhes um pouco confuso mas, para não ficar mal, mostro-lhes um pequeno riso.

- O baile deste ano vai prometer diversão total e além do mais faz-lhe bem descontrair um pouco – insistiu, deste vez, uma outra aluna.

- Talvez vá então. – um ligeiro sorriso formou-se nos meus lábios. Se ia? Não, muito provavelmente não, o baile era para os alunos e não para professores chatos como eu.

Chamo a atenção da restante turma e dou início à aula.

Passei a aula toda e o resto do dia a pensar se vou ou não ao tal baile, mas via-me um pouco dividido.

Por um lado, queria ir para poder distrair-me um pouco, relaxar do strees provocado pelo trabalho e divertir-me, tal como, nos meus tempos de estudante que agora vejo que foram a melhor época da minha vida.

Contrariamente ao que tinha dito antes, eu também estava a considerar no facto de não ir e ficar a ver um filme deitado na cama. E o quê que a Vitória iria pensar ao saber que também vou lá estar? Muito provavelmente vai ficar furiosa e vai começar a inventar ideias malucas a dizer que só a vou ‘’ espionar ‘’ ou algo do género.

Ás vezes, a Vitória consegue ser uma caixinha de supresas.

Com todos este pensamentos chego a casa e entro deparando-me com Edward e Vitória a descerem as escadas.

Franzo, de imediato, a sobrancelha ao vê-los e, pela reação deles, eles também não me esperavam em casa, pelo menos assim tão cedo.

- O que vem a ser isto? – pergunto-lhes encarando-os.

Tanto Edward como Vitória olharam-se entre si e não sabiam como responder. Claro que não sabem como responder. Quem sabe responder o que aconteceu nesta casa enquanto estive a trabalhar?

- Nada de especial, William. – noto que Vick  aproxima-se mais de Ed dando-lhe a mão sempre a olhar-me.

- Então expliquem-se. – pouso as chaves e volto a fintá-los.