O Preço da Beleza

217 10 45
                                    

Setembro de 2015

É mais um dia como qualquer outro em minha vida. Hoje é o dia do concurso de Misses de meu estado, Ceará, eu sinceramente, não estou afim de participar.

Meu corpo dói, ele está frágil, sensível ao toque. Minha mãe me colocou em uma dieta louca, ela diz que preciso ganhar essa coroa, preciso honrar as gerações de nossa família que sempre foram lindas e perfeitas.

-- Brena, está na hora meu amor, tome um banho, eu já separei sua roupa, minha filha com certeza ira ganhar esse concurso -- ouço minha mãe me chamando no corredor, nego com a cabeça e caminho até meu espelho, eu estava abatida, os sinais em meu rosto sinalizam que não estou bem, mas o que importa? A coroa. Preciso honrar minha família.

É isso realmente que eu penso, ou esses pensamentos foram colocados por minha mãe? Bem, não sei.

Saio do quarto após o banho, enrolada na toalha, exalando meus hidratantes. Vou até o quarto extra onde ficam minhas roupas dos concursos, minhas maquiagens e tudo que poder imaginar.

-- Olha filha, não é lindo? -- Perguntou minha mãe me mostrando um vestido longo, verde com pedras brilhantes por todo seu caimento. Assinto fraco, sento na penteadeira e começo a pentear meus fios loiros.

-- O que você tem filha? Está calada hoje! Não me venha com moleza viu, você precisa ir a esse concurso -- disse minha mãe, assinto novamente, não estou afim de conversar, não consigo sorrir, não consigo andar, pensar, ou qualquer outra coisa que force movimentos vindos de mim mesma.

Levanto em silêncio, pego minha roupa, um salto vermelho, com uma calça jeans preta lisa e uma blusa rendada branca. Faço minha maquiagem nudes e suspiro. -- Estou pronta, vou ganhar essa coroa.

Pego minhas bolsa e sem tomar meus remédios e nem tomar café, dirijo-me​ ao concurso.

◊ ◊ ◊ ◊ ◊ ◊ ◊ ◊ ◊ ◊ ◊ ◊ ◊ ◊ ◊ ◊ ◊ ◊ ◊ ◊ ◊ ◊ ◊

As meninas estão agitadas, todas eufóricas, mas eu? Não me importo, quero ganhar isso e ir para casa com minha coroa, comer brigadeiro até criar espinhas, me entupir de nutella, o chocolate dos deuses.

-- Oii Brena, que saudades amiga. -- Taise veio falar comigo, ela era minha concorrente, uma menina da pele mulata, cabelos altos, volumosos e brilhosos. Um sorriso lindo no rosto, realmente, se eu fosse jurada, essa sem dúvidas ganharia o prêmio.

-- Olá cara Taise, quanto tempo, não? -- Sorrio de forma ponderada. Trocamos algumas palavras quando sou puxada por minha mãe, esta na hora de me arrumar, aceno para a menina e entro em meu camarim.

Fecho os olhos ouvindo minha mãe tagarelando o quanto está feliz por eu ser a próxima na família a receber a coroa, e depois de mim, seria minha filha.

Eu juro, por tudo que é mais sagrado, eu nunca faria isso com minha filha, jamais, ela vai ter sua vida, brincar, comer, o que quiser, eu realmente não vou me importa, mas de uma coisa eu sei, ela nunca, vai passar pelo que eu passei.

Penso comigo mesma, abro os olhos vendo minha maquiagem. Estou deslumbrante, digna de contos de fadas.

Ouço a voz do locutor, o concurso vai começar em instantes, entro no provador e me troco, vermelho era minha cor, sempre era.

Caminho rapidamente para a entrada do palco, nos organizo e espero sermos chamadas.

Uma a uma as meninas saem andando e sendo anunciadas.

-- Egle Cristina, Taise Luise, Ana Beatriz, Beatriz Coutinho, Amanda Gomes, Daiane Santos, Gabriela Palácio, Letícia Vitoria, Katlin Caroline, Raquel Oliveira, Brena Miranda.

Minhas One ShotsOnde histórias criam vida. Descubra agora