Pascoa = Stress

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8 De Abril, Domingo de Páscoa      (Stress)

Hoje será impossível sair quer eu queira quer não, primeiro porque é Pascoa e estamos todos da família reunidos, incluindo o meu tio Juvenal que gosta de contar piadas e está sempre a perguntar pelos sobrinhos quando não os está a ver mesmo sabendo que estão noutro compartimento da casa. Mal saio da sala para ir a casa de banho, lá está ele a perguntar por mim. A verdade é que apesar de ser chato é muito divertido, parece ser um homem que vive muito por causa de cada história que conta cheio de alegria. Se eu conseguisse falar como ele quando fosse entregar algum trabalho da escola, certamente teria futuro até para a política.

            Não vou falar com o Saul e espero que não se chateie comigo.

-Jéssica o teu telemóvel está a tocar! – Grita a minha irmã desde a sala enquanto vou a cozinha para buscar um copo de água.

“Só pode ser o Fred”, pensei e errei, era uma amiga minha de Portugal. Afinal alguém lembra-se de mim. Fiquei contente por ter falado com a Ana Rute, a minha melhor amiga de Portugal. Queria tanto que ela estivesse aqui. Podíamos ser sempre só nós as duas numa tarde sem nada para fazer, mas as nossas conversas que surgiam, nem nós sabemos como, faziam com que as passássemos bem e sem sentir falta de nada nem ninguém. Foi mais uma irmã que a vida me ofereceu. Deito uma lágrima quando termino de saber que ela esta bem e cheia de saudades quando tinha levado a semana toda a pensar que ninguém se preocupava comigo.

Fui a casa de banho e outra vez a minha irmã grita por mim. O telémovel estava a tocar outra vez. “Porra, só toca quando eu não estou pendente dele!?” desta vez era o João e o dia não podia estar a ser melhor com todas estas chamadas.

 É incrível como não consigo deixar de me emocionar cada vez que falo com ele ao telemóvel. Tenho tantas, mas tantas saudades! Lembro-me de quando falávamos frente a frente e de minuto em minuto tinha a sua mão a acariciar-me o rosto e terminando por passar as costas do dedo indicador pelo canto da minha boca como se estivesse limpando ou retocando a maquilhagem que eu nunca levo. A princípio sentia um certo complexo, mas com o tempo fui me habituando, tanto que agora sinto falta.

Ele é diferente de todos os rapazes que já conheci. É tão especial. Emocionava-me quando o apresentava a alguém (amigo ou familiar) e diziam-me que ele era um bom rapaz e que eu não podia deixá-lo escapar. Ele é o príncipe com que todas as raparigas sonhavam ter e eu sem sonhar tinha. Como posso explicar mais? Nada iria para ele sem passar por mim. Se fazia frio e algum de nós tivesse de se aquecer que me aquecesse eu primeiro. Fossem que horas fossem, era impossível que ele se fosse deitar sem me telefonar para saber como eu estava, para me despedir e dizer que me amava. Ele dava-me sem eu lhe dar, praticamente nada, em troca. Namorava-mos mas acima de tudo eramos amigos. Adorava quando me dava conselhos e apesar de ser apenas dois anos mais velho que eu, dava-me exemplos de experiencias que já havia tido. E quando falava de mim em frente aos seus amigos, mostrando o quão importante eu era para ele, dava-me uma vontade de abraça-lo e leva-lo para um sítio onde eu o pudesse ter bem conservado. Apesar da minha infantilidade durante a nossa relação eu sempre o quis muito, só não sabia demonstrar do mesmo modo que ele me demonstrava a mim. Eu tinha raiva da minha frieza frente aos sentimentos que ele abdicava para mim.

São já oito horas da noite e temos, como todos os anos, de ir ver um filme de Jesús Cristo.

Já tenho sono e são apenas nove e cinco. Não me vou deitar, tenho de esperar que o tio e as primas se vaiam.

São já uma da manha e o tio e as primas estão a sair de casa.

B.C: Este ano, por sorte, a Páscoa não foi tão má como costumava ser. Quem sabe pelo número de filmes de Jesus que já vimos em família Ele decidiu dar-nos uma bênção.  

O meu último pensamento hoje é o Fred, porque estou desejosa de poder dar-lhe todo o amor que ele merece!

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