Alguém salve aquele italiano

1 - O REENCONTRO

Todos adoram uma boa festa. Principalmente uma que tenha comida de verdade, bebida a vontade e uma pista de dança pra se esbaldar. O que não era o caso da festa em que eu estava. Riquinhos pançudos e mulheres arrogantes com trezentos quilates pendurados no pescoço não eram minha ideia perfeita de festa.

― Diga-me novamente por que estamos nessa festa, Mike.

Michael Reymond era meu assistente pessoal desde o dia em que fundei a minha empresa de cosméticos naturais, (e por empresa quis dizer loja). Ele era dos Estados Unidos e estava na mesma turma de administração empresarial da universidade do Texas que eu. Bom, eu desisti para seguir carreira nos cosméticos, e ele, concluiu o curso, mas precisava de um emprego. Mike ficou muito feliz com a proposta e desde então ele me ajudava em tudo, porem não entendi por que ele aceitou o convite pra festa.

― Pâmela querida, não está vendo como essa festa está cheia de patrocinadores em potencial?

― Estou vendo é como aquele senador famoso está caindo de boca naquela ruiva de farmácia.  ― Balancei a cabeça em decepção.   ― Sério. Ainda não entendi o propósito desta festa.

― Estamos em um jantar beneficente que reúne os maiores empresários do estado. Eu tive que vender um irmão meu pra conseguir lugares nesta festa. 

Olhei pra ele.

ㅡ Então você vendeu seu irmão atoa porque essa festa está um horror. - respondi secamente.

Ele fez uma careta pra mim.

ㅡ Tive a melhor das intenções. Não tenho culpa se você é puritana demais.

Estreitei os olhos pra ele.

― Não se esqueça que sou quem paga seu salário.

ㅡ E é exatamente por isso que estamos aqui. Se encontramos a pessoa certa, podemos fechar uma parceria milionária.

Cruzei os braços e parei pra pensar na situação. O nojo pela extravagância soberba do lugar me fez fechar os olhos para o verdadeiro objetivo, crescer.
Talvez aquela pudesse ser a minha chance de finalmente ser alguém. De provar para minha madrasta que eu não sou um ninguém. 

ㅡVocê venceu Michael. Vou tentar me enturmar. ㅡ Levantei a mão antes que ele pudesse falar.ㅡMas... não prometo nada.

ㅡ Já é um começo.
 
Conversei com vários empresários enfadonhos e mulheres dispostas a tudo, eu disse tudo, por dinheiro. Um velho malicioso chegou a fazer uma proposta indecente que me recusaria a repetir em voz alta. Uma mulher chamada Carla Leviana(sim Leviana) disse que  Se eu caçasse o homem certo, nunca mais precisaria trabalhar. Tentei não fazer caretas, mas foi uma causa perdida.

Naveguei através do mar de pessoas tentando encontrar um motivo pra continuar gastando meu vestido tubinho vermelho abaixo do joelho, com pessoas fúteis, infiéis e prepotentes que não tinham um pingo de amor ao próximo.

Me aproximei da minha mesa para sentar e descansar quando ouvi uma voz que mudaria minha noite para sempre.

ㅡ Exatamente quem eu estava procurando.

Não pode ser. É só impressão minha.

ㅡ Não vai falar nada?

Aí cacete. A voz ainda ta aqui. Talvez se eu ficar imóvel ela suma.

ㅡIsso é falta de educação, sabia?

Não tinha outra opção a não  ser responder.

ㅡ Oi, Pedro. - disse resignada.

Pedro-ex-cunhado-vassourinha-humilhador de pessoas-irresponsável- Campanaro. O pesadelo da minha existência. O cara que sozinho conseguiu destruir o coração de minhas três irmãs e ainda vira-las contra mim. Bonito, mas também podre por dentro. Achei que nunca iria vê-lo e depois de 6 anos o diabo reaparece.