Quarto Capítulo: A sobrevivente

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A cidade de Nagasaki foi bombardeada pelos americanos três dias depois de Hiroshima, por uma bomba atômica bem mais forte e potente que a primeira, mas contrariando todas as possibilidades eu continuava viva, fui descobrir anos mais tarde que a bomba caiu num campo de tênis ao lado de uma fábrica, todas as pessoas que estavam no raio de 2 quilômetros desapareceram na hora e as que estavam um pouco mais distantes sofreram lesões severas e morreram dias depois.

Eu tive a sorte de estar alguns quilômetros desse local e por esse motivo consegui sobreviver mais uma vez, ainda sem nenhum ferimento grave, apenas pequenas escoriações pelo corpo.

Se antes eu tinha pacientes para cuidar agora eu não tinha tempo nem para dormir, fiz o que podia e cuidei com empenho e dedicação de todas elas, até que a dor era tamanha que eles acabavam morrendo.

Anoiteceu e amanheceu e eu continue nesse ritmo alucinante, até que não aguentei mais e também cai na cama fraca, provavelmente devido a exposição radioativa, tive febre alta e fortes dores de cabeça pensei que não fosse sobreviver, mas novamente a vida me surpreendeu e alguns meses depois eu já estava bem de saúde, foi um tratamento lento, fiquei tão fraca que demorei semanas para conseguir me locomover sozinha.

Quando já estava plenamente estabelecida tentei procurar por Lorenzo, mas as informações que eu tinha sobre ele eram poucas e muita coisa ficou destruída, tornando quase impossível encontrar alguém, mas eu sabia que ele estava em Hiroshima no dia e na hora exata da explosão da bomba. E isso não me deixava tranquila, pois eu precisava saber o que de fato aconteceu com a única pessoa que se importava comigo.

Após os dois ataques os sobreviventes ficaram conhecidos como "Hibakusha", éramos testados e examinados como animais por médicos e cientistas de diferentes países, inclusive os americanos. Todos queriam descobrir os efeitos de uma bomba nuclear no corpo do ser humano, fizeram testes e mais testes comigo e outros sobreviventes, eu tinha até uma carteirinha que me identificava.

Além disso, os próprios japoneses começaram a discriminar os sobreviventes, as famílias que não foram expostas as radiações não queriam ser relacionar com os "Hibakushas", por isso cada dia que passava eu me sentia ainda mais sozinha e vulnerável. Meu corpo estava curado, no entanto a minha alma gritava por ajuda, apesar de sobreviver, não fui tratada com respeito no meu país e como não tinha mais nenhuma família aqui, decidi partir para o único país que me aceitou naquele momento tão triste da minha vida, o Brasil.

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Confesso que chorei escrevendo esse capítulo, foi muito triste...

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