—Uma petra tis órasis. —esclareceu uma rasgada voz, deixando ecoar no ar esvoaçantes farrapos. Sobressaltado,Kenta pegou na primeira coisa que a sua mão encontrou,colocou-a em riste e,de um salto,olhou em volta.
—Para trás!— bradou,não muito convencido. Imediatamente, uma mão envolta em panos arrebatou-lhe o pau em que pegava e atirou-o ao chão. Duas fendas olhavam-no.
—Ah! Queres brincar? Então vamos jogar à apanhada. Sou eu! —disse a voz,com uma alegria sinistra.
Kenta sentiu algo duro a bater-lhe na barriga, depois na cabeça e depois,o mais doloroso,no peito. Cerrou os dentes com uma súbita raiva. Tentou ver quem o enfrentava mas parecia que as sombras o acompanhavam. Precisava de mais luz. Agarrou o pau que pegara à pouco. Investiu às cegas,não se importando do que atingia. Não tirou proveito disso . A única coisa que que conseguiu foi cansar-se. Tentando identificar o seu oponente,Kenta procurou por uma fonte maior de luz,Kenta apalpou a parede até encontrar uma saliência. Premiu-a,um som de engrenagens ouviu-se e—percorrendo inúmeros canos de cobre— viu-se uma fina e quente camada de vapor. Seguindo os tubos com o olhar,viu que iam dar a várias candeias que se acenderam instantaneamente. O homem levantou-se e Kenta finalmente viu-o com um horror mudo estampado na cara. Não era humano de todo,tinha um pescoço comprido e cheio de escamas que atrás se alongavam,formando as suas costas curvas. As pernas eram flácidas,como caudas de cobra(não sei como se aguentava de pé),ao invés de serem firmes. Mas o que mais o horrorizava era a cara. Os olhos pareciam dois buracos negros e em vez de reflectir luz emanavam escuridão. A boca caía para a frente,como um bico. O cabelo era sebento e formava uma espiral.
Para sua surpresa o bicho percorreu a sala,destruiu uma vitrina e levou um cajado com uma escrita igual à que vira lá em cima. Ergueu-a acima da cabeça e disse:
— Através do espaço e do tempo penetrarei e comigo este ceptro levarei.
Então o ceptro implodiu para um ponto no espaço e em breve o bicho também. Kenta sentia-se abismado. Um sentimento de alarme invadiu-o e virou-se para trás,o onde e deveriam estar as escadas. Mas não. O que encontrou não foram as escadas. Foi um corredor escuro,onde todas as sombras insinuavam terror no coração do mais valente dos guerreiros.
