A Troca-Livro 3

PRÓLOGO

QUATRO MESES DEPOIS.

— Encosta! Encosta! Encosta!

— Porra! Que susto! Encostar para quê? O que é?

—Encosta o carro, Salik!

Meu amigo freou bruscamente e só deu tempo de eu proteger o rosto do impacto. Fui jogado contra o banco da frente. Eu deslizei para trás arrumando o corpo no acento e voltei toda a atenção para o vídeo na tela do celular do Patrick.

— Cara! Tudo isso por que a Claire está grávida? Imagina se fosse...

— É a Donna! — Interrompi o Patrick.

— Como é? — Meus dois melhores amigos viraram o corpo para trás ao mesmo tempo quase colidindo as cabeças.

— Espera! Respira! — Foi Salik a subir e descer a mão no gesto mundial de pedir calma. Ele desafivelou o cinto de segurança para mover-se com mais agilidade. — Agora, devagar, do que está falando?

— É... É a Donna. Esta aqui é a Donna. — Apontei vigorosamente a tela do celular. — É ela, não a Claire! Olha! — Eles jamais poderiam fixar o olhar na imagem que eu estendi porque minha mão tremia incontrolavelmente.

— Não! É a Claire! A legenda diz que é a gêmea boa. Eu vi o vídeo ontem à noite e achei que você já sabia por isso te perguntei. — Patrick começava a ficar nervoso com meu olhar e a respiração acelerada dentro do carro.

— Não é a Claire nesse vídeo. É a Donna!

— Que loucura é essa porra?! — Patrick desceu do carro pela calçada. Ele abriu a porta de trás e empurrou meu ombro para que eu desse espaço a ele. E se jogou no banco ao meu lado. Meu amigo arrancou o celular da minha mão.

Eu cobri o rosto e debrucei sobre as pernas, buscando o ar em desespero.

— Mas ela é loira! — seu argumento fraco me arrancou um suspiro angustiado.

— Pelo amor de Deus, Taylor. Que insanidade é essa? Olha aqui!

Ergui o corpo e tirei o celular da sua mão. Arrastei o cursor do vídeo até o ponto crucial da minha descoberta e parei antes de apertar o play, olhando aflito de um para o outro:

— Lembra que eu disse que a Donna e a Claire tem um jeito diferente de colocar o cabelo atrás da orelha. — Eles se entreolharam e concordaram.

— E daí? — Salik questionou ansioso.

— Pois, essa é a Donna!

Cobri a boca com a mão livre e trêmula enquanto o Salik segurava o celular com cuidado como se ele fosse arrancar sua mão fora. Angustiado. Patrick ajudou o amigo a estabilizar o aparelho de um jeito que os dois vissem a imagem. Eles se entreolharam aflitos. E fixaram o olhar novamente em mim. Tentando descobrir um modo de me fazer engoli a certeza.

Eu estava quase curado. E como eu queria estar errado.

— Tay, isso não quer dizer nada, pelo amor de Deus. Elas são gêmeas idênticas. O que uma faz a outra... — Patrick silenciou e soltou o aparelho. Desistindo com o meu olhar insano. Salik comprometido em me fazer voltar a sanidade de dois minutos atrás, quando ríamos das babaquices dos amigos em comum, voltou o vídeo novamente ao ponto que sinalizei.

E novamente.

E novamente.

E me olhou contagiado finalmente pelo meu desespero.

— É ela! — Sacudi vigorosamente a cabeça. E encarei os meus dois melhores amigos. — É a Donna. Grávida!

Eu tinha um zunido em meu ouvido desde que atentei ao gesto banal que diferenciava as duas meninas iguais no vídeo que ela aparecia acompanhada de um homem desconhecido. A legenda dava como certo que Claire Carter, a gêmea boa, estava esperando um filho. Bastou que eu feliz, fixasse atendo a imagem da minha querida amiga e fã para que tivesse certeza de que o paparazzi estava enganado: a Gêmea que estava grávida era a má, não a boa. E o zunido aumentava. Devia ser algum sinal de que eu desmaiaria ou qualquer porra daquelas.

— Espera! Vamos raciocinar. Vamos então trabalhar com a possibilidade de ser a Donna e de que ela esteja grávida. Não quer dizer que essa criança seja sua.

— É meu! É a única explicação.

— Explicação? Explicação de quê? — Salik perguntou aflito.

— Do afastamento de todos, seus familiares e amigos. Eles estão me escondendo gravidez dela.

Cristo do céu!

— O que eu faço? Para onde...?

— Minha casa Salik! — A voz foi ouvida longe. Enquanto o zunido aumentava. Com o olhar enevoado pela aflição, cobri-os. — Vai! —Gritei.