Semana de Dois Meses

~01~

                               
  Essa história, Minha história, começa em apenas um dos vários Bares tipo ingleses, não sei se digo por piada, na França. Quando estava com três amigos, e fui abandonado semi-bêbado na mesa porque concordaram que a França tinha muito mais a oferecer que apenas encher a cara.
  -Senhores, melhor a gente ir embora, a agência nem sabe que saímos, pode dar problema depois.
  Fracos, Ou seria eu? Bom , esquecido naquela mesa de bar passo a ver o volume constante de pessoas . É engraçado pensar as coisa que aprendemos vendo  o mundo que nos cerca, ou os riscos idiotas desse lugar, quase apanhei de um sujeito que bolou porque acabei focando em uma tigela de amendoins, os amendoins DELE. Nunca mais menosprezo os perigos e da onde podem surgir , como eu poderia contar a história do dia em que apanhei por causa de amendoins?
  Não sei quanto tempo fiquei lá sem os caras, alguns minutos, horas, poderiam falar dias e eu acreditaria, o mundo tem um tempo diferente quando se está focado em tigelas de amendoins.
  E então ela apareceu, não conseguia entender a razão por ter me chamado tanta atenção, era uma mulher mediana, com cabelo mediano, e rosto mediano, não menos bonita por causa disso. Mas me perdi quando cheguei nos olhos , aquele castanho me condicionava a um estado de hipnotize, mas infelizmente ela não veio para a minha mesa. Ela vai até o balcão, pede um drink e espera. Fiquei me perguntando se estaria esperando alguém , um amigo, um namorado talvez. Ela ficou oque imagino serem horas, ela virou meus amendoins, até que toca o sino de última rodada.
  Quanto tempo eu fiquei aqui?- eu me lembro de ter perguntado.
  Enquanto todos iam embora, ela ficou, e como pode imaginar, sua sombra também, até que o inesperado aconteceu. Quando restavamos apenas nós dois sozinhos, o bartender estava com amigos na mesa do canto,ela se vira para mim. Se ela tivesse uma arma não teria conseguido me deixar tão sem ar quanto aqueles olhos me fuzilando, apesar da intensidade não havia significado naquilo, pelo menos até que ela sorriu .
  Acho que nunca tinha me sentido mais perdido na minha vida. Não sei se estava suficientemente sóbrio (ou bêbado) para ir falar com ela. Mas era irresistível, a força daquele olhar , a ponte do sorriso que me guiava até ela. Mas poderia ter uma grande muralha, ela fala minha língua?
  Vim parar aqui na terra do baguete esperando encontrar algo que eu tinha perdido, foi difícil achar forças para levantar do meu sofá e sair do meu videogame (não me julguem). Mas lá estava eu, meus únicos amigos haviam me abandonado e imagino que dê para imaginar que só um de nós falavamos aquela maldita língua. De nada adiantaria ir falar com ela, na primeira pergunta dela eu responderia croissant ou bière que são fundamentalmente as únicas coisas de francês que sei até hoje. 
  Nada disso importa. Não pensei absolutamente nada disso naquele momento, não é como se existisse algum mundo fora o sorriso dela.
Eu não sabia naquele momento, mas nascia uma lenda, uma marca que me queima até hoje.
  Eu sorri de volta.