Ansiedade

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    Eu podia sentir meu estômago revirando e a ansiedade em meu peito, minhas mãos estavam tremendo de leve, enquanto batiam a caneta no caderno repetidamente. A professora estava falando, mas eu não a escutava, já tinha o suficiente em minha cabeça, que trabalhava em possíveis situações horríveis que poderiam acontecer hoje, e a única coisa que me fez despertar do transe foi o sinal da escola, sinalizando o final das aulas. Eu levantei da cadeira apressada  juntando meus materiais na mochila, e senti sua mão no meu ombro. Ele era um pouco mais alto do que eu, o que fazia com que eu sentisse seu coração quando o abraçava, seus cabelos negros bagunçados e seu olhar de ansioso me fitavam com dúvida. Balancei a cabeça e voltei a realidade, apoiei a mochila no ombro e saímos da sala abraçados, como de costume. 

Fomos para nosso canto da escola, uma rampa onde os alunos que não eram do terceiro ano não podiam ficar, o que nos trazia privacidade e silêncio para conversarmos. Quando sentamos ele foi o primeiro a falar:

   - Você tem certeza? Está com uma cara estranha, tudo bem se não estiver pronta ainda, eu sei que...

  - Não - interrompi - está tudo bem, eu estou pronta, quero fazer isso com você, e hoje. - ele respondeu com um sorriso - só estou um pouco ansiosa e cheia de coisas na cabeça.

  - É... eu também, sabe, eu estava lendo bastante sobre isso e acho que já sei como funciona tudo "aquilo" - disse fazendo uma careta, me roubando uma risada - e eu trouxe duas por precaução - e colocou as mãos no bolso da jaqueta, tornando possível ouvir o barulho de duas embalagens de plástico, os preservativos. 

  - Eu não acho que você aguenta tanto assim - falei, fazendo com que nós dois ríssemos alto - mas então - e tomei o tom sério de novo - você tem certeza que sua mãe, nem ninguém vai estar em casa? Eu já falei com a minha, ela acha que vou fazer trabalho na casa da Thaíssa. 

  - Absoluta, ela falou que só voltava quinta, e as minhas irmãs estão ficando na casa da minha avó, então não tem risco nenhum. 

  - Okay, e vamos pra sua casa como? Eu acho que tenho duas passagens aqui... - disse enquanto remexia minha bolsa procurando por passes de ônibus.

  - Não precisa, eu já chamei um Uber, vamos sem se preocupar e nem ter que pegar ônibus fedido. 

 - Certo! 

Quando terminei a frase foi o momento do sinal tocar novamente, sinalizando a saída dos alunos. Fomos até o portão e esperamos alguns minutos até nosso Uber chegar, depois entramos no carro. Foi uma viagem calma e não falamos muito com o motorista, pouco tempo depois chegamos na casa dele. Meu estômago revirava de ansiedade, enquanto eu me concentrava em ficar calma. Saímos do carro e ele abriu a porta da frente, revelando seu quintal e logo depois, o interior de sua casa.  Havíamos combinado que ele esperaria no quarto enquanto eu tomava banho, e vice-e-versa, para não ficarmos com cheiro de quem acabou de chegar da escola. Sendo assim, ele foi direto para o quarto, depois de me mostrar o caminho do banheiro e me emprestar uma de suas toalhas. Foi estranho tomar banho na casa dele, por isso não demorei mais do que cinco minutos, e quando cheguei em seu quarto ele já estava com toalhas em mãos, preparado para ir se lavar. Eu deitei na cama, e senti o colchão macio me abraçando, saquei o celular do bolso e comecei a descer a time line do Facebook , tentando me acalmar e entrar "no clima". 



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