A Briga

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A princípio não consigo distinguir o que eles dizem aos gritos. Depois entendo algo sobre trabalhar demais, a nova vizinha do andar de baixo e o pôquer de quarta a noite. Os dois parecem furiosos e vejo lágrimas brotando nos olhos da Anna.

"Será que dessa vez eles estão se separando?"

Vou para baixo da mesa a fim de dar espaço para que eles se expressem, os humanos gostam de falar com o corpo todo. Ela reclama do horário em que ele chegou em casa, ele diz que da próxima vez nem volta.

Conforme a briga vai esquentando fico alerta, Anna pode precisar de mim como na última discussão. O Rafael é quem me leva para passear todo dia, mas não me engana. Sei que ele passa as noites de quarta-feira na casa da vizinha porque quando ele chega de madrugada consigo sentir o cheiro da poodle dela, Francesca. E assim como as amigas da Anna, me preocupo com o comportamento agressivo que ele tem de vez em quando.

Por isso, quando Rafael, com as mãos erguidas e cheio de raiva, se aproxima dela decido intervir: lato alto, fazendo-o recuar com o susto. Isso dá a Anna tempo de criar coragem para enfim colocá-lo pra fora. Quando a porta da frente bate, subo no sofá e me junto a ela. Finalmente nos livramos daquele animal imundo.

O Cachorro que Mora em CasaOnde histórias criam vida. Descubra agora